O ‘Negrinho do Pastoreio’ é uma
lenda brasileira do século XIX, de origem afro-cristã, muito contada pelos
defensores do fim da escravidão. A lenda é popular principalmente na região Sul
do país.
Na versão escrita pelo gaúcho
João Simões Lopes Neto (autor das obras ‘Contos Gauchescos’ de 1912 e ‘Lendas
do Sul’ de 1913), o protagonista é um pequeno escravo, que trabalhava para um
fazendeiro perverso. Por não ter nem padrinhos e nem nome, o garoto se dizia
afilhado da Virgem Maria e era conhecido como Negrinho.
A lenda
Na época da escravidão, havia um
fazendeiro no Rio Grande do Sul muito conhecido pela maldade com que lidava com
seus peões e escravos. Entre eles, estava o Negrinho do Pastoreio, um garoto
de 14 anos. Certo dia, ele apostou um grande valor (mil onças de ouro) em uma
corrida a cavalo de 60 braças (132 metros) com outro estancieiro. Como o
Negrinho foi colocado como cavaleiro de um baio muito veloz, a vitória estava
praticamente garantida. Porém, durante a competição, o baio se deparou com uma
cobra na estrada enquanto liderava a corrida. Isso fez com que o cavalo se
assustasse e empinasse, derrubando o Negrinho ao solo.
Com a perda da corrida, Negrinho
foi cruelmente punido pelo estancieiro, recebendo chibatadas e sendo colocado
para tomar conta de 30 cavalos no meio de uma mata durante uma fria noite de
inverno. Com muito medo e frio, o Negrinho apenas conseguia rezar para sua
madrinha. Sem perceber, caiu no sono não se dando conta que o cavalo baio adentrava
a mata fechada e acabou se perdendo. Dessa forma, ele foi novamente castigado
fisicamente pelo fazendeiro que berrava: "Você vai me dar conta do baio,
ou verá o que acontece!".
Após muita procura, alguns
relatos indicam que o Negrinho não conseguiu localizar o baio, enquanto outros
contam que o garoto conseguiu encontra-lo e o laçou. Considerando a versão que
ele encontra o cavalo, a estória prossegue narrando que, durante o caminho, a
corda se rompeu e o animal fugiu novamente para a mata. Sendo assim, mais uma
vez, o pequeno escravo foi castigado com chibatadas e deixado na mata para
tomar conta da tropa. Não aguentando de cansaço e dor, o Negrinho dormiu outra
vez e não percebeu a fuga desta vez não só de um, mas de todos os cavalos. Após
o estancieiro chegar à mata e perceber a ausência de seus animais, voltou a
agredir severamente o negrinho e o jogou sobre um formigueiro totalmente nu. O
estanceiro partiu enquanto as formigas cobriam todo o corpo do garoto e
começavam a devorá-lo.
Três dias se passaram desde esse
incidente e, o fazendeiro continuava a explorar a área a procura de seus
cavalos. Foi então que para sua surpresa, ele viu o Negrinho em pé, com a pele
lisa, removendo as últimas formigas do seu corpo. Atrás do garoto podiam-se ver
todos os cavalos pastando calmamente, e à sua frente estava uma mulher branca
usando um longo manto e véu. Imediatamente o fazendeiro se deu conta que aquela
era a Virgem Maria e se jogou aos pés do Negrinho lhe pedindo desculpas. O
pequeno escravo nada falou, apenas beijou as mãos de Nossa Senhora, montou o baio
e saiu de lá, sendo seguido por todos os cavalos.
Como entrar em contato com o Negrinho do pastoreio?
A partir do ocorrido, várias
pessoas como tropeiros, andarilhos, mascates e carreteiros da região relatam
ter visto tropas de cavalos tordilhos tocados pelo Negrinho que montava um
animal baio. Além disso, o Negrinho sempre ajuda alguém que esteja perdido ou
que perca algo na mata, desde que essa pessoa seja cristã e acenda uma vela
e/ou leve uma flor, deixando-as em um mourão, galho de árvore ou próximo a um
formigueiro enquanto diz: "Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu
perdi... Foi por aí que eu perdi...". Dessa forma, o Negrinho aparece entregando
o objeto perdido ou mostrando a direção e recolhe as velas e flores levando-as
para o altar de sua madrinha. Se o Negrinho não achar o objeto, desista!
Ninguém mais conseguirá encontra-lo. Nem mesmo o saci!
O Negrinho do Pastoreio é um saci?
Ambos os personagens apresentam
algumas semelhanças como o habitat (matas e áreas rurais), são garotos negros
que podem estar montados em cavalos e ajudam as pessoas a encontrar objetos
perdidos. O próprio Barbosa Rodrigues, famoso folclorista brasileiro, menciona
que os dois seres são símiles. Mas as semelhanças param por ai. Além do saci
ter várias particularidades que o difere do Negrinho (falta de uma perna, mãos
furadas, criador de redemoinhos), este não está associado ao conceito cristão.
Basta lembrar-nos que, ao invés de rosas e velas que seriam destinadas à
Virgem, o saci pede ovos frescos em benefício próprio em troca do objeto
perdido. Se ainda considerarmos o comportamento habitual do saci, a diferença
entre os dois se torna ainda mais significativa.
Mídia
No livro de Clarice Lispector
intitulado como ‘Como Nasceram as Estrelas’, são abordadas várias lendas, entre
elas, a história ‘O Negrinho do Pastoreio’. Diferente da lenda descrita
inicialmente por João Simões Lopes Neto, na versão de Lispector, que tinha um público-alvo
infanto-juvenil, a narração foi mais branda. Isso foi necessário uma vez que a
lenda original possui muitas cenas fortes. Assim como esses contos, a lenda
gaúcha possui algumas adaptações que abordam a história de forma branda e
bastante lúdica, em formato de livro infantil ou história em quadrinho. Segue esse
mesmo modelo as obras ‘Lendas Brasileiras da Turma da Mônica’ (Editora Girassol)
e ‘Coleção Folclore Mágico’ (editora Ciranda Cultural). Nessas adaptações
infantis os castigos aplicados pelo fazendeiro são bem menos violentos e as
formigas são amigas do Negrinho. Em muitos dos contos, o filho do estancieiro é
o principal responsável pelos infortúnios ocorridos com o Negrinho. Nesse caso,
o garoto era responsável pela fuga dos cavalos na mata, e ia rapidamente ao
encontro do pai para culpar o pequeno escravo.
Em 1973, o conto do Negrinho presente
na obra de Lopes Neto (‘Lendas do Sul’) foi adaptado em um filme chamado ‘O
Negrinho do Pastoreio’ dirigido por Antônio Augusto da Silva Fagundes.
A lenda do Negrinho do Pastoreio
também foi contada na forma de música de mesmo nome, interpretada por diversos
artistas tais como Barbosa Lessa, Liu e Léu, Kleiton e Kledir, Inezita Barroso,
Joca Martins, Jayme Caetano Braun entre outros. Confira a letra da canção e uma
das performances abaixo:
Negrinho do Pastoreio
Negrinho do Pastoreio
Acendo esta vela pra ti
E peço que me devolvas
A querência que eu perdi
Negrinho do pastoreio
Traze a mim o meu rincão
Eu te acendo esta velinha
Nela está meu coração
Quero ver meu lindo pago
Coloreado de pitanga
Quero ver a gaúchinha
A brincar n'água da sanga
Quero trotear pelas coxilhas
Respirando a liberdade
Que eu perdi naquele dia
Que me embretei na cidade
Negrinho do pastoreio
Acendo esta vela pra ti
E peço que me devolvas
A querência que eu perdi
Negrinho do pastoreio
Traze a mim o meu rincão
A velinha está queimando
Aquecendo a tradição
Lendas parecidas
Na Argentina, existe um
personagem folclórico que apresenta muitas semelhanças com o Negrinho do
Pastoreio. Seu nome é ‘El Quemadito’ e sua história teve início durante a
guerra civil ocorrida em 1830. Confira abaixo de forma resumida a lenda do ‘El
Quemadito’:
Durante a feroz luta entre
unitários e federais, José María Paz (comandante das forças Unitárias) aprisionou
um homem chamado José Carrizo. Embora eles achassem que Carrizo fosse um
rastreador de abelhas negras que fabricam um delicioso mel, o coronel Mariano
Acha o acusou de ser espião de Facundo Quiroga (comandante das forças federais
chamadas ‘Tigre de los Llanos). Por conta disso, Carrizo foi queimado em na
fogueira e seus restos mortais foram enterrado em uma cova marcada por uma cruz
de madeira. Desde então, relatos indicam que ‘El Quemadito’ possui poderes
mágicos e aparece nesse local. Muitos populares vão até sua cruz acender velas
e segundo a lenda, ‘El Quemadito’ sempre os ajuda a encontrar animais perdidos.
Domingo, 11 de maio de 1975. O
jornal ‘Notícias Populares’ noticiava um fato bastante estranho e macabro. Na
capa dessa edição, era anunciado com grande destaque: “NASCEU O DIABO EM SÃO
PAULO”. A matéria relatava o peculiar nascimento de uma criança em 10 de maio
(sábado) no hospital de São Bernardo do Campo, município situado no ABC
Paulista. Segundo a reportagem, havia ocorrido um “parto incrivelmente
fantástico e cheio de mistérios”, marcado por “correria e pânico por parte de
enfermeiras e médicos”.
Ainda de acordo a publicação, o recém-nascido
tinha “aparência sobrenatural, com todas as características do diabo, em carne
e osso”, possuindo o corpo repleto de pelos, um par de chifres pontiagudos, uma
cauda de 5 centímetros e um olhar feroz, “que causa medo e arrepios”. Alguns
afirmam que ele chegava até mesmo liberar chamas pela boca. Como se já não
fosse o bastante, o bebê havia dito algumas palavras de cunho ameaçador à vida
da própria mãe imediatamente após o nascimento.
“Durante um parto incrivelmente fantástico e cheio de mistérios,
correria e pânico por parte de enfermeiros e médicos, uma senhora deu a luz num
hospital de São Bernardo do Campo a uma estranha criatura, com aparência
sobrenatural, que tem todas as características do Diabo, em carne e osso. O
bebezinho já nasceu falando e ameaçou sua mãe de morte, têm o corpo cheio de
pelos, dois chifres pontiagudos na cabeça e um rabo de aproximadamente cinco
centímetros, além de olhar feroz, que causa medo e arrepios.” – Trecho da
matéria divulgada no livro ‘NADA MAIS QUE A VERDADE: A extraordinária história
do jornal Notícias Populares’.
Hipóteses
A respectiva edição do ‘Notícias
Populares’ rapidamente se esgotou nas bancas, e nos dias que se seguiram,
outras informações sobre o caso foram noticiadas. Ao tentar explicar o motivo
pelo qual a criança havia nascido daquela forma, o jornal explorou duas
hipóteses prováveis. Um delas dizia que a mãe do bebê diabo havia sido convidada
para participar de uma procissão na Semana Santa. Porém, a mulher teria
recusado o convite, colocando a gestação como um empecilho ao dizer que “não
vou enquanto esse diabo não nascer”.
A outra hipótese também teria a
mãe como causadora daquela aberração. Um suposto médico que acompanhava a
gestação da mulher teria relatado que ela havia criado “descargas magnéticas
negativas” ao se irritar por não poder dançar temporariamente em virtude da gravidez:
“Por causa desse diabinho, não posso ir dançar”.
Existem também os que acreditam
que o bebê diabo possa ter nascido dessa forma, pois seu pai era um fazendeiro
de Marília (SP), que segundo vizinhos, “não tirava o chapéu por nada nesse
mundo”. Seria essa uma atitude soberba que foi castigada ou uma estratégia do
pai para esconder um par de chifres?
Atividade do bebê a comportamento do público
Obviamente, ao saberem do
nascimento de uma criatura com tais características, os leitores do ‘Notícias
Populares’ ficaram histéricos. Alguns deles tomaram até algumas atitudes mais
energéticas. Foi o caso da operária Maria Aparecida, que decidiu ir até a
maternidade onde o suposto bebê havia nascido exigir que a criança fosse mostrada.
Já a doméstica Prudência Antônia Pereira garantiu ter visto a criança, ao relatar
que “quando não atendiam seus desejos, ele rosnava como cachorro. Depois,
limpava as unhas com o próprio rabo”.
A edição de 12 de maio do
‘Notícias Populares’ informou que o bebê diabo havia ameaçado funcionárias da
maternidade de morte caso eles não fechassem as janelas do quarto, uma vez que
a luz do dia o incomodava bastante. Ele também teria rasgado travesseiros com
seus chifres e fugido do hospital, saltando de uma janela no 3º andar, enquanto
dizia que não pertencia a este mundo e que aquela mulher não era sua mãe.
Com o sumiço do bebê, o pânico se
instalou na população de São Bernardo do Campo. Crianças não eram mais vistas
brincando nas ruas, portas permaneciam sempre trancadas e mulheres retornavam
para casa mais cedo, antes do anoitecer, temendo serem vítimas do bebê. Além
disso, todas as brigas entre casais/amigos e acidentes automobilísticos na
cidade eram creditadas na conta do bebê. Para o povo, ele era a causa de todo o
mal que ocorria no município.
Nos dias que se seguiram, diversos outros
relatos sobre atividade dessa criatura foram noticiados. Dentre eles,
destacam-se os que o bebê teria andado por telhados, enlouquecido uma mulher,
acabado com um ritual umbandista, pedido sangue para beber, palitado os dentes
com um facão e assustado um taxista ao pedir que ele o levasse “para o
inferno”. O bebê até ganhou um apelido dado pela população: brasinha.
Diante de toda repercussão
causada pelo bebê diabo, feiticeiros, fanáticos religiosos e até mesmo o
cineasta Zé do Caixão se dispuseram a acabar com ele. Uma clínica particular
também se aproveitou da situação ao anunciar que poderia exibi-lo ao público
curioso desde que os visitantes fossem maiores de idade, usassem crucifixos,
não tivesse problemas cardíacos e se responsabilizassem por possíveis
“possessões demoníacas”.
Todas as manchetes do ‘Notícias Populares’
Abaixo, vocês podem conferir
todas as manchetes feitas pelo jornal ‘Notícias Populares’, acerca do
nascimento e atividades do bebê diabo:
11/5 – NASCEU O DIABO EM SÃO
PAULO
12/5 – BEBÊ-DIABO DESAPARECE
13/5 – FEITICEIRO IRÁ AO ABC
EXPULSAR O BEBÊ-DIABO
14/5 – BEBÊ-DIABO DO ABC PESA 5
QUILOS
15/5 – BEBÊ-DIABO INFERNIZA O
PADRE DO ABC
16/5 – NÓS VIMOS O BEBÊ-DIABO
17/5 – POVO VAI VER O BEBÊ-DIABO
18/5 – PROCISSÃO EXPULSARÁ BEBÊ-DIABO
19/5 – VIU BEBÊ-DIABO E FICOU
LOUCA
20/5 – SANTO PREVIU O BEBÊ-DIABO
21/5 – BEBÊ-DIABO NOS TELHADOS
DAS CASAS DO ABC
22/5 – MÉDICO AFIRMA: O
BEBÊ-DIABO NASCEU NO ABC
23/5 – DIABO EXPLODE MUNDO EM
1981
24/5 – BEBÊ-DIABO PAROU TÁXI NA
AVENIDA
25/5 – FAZENDEIRO É O PAI DO
BEBÊ-DIABO
26/5 – BEBÊ-DIABO VIAJA PARA VER
O PAI
27/5 – BEBÊ-DIABO APARECE NO
LUGAR DO ECLIPSE
28/5 – MAIS 7 VIRAM O BEBÊ-DIABO
29/5 – BISPO MORRE DE MEDO DO
BEBÊ-DIABO
30/5 – BEBÊ-DIABO ARRASA COM
RITUAL DE UMBANDISTA
31/5 – FANÁTICOS AMEAÇAM
BEBÊ-DIABO DO ABC
01/6 – SEQÜESTRADO BEBÊ-DIABO
02/6 – BEBÊ-DIABO À MORTE
03/6 – BEBÊ-DIABO FOGE PARA O
NORDESTE
04/6 – PADRE DE MARÍLIA: ‘EU
ACREDITO NO BEBÊ-DIABO DO ABC’
05/6 – ZÉ DO CAIXÃO VAI CAÇAR
BEBÊ-DIABO NO NORDESTE
08/6 – POVO VÊ NOVO BEBÊ-DIABO NO
ABC
O fim do bebê diabo
No começo de junho, foi noticiado
que o bebê diabo havia sido sequestrado e levado para o Nordeste, onde teria
sido queimado vivo. Para certificar da morte do bebê, Zé do Caixão foi até a
redação do ‘Notícias Populares’ e apresentou a ideia de enviar seus
assistentes, Satã e Marcello Motta, até a Bahia. Assim, ambos partiram em um
ônibus ruma à Bahia do Terminal Rodoviário do Tietê e, após retornarem,
garantiram que o bebê diabo não existia mais.
O bebê diabo realmente existiu?
Inicialmente, vale lembrar que
nenhum outro veiculo de comunicação noticiou a história no dia em que a
reportagem do ‘Notícias Populares’ estampou a capa do jornal. Isso fez com que
os exemplares dessa edição fossem esgotados das bancas rapidamente (tanto que
restaram apenas 8 jornais nas 2 mil bancas que vendiam o ‘Notícias Populares’
em São Paulo). Apesar do sucesso de vendas, o editor-chefe do jornal na época,
Ebrahim Ramadan, relutou em seguir com o caso. Porém, a direção do ‘Notícias
Populares’ decidiu continuar a reportar informações sobre o bebê diabo,
atendendo pedidos do público e principalmente dos jornaleiros. Até 8 de junho,
foram feitas 27 reportagens.
Oficialmente, algumas
‘autoridades competentes’ jamais confirmaram a existência dessa criatura.
Diante de tanto alvoroço e curiosidade por parte da população, o médico
responsável pela maternidade de São Bernardo dos Campos, Fausto Figueira Mello
Júnior, logo tratou de esclarecer que lá “não havia nascido nenhum diabinho.” O
diretor administrativo, Roberto Saad, também se manifestou com bem menos humor,
ao dizer que tudo aquilo era uma piada de muito mal gosto com o hospital. Enzo
Ferrari, secretário da promoção social do município na época, soltou uma nota
refutando a matéria do ‘Notícias Populares’ após visitar cada um dos hospitais
de São Bernardo do Campo e se certificar que não havia nenhum bebê diabo. Porém,
a própria preocupação de um secretário da cidade fez com que o boato ganhasse
mais atenção do público.
Com o decorrer dos dias, a
história foi despertando cada vez menos interesse dos leitores, e com isso, menos
destaque a ela era observado no jornal. O ‘Notícias Populares’ ainda tentou,
sem o mesmo sucesso, emplacar mais duas histórias nos mesmos moldes: um ‘bebê-peixe’
e um ‘bebê atômico’.
Diante desses fatos e pela falta
de provas mais concretas, é lógico se pensar que essa foi uma história
inventada pelo próprio ‘Notícias Populares’ com intuito de vender exemplares,
focando suas matérias em um sensacionalismo sobrenatural. Não é muito diferente
do que alguns tabloides britânicos fazem até hoje. Trazendo essa realidade ao
mundo virtual, seria como aos incontáveis clickbaits observados em vídeos do
Youtube, que embora tenham um título e thumbnail bastante chamativos,
demonstram um conteúdo pobre e/ou que não refletem uma realidade.
Essa hipótese ganha ainda mais
força ao lembrar-nos de que, o público alvo do ‘Notícias Populares’, era
composto por pessoas mais simples, que por sua vez apresentam maior tendência a
se impressionar e interessar por temas que fogem à normalidade. Meses antes, o
próprio jornal já havia noticiado matérias de mesmo cunho, sobre a ‘loira
fantasma’, ‘vampiro de Osasco’ e a ‘gangue dos palhaços’.
Por fim, vale ressaltar que toda
a história do bebê diabo de São Bernardo do Campo ocorreu em uma época onde
haviam sido lançados alguns filmes de terror que poderiam ter servido de
inspiração para a criação dessa lenda. É o caso de ‘O Exorcista’ (1974) e
principalmente ‘O Bebê de Rosemary’ (1969), sendo que, o último, apresenta um
enredo com bastante similaridade com a história que foi noticiada pelo jornal.
O veredito
Em diversas páginas na web está
postado um texto supostamente escrito pelo autor da primeira matéria sobre o
bebê diabo. Nesse texto, o jornalista expõe abertamente todos os fatos
ocorridos, batendo o martelo a favor da hipótese levantada sobre o apelo
sensacionalista utilizada pelo ‘Notícias Populares’.
Em resumo, o repórter Marco Antônio
Montadon havia sido enviado à Região do Grande ABC Paulista para investigar o suposto
nascimento de uma criança com “duas saliências na testa” (chifres) e
“prolongamento no cóccix” (rabo). Porém, após as verificações, foi constatado
que o bebê havia nascido com má formações congênitas (provavelmente uma mielomeningocele),
sendo posteriormente corrigida cirurgicamente. Sem muito o que explorar diante
do ocorrido, Montadon transformou a história em uma crônica (fictícia) de
terror para preencher o espaço da matéria. Por falta de assunto e com pautas
quase que vazias, José Luiz Proença (secretário de redação do ‘Notícias
Populares’) e Lázaro Campos Borges (editor de polícia) transformaram aquela
crônica despretensiosa na manchete principal da capa, para a surpresa do
próprio Montadon.
Segue abaixo, na íntegra, o
suposto relato do próprio Montadon retirado do site “Caçadores de Mistérios”:
“Tempos atrás
prometi que nunca mais tocaria nesse assunto. Mas, a bem da verdade e intimado
pelo amigo Amalio Damas, vou relatar, com absoluta exclusividade, toda a
história sobre o nascimento de um menino com chifres e rabo em São Bernardo do
Campo, Região do ABC Paulista, que viraria um marco no jornalismo brasileiro.O bebê-diabo, assim
ficou conhecido, transformou-se em literatura de cordel, filmes, documentários
e deu origem a inúmeras publicações fantasiosas que omitiram o nome dos
verdadeiros jornalistas do jornal Notícias Populares (NP) que participaram
dessa publicação. Por isso, com tantos "pais" para o bebê-diabo,
resolvi não mais escrever sobre isso, promessa que quebro agora. Um dia, caso
uma editora se interesse conto toda a verdade num livro, para desmascarar as
publicações mentirosas que invadiram o País depois que o bebê-diabo se
transformou em lenda.Em 1975 eu
trabalhava pela manhã como repórter policial no jornal Correio Metropolitano,
em Santo André, no ABC, e à tarde no jornal Notícias Populares, pertencente ao
Grupo Folha, como repórter especial. José Lázaro Borges Campos, falecido, amigo
inesquecível, era o editor de polícia do NP. Ibrahim Ramadan, nessa época, o diretor
de redação. Eu e o "Lazão", assim ele era conhecido, morávamos em
Santo André e todos os dias seguíamos juntos para o NP, no 5° andar da Folha de
S. Paulo, na Alameda Barão de Limeira. No mês de maio daquele ano corria forte
um boato dando conta do nascimento de um bebê que tinha chifres e rabo, num
hospital de São Bernardo, ABC, que aterrorizava enfermeiras, médicos, falava
grosso e até soltava fogo pela boca.Com o passar dos
dias, o boato se alastrou de tal forma que em todos os cantos das sete cidades
do ABC só se falava nessa estranha criatura. Não faltavam padres, médicos,
psiquiatras, pessoas do povo e até dados científicos para comentar sobre um
possível nascimento de uma criança-monstro nesse hospital de São Bernardo. Com
tantos comentários, Lázaro Campos me incumbiu de apurar os fatos e escrever uma
nota sobre esse boato para o NP de domingo. Falei com a direção do Hospital São
Bernardo, enfermeiras (os) e médicos. O engraçado é que algumas enfermeiras
mostravam nervosismo e chegavam até a rezar o Pai Nosso quando eu tocava nesse
assunto. Na verdade, garantiram-me os médicos, um bebê nascera com um
prolongamento no cóccix e duas pequenas saliências na testa, problemas
resolvidos com uma simples cirurgia na própria maternidade.Escrevi esse relato,
sem nenhum sensacionalismo, no dia 10 de maio de 1975, um sábado e deixei o
texto, de 30 linhas, sobre a mesa do Lázaro. O jornal estava para ser fechado e
eu desci para esperá-lo na padaria da esquina. Fomos embora juntos, sem
comentar nada sobre jornal. No domingo pela manhã percebi que a banca de
revistas perto de casa estava repleta de pessoas comprando o NP. Curioso, me
aproximei e consegui o último exemplar que trazia a seguinte manchete:
Bebê-diabo nasce em SBC". Fui à página 5 e gelei. Minha assinatura estava
abaixo da manchete forçada. Fiquei apavorado, temendo processo e a demissão do
jornal por justa causa. Quando Lázaro Campos passou em casa, me
recusei a sair para trabalhar. Mas, com seu jeito "mineiro", me
convenceu, afirmando que assumiria a culpa da manchete, caso a direção se
manifestasse desfavoravelmente. Entrei cabisbaixo no prédio da Folha. Na
verdade, estava apavorado. Fiquei mais ainda quando recebi o aviso para me
dirigir, imediatamente, com o Lázaro, à sala de Octávio Frias de Oliveira, dono
do Grupo Folha. Entramos assustados na sala de Frias, esperando um sermão,
antes da demissão. Pelo contrário. O homem, que eu ainda não conhecia
pessoalmente, estava sorrindo e nos estendeu a mão, cumprimentando pela
manchete e informando que, pela primeira vez na história, o NP bateu todos os
recordes de venda em bancas.Custei a acreditar
que tudo aquilo era verdade. Segurava a xícara com café, oferecida pelo Frias,
com dificuldade, tremendo e ouvindo somente elogios. E a ordem era para darmos
sequência no assunto. E assim foi feito. A notícia tornara-se uma bola de neve.
A tiragem do periódico, que era de 80 mil exemplares, ultrapassara a marca dos
200 mil. O povo acreditou na história e o NP começou a inventar uma saga para o
bebê-diabo. O caso permaneceu na primeira página do jornal por inacreditáveis
37 dias.”
Mas se tudo isso foi uma história
inventada, como explicar o envolvimento do Zé do Caixão? Muito fácil! Ao saber
da suposta existência do bebê diabo e de todo sucesso que ele provocara, o
próprio Zé do Caixão entrou em contato com o ‘Notícias Populares’ desejando ser
incluído nessa história. Dessa forma, Satã e Marcello Motta, assistentes do Zé
do Caixão, foram supostamente enviados até a Bahia para dar fim à criatura.
Assim, ambos embarcaram num ônibus no Terminal Rodoviário do Tietê com
cobertura do ‘Notícias Populares’ e na presença dos populares. Mas isso não
passou de uma encenação. Por falta de verba, eles não puderam viajar e
desembarcaram quilômetros depois na marginal Tietê. O discípulo Satã também
teria dito a alguns jornalistas que ele juntamente com Marcello Motta, após a
encenação do embarque no ônibus para Bahia, permaneceram dois dias reclusos em
uma chácara próxima de São Paulo, e depois voltaram para a cidade dizendo que
haviam acabado com o bebê diabo.
Portanto, a história do bebê
diabo foi só uma das diversas matérias sensacionalistas fictícias criadas pelo
‘Notícia Populares’ para preencher um espaço vazio no jornal. Mas com o sucesso
de vendas nas bancas, os responsáveis se viram, de certa forma, obrigados a
continuar aquela farsa tanto para atender o anseio do público como também para
incrementar o número de edições vendidas. Vale ressaltar que os próprios
jornaleiros pressionaram para que aquela matéria continuasse nas edições
seguintes.
Bebê diabo nas mídias
Uma história fantástica como essa
não passaria despercebida pela mídia. Toda a saga do bebê diabo foi
detalhadamente relatada no livro escrito por Celso de Campos Jr., Maik Rene
Lima, Giancarlo Lepiani e Denis Moreira, intitulado como “NADA MAIS QUE A
VERDADE: A extraordinária história do jornal Notícias Populares”. O livro,
publicado em 2002 (dez anos após o fim do ‘Notícias Populares’), é uma
biografia do antigo jornal, narrando todas as fabulosas histórias abordadas em
suas matérias, entre elas, a do bebê diabo.
O caso do bebê diabo também é o
principal tema abordado pelo documentário “Nasce o bebê diabo em São Paulo”
produzido pela TC Filmes em
2001. Além do bebê diabo, o documentário discorre sobre outras lendas
originadas em boatos do ‘Notícias Populares’, como a Loira Fantasma e a Gangue
do Palhaço. Para conferir o documentário na íntegra, basta assistir o vídeo
postado abaixo.
O blog "Cabana do Terror" agora tem um canal no Youtube! Confira a matéria sobre o Corpo-seco em formato de vídeo, clicando no play abaixo:
Origem
Corpo-Seco (ou Unhudo) é uma
criatura que em vida, era um humano que desrespeitava e desobedecia a sua mãe,
chegando até mesmo agredi-la verbal e fisicamente. Após sua morte, esse homem
se transformou em um ser maligno, rejeitado por Deus e pelo o diabo, o que fez
com que seu cadáver fosse expulso da terra. Dessa forma, o defunto já em estado
de decomposição, teve que sair do túmulo e habitar troncos de árvores às beiras
de estradas, onde embosca vítimas que se aproximam, as abraçando com suas unhas
compridas, até que o indivíduo seja esmagado e perca a vida.
Em outra ramificação da lenda, é
dito que o Corpo-seco era um fazendeiro muito egoísta e avarento, que cultivava
uma gama de árvores e vegetais no pomar e horta de sua propriedade. Em uma
época de estiagem, vários vizinhos começaram a passar fome, mas o fazendeiro
colheu e estocou todos os frutos de sua terra, se negando a dividir com os
demais. Durante a discussão com os vizinhos, o fazendeiro teria tido um infarto
e falecido. Mesmo depois de morto, ele voltou na forma de um ser maligno para proteger
sua horta e pomar de invasores, atacando e matando qualquer um que adentrasse
suas terras.
No interior de São Paulo, também
há uma variante desta lenda. Nesse caso, o Corpo-seco é uma criatura que,
semelhante aos vampiros, se alimenta de sangue humano. Portanto, sempre que uma
vítima se aproxima de árvores ou caminha na beira de estradas (que são locais
onde normalmente ele se esconde), ela é atacada e seu sangue sugado. Por outro
lado, o Corpo-seco pode morrer de fome caso ninguém se aproxime dele por um
longo período de tempo, e após sua morte, sua aparência fica semelhante à de
uma árvore seca, passando despercebido a olhares humanos.
Relatos
Há relatos da ocorrência do Corpo-seco
nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Amazonas, Paraná, Amapá, no Nordeste e
Centro-Oeste brasileiro. Em alguns países africanos de língua
portuguesa, segundo relatos de soldados brasileiros veteranos da Terceira
Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola (UNAVEM III), também há
lendas que se assemelham muito a essa.
No estado de São Paulo, o
Corpo-seco é taxado como o falecido Zé Maximiano, morador do município de
Monteiro Lobato (região da Serra da Mantiqueira), morto por assassinato e
conhecido por bater em seus pais. Zé foi enterrado no Cemitério Municipal, porém,
seu corpo foi rejeitado pela própria sepultura e ele passou a assombrar o
local. Diante disso, o padre da cidade achou que seria mais conveniente
transferir o corpo para um local afastado. Então o cadáver foi levado até uma
gruta pelo próprio amigo de Zé, chamado Pedro Vicente. Essa gruta se situava
próxima a um rio, uma vez que, segundo crenças, esse tipo de entidade não
consegue atravessar águas. Durante o trajeto, o corpo de Zé foi colocado em um
balaio, e o padre ainda aconselhou Pedro a levar junto a ele uma vara de
marmelo, para batê-la no defunto caso ele tentasse escapar. Segundo relatos, o
Corpo-seco tentou agarrar o amigo ao longo do caminho, mas foi repelido pelos
golpes de vara que recebeu.
Segundo a população local, o
Corpo-seco aparece na beira do rio nas sextas-feiras à meia noite, pedindo para
ser transportado para a outra margem. Em troca, ele promete revelar a localização
de um tesouro. Enquanto a criatura está sendo transportada, seja em embarcações
ou nas costas da vítima, diz a lenda que meio do curso d'água, a assombração
começa a pesar cada vez mais, afundando e matando afogada a pessoa que o transportava.
Em de agosto de 2005 o jornal
Vale Paraibano, de Taubaté, São Paulo, publicou matéria a respeito do
Corpo-Seco que se esconde há mais de 40 anos em uma gruta na localidade de
Pedra Branca, no município de Monteiro Lobato-SP. O texto alude à informação
dada por Geraldo Periquito, apontado como uma das lideranças da localidade,
segundo a qual a infeliz alma tem até nome: “Ele se chama Zé Maximiano. Um
sobrinho dele já trabalhou comigo. O Zé virou corpo seco porque batia no pai e
na mãe. Conheci ele quando pequeno”.
Em Ituiutaba, município situado
na região do Triângulo Mineiro, há um relato em que o corpo de uma mulher após
ser enterrada no cemitério municipal, foi repelido pela terra várias vezes, permanecendo
no fundo da cova por apenas algumas horas. Dessa forma, ela foi capturada e
levada por bombeiros a uma caverna presente em uma serra ao sul da cidade (que
ficou conhecida como “Serra do Corpo-seco”). Reza a lenda que à noite, quem
passa pela estrada próxima a esse local, consegue ouvir os gritos e lamentações
da criatura ecoando de dentro da caverna. Nesta variação da lenda, a mãe do
Corpo-seco que foi literalmente usada como cavalo pela filha em vida, a
amaldiçoa antes de morrer, fazendo-a transformar nesse ser.
Serra do Corpo-seco, Ituiutaba-MG
Em Pouso Alegre, também Minas
Gerais, a lenda do Corpo-seco apresenta alguns aspectos semelhantes aos já
citados anteriormente. Em uma família rica, um dos sete filhos, nascido em
1918, era bastante boêmio e sempre arrumava confusão nas noitadas. Quando
chegava em casa brigava com a família, chegando até a montar a sela do cavalo
na mãe em uma das discussões. Tempos depois, ele contraiu uma doença venérea
incurável na boemia. A partir daí ele começou a perder peso e entrar em uma
depressão profunda, já que todos o discriminavam pelo seu aspecto. Diante de
seu quadro clínico, o indivíduo ficou recluso em um casarão até sua morte
quando ele tinha 33 anos de idade. Após ser enterrado no cemitério de Pouso
Alegre, alguns populares afirmaram que ele voltou a vida para assombrar
fazendas da redondeza.
Como acabar com a maldição?
Para que um Corpo-seco seja
purificado, seu cadáver deve ser colocado em um saco e ser levada até a cidade
de Aparecida-SP durante a madrugada. Dessa forma, a maldição sobre esse ser é
cessada.
Ditado popular
Há ainda os que acreditam que o
Corpo-seco, apesar de todas as maldades feitas em vida, teria se arrependido dos
maus tratos feitos à mãe, e por esse motivo, ele castiga todas as crianças que demonstrem
o mesmo comportamento. Por causa disso, surgiu o famoso ditado popular que diz:
"Quem bate na mãe fica com a mão seca".
Mídias
O Corpo-seco já fez aparição em
um filme nacional independente, produzido em Guaratinguetá-SP chamado de “Aconteceu
nos Bottas” (confira a primeira parte do filme no vídeo a seguir. As demais partes podem ser encontradas em https://www.youtube.com/channel/UCr_O3ZQZCDw2Dv1faxe1Oaw). A lenda também foi relatada em um livro de crônicas produzido pelo
blogueiro Airton Chips de Pouso Alegre-MG. Em Ituiutaba-MG, atualmente a
criatura é classificada como patrimônio cultural da cidade.
O blog "Cabana do Terror" agora tem um canal no Youtube! Confira a matéria sobre as máscaras de chumbo em formato de vídeo, clicando no play abaixo:
A descoberta dos
corpos
Tudo se iniciou em Niterói-RJ, ao
final da manhã de um sábado, dia 18 de agosto de 1966. O jovem Paulo Cordeiro
Azevedo dos Santos estava no Morro do Vintém, em busca de pássaros para
captura-los. Foi nesse momento que ele se deparou com dois cadáveres de homens
no alto daquele morro, caídos ao chão em cima de uma espécie de cama feita com
folhas de pintoba (uma árvore parecida com palmeira). Assustado, o jovem
rapidamente se dirigiu a casa do guarda Antônio Guerra, que servia a Companhia
de Radiopatrulha. Acreditando ser uma invenção do garoto, o guarda não
acreditou no relato e não foi até o local conferir. Dois dias depois, por volta
das 18:00 horas, outro jovem chamado Jorge da Costa Alves (18 anos), subia o
Morro do Vintém seguindo uma pipa que caía do céu. Porém, no meio da mata
fechada da colina, ele se deparou com aquela visão assustadora. Imediatamente o
rapaz comunicou o ocorrido aos oficiais da Segunda Delegacia de Polícia (2ª DP)
de Niterói, que foram até o ponto relatado no dia 21 de agosto, juntamente com
jornalistas, para se certificarem.
Chegando ao local, os policias
observaram os dois corpos sem vida já em adiantado estado de decomposição,
evidenciado pelo mal cheiro que exalavam. E por causa disso, uma das primeiras
atitudes dos ali presentes foi aplicar formol sob os corpos para amenizar os
odores. Eram homens adultos trajando capas impermeáveis que cobriam seus
ternos, e ao lado dos cadáveres, havia uma garrafa de água magnesiana vazia, um
pacote fechado com duas toalhas em seu interior, uma folha de papel laminado
(que foi usada como copo) e duas máscaras de chumbo que comumente são usadas
para proteção contra radiação. Como dito anteriormente, ambos jaziam sob folhas
de pintoba, que são muito difíceis de serem cortadas sem utilização de facas ou
canivetes, porém, nenhum instrumento desse tipo foi encontrado no local (mesmo
que os caules das folhas apresentassem cortes característicos desses objetos). Após
pesquisas mais minuciosas dos corpos, os policiais verificaram que não havia
nenhum sinal de violência como perfurações, hemorragia/hematomas ou lesões.
Também foi encontrado um bloco de anotações contendo símbolos e números (incluindo
fórmulas físicas, como a Lei de Ohm, que envolve potência, tensão, corrente e
resistência elétricas), um lenço com as iniciais M. A. S., um par de óculos
preto com uma aliança em uma das hastes, um vale do casco da água magnesiana e
um bilhete contendo a seguinte mensagem:
Nessa etapa, os corpos também
puderam ser identificados após os guardas encontrarem seus documentos. Tratava-se
de Manoel Pereira da Cruz (32 anos) e Miguel José Viana (34 anos). Nos bolsos
de ambos, ainda foram encontrados seus relógios e Cr$ 157.000 com um e Cr$
4.000 com outro. No bolso de Manoel, ainda foi encontrado um maço de cigarros
quase no fim, o que levou os policias a crerem que eles não tinham a intenção
de permanecer naquele local por muito tempo, já que, se esse fosse o objetivo, Manoel
estaria portando uma quantidade maior de cigarro para alimentar o vício durante
o período de permanência.
Investigação policial
Diante de tantos pontos em
aberto, naturalmente se iniciou uma investigação policial acerca daquelas duas
misteriosas mortes. Durante o inquérito, os investigadores da polícia reconstituíram
uma narrativa plausível dos últimos dias dos dois homens. Logo descobriram que
as vítimas eram técnicos em eletrônica, com uma paixão fora do comum por
alienígenas e outros ritos sobrenaturais. Em 17 de agosto daquele ano, ambos
partiram de Campos dos Goytacazes-RJ, a cidade onde residiam, munidos de grande quantidade de dinheiro para
a época (Cr$ 2.300.000), tendo dito às respectivas esposas que iriam a São
Paulo comprar material de trabalho e também um automóvel. Cabe lembrar que
durante a revista dos corpos, foram encontrados apenas Cr$ 161.000 com eles. Durante
a investigação, também foi descoberto que as máscaras de chumbo foram
confeccionadas na oficina dos dois, onde foram encontradas matérias primas
relacionadas à produção desses objetos. Exames grafotécnicos realizados nos
bilhetes encontrados no Morro do Vintém também provaram que a caligrafia pertencia
a Miguel, embora os termos utilizados como “ingerir”, não fosse palavras usadas
cotidianamente por pessoas simples como ele. A própria família disse que o
termo não fazia parte de seu vocabulário. Isso levou todos a crer que o recado
anotado possa ter sido passado por outra pessoa.
Ao saber do envolvimento de uma
considerável quantidade de dinheiro, o delegado Venâncio Bittencourt questionou
o guarda Antônio quanto a sua negligência diante do relato do garoto Paulo.
Inicialmente suspeitou-se que ele talvez possa ter ido ao local para se
apropriar de alguns bens. Porém, nada disso pôde ser comprovado. Quanto ao lenço com as iniciais M. A. S., seu
significado ainda prevalece desconhecido. Segundo o irmão de Miguel, Herval
Viana, eles não tinham nenhum familiar cujo nome representasse aquela sigla.
De volta a reconstituição, na
sequência, ambos se dirigiram para a rodoviária junto com o amigo Élcio Correia
Gomes, e as 9:00 horas eles embarcaram no veículo e se despediram do colega. Ao
passar pela rua próxima à rodoviária, a sobrinha de Miguel viu seu tio dentro
do ônibus e se aproximou da janela para conversar com ele. Nesse diálogo,
Miguel diz rapidamente que estava indo pra São Paulo comprar um carro, e que
ele iria se certificar de algo para saber se acreditava ou não no espiritismo.
Seria alguma experiência parapsicológica?
Após pegarem o ônibus, os dois
homens desembarcaram em Niterói-RJ às 14:30 da tarde. Na cidade, inicialmente
Miguel e Manoel foram à loja de componentes eletrônicos “Fluoscop” situada na
Travessa Alberto Vitor no centro da cidade, onde apenas conversaram normalmente
com o dono do estabelecimento e amigo, Ernani de Carvalho Filho, sem deixar
transparecer nada que levasse a alguma suspeita. Na sequência, ambos foram até uma loja de
roupas para comprarem capas impermeáveis e em um bar situado na Avenida Marquês
do Paraná para adquirirem uma garrafa de água magnesiana. O atendente do
estabelecimento relatou ainda que Miguel parecia muito nervoso e olhava para o
relógio de pulso constantemente. Porém, tudo levavam a crer que os dois tinham
a intenção de voltar ao bar, uma vez que eles pediram o vale do casco de vidro
retornável (vale esse que também foi encontrado junto aos corpos). Na loja onde
foram adquiridas as capas, a maior observação do vendedor se deu pelo fato de
que, embora estivesse caindo uma chuva no momento, Miguel e Manoel deixaram o
estabelecimento sem utilizar as capas, ou seja, com elas ainda dentro de suas
embalagens.
Após a ida ao bar, tudo levava a
crer que os dois seguiram direto para o local em que foram encontrados mortos. Durante
investigação, foi notado que no caminho do Morro do Vintém existia um Centro
Espírita, o qual realizava estudos e pesquisas espirituais. No entanto, não
foram encontradas provas do contato de Miguel e Manoel com membros desse local.
Segundo um vigia chamado Raulino
de Matos, na noite do ocorrido ele viu dois homens com características
similares a das vítimas, chegando ao Morro do Vintém em um jipe acompanhado de
outras duas pessoas (sendo um deles, um homem loiro), que até hoje não foram
identificadas. Após descerem do jipe, apenas Miguel e Manoel subiram o morro a
pé, em meio à chuva e escuridão daquela noite. Estima-se que Jorge (o garoto da
pipa) encontrou os dois homens cerca de 3 dias após a morte, baseando-se no estado
de decomposição dos corpos. Um aspecto interessante e misterioso, é que mesmo
durante todo esse período no meio da vegetação, os corpos não foram atacados
por predadores como roedores e urubus.
Morro do Vintém
Uma suposição interessante levantada,
é que dias antes do acontecido, um homem loiro havia perguntado alguns rapazes
da região sobre qual seria a forma mais fácil de atingir o topo do Morro do
Vintém. A descrição desse homem era compatível com a do zelador do Centro
Espírita citado acima, porém, a polícia não conseguiu relacionar esse indivíduo
ao suposto motorista do jipe ou se certificar se ele realmente pedia
informações sobre o morro aos moradores.
Análises no IML e conclusão do caso
Nos exames anatomopatológicos
feitos no IML de Niterói-RJ pelo legista Astor Pereira de Melo, nenhum sinal de
ferimento, envenenamento ou distúrbio orgânico foi encontrado na necropsia, não
sendo possível determinar a causa mortis.
Contudo, diante da presença de uma pista que indicava a ingestão de uma
“pílula”, logo se suspeitou que pudesse ter ocorrido um envenenamento.
Quanto ao exame toxicológico de
órgãos, há duas vertentes relatadas nas referências pesquisadas. Em uma delas,
é dito que foi impossível de ser realizado, uma vez que suas vísceras já
estavam em grau avançado de decomposição. Por outro lado, algumas fontes
afirmam que foram realizados diversos exames toxicológicos em várias amostras
de órgãos, sendo que todas as análises deram negativo. O próprio legista Astor
em entrevista a Globo em 1990 disse ter colhido amostras de cérebro, fígado,
rins, pulmões, conteúdo estomacal e fragmento intestinal para análise, mas os
resultados foram todos negativos.
Nos laudos do IML e no atestado
de óbito, a causa da morte foi dada como “indeterminada”. Além disso, o laudo
foi rasurado uma vez que o médico legista responsável, Dr. Sebastião, se
recusou a assinar um documento com a causa da morte não esclarecida, sendo
necessário coletar a assinatura de outro médico.
No dia 25 de agosto de 1967,
cerca de um ano após o ocorrido, a justiça ordenou que os corpos de Miguel e
Manoel fossem exumados para realizações de novas análises. Porém, novamente em
nenhum dos exames realizados foi possível detectar a causa mortis. Cabe lembrar que mesmo após tanto tempo enterrados,
os corpos haviam praticamente se mantido sem se decompor. Isso pode ser
explicado, em parte, pela ação conservante do formol que foi aplicada sobre os
cadáveres ainda no Morro do Vintém, uma vez que os corpos naquela ocasião exalavam
odores não muito agradáveis.
Após muitas investigações e
poucas respostas, a justiça decidiu arquivar o caso em 1969. Em 2006, o
programa Linha Direta Justiça pediu acesso aos documentos do caso ao Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro. Porém, as pastas referentes aos arquivos estavam
vazias. Para a justiça, o caso das máscaras de chumbo era um caso como qualquer
outro, tendo importância apenas para a imprensa. E por causa disso, após
prescrever, os documentos foram jogados fora. Por outro lado, o procurador Edmo
Lutterbach em entrevista ao programa Linha Direta Justiça relatou que achava um
absurdo um processo de tamanha dimensão e complexidade, que envolveu duas
vítimas e que até hoje não foi solucionado ter um fim como qualquer outro caso.
Será que havia informações adicionais àquelas que tínhamos e temos acesso?
Hipóteses
CRIME PASSIONAL – O repórter
policial Mário Dias, relatou ao programa Linha Direta Justiça que logo de cara
os policiais levantaram a hipótese de algum crime passional envolvendo relações
homossexuais. Porém, essa ideia logo foi refutada com a identificação dos
corpos.
SUICÍDIO – Outra hipótese
levantada incialmente, foi quanto a um possível pacto de morte. Mas como já
relatado anteriormente no texto, diversas evidências sugerem que eles tinham a
intenção de retornar do morro, como por exemplo, o vale do casco de água.
INTOXICAÇÃO – O envolvimento de
uma provável “cápsula” faz com que a hipótese de intoxicação/envenenamento surja
naturalmente. Essa teoria é ainda mais aceita, devido todo o mistério que cerca
o exame toxicológico, como relatado anteriormente. Além disso, a utilização de
uma água magnesiana abre uma possibilidade de se pensar em uma provável reação
química desse produto com a substância presente na cápsula, sendo essa combinação
letal aos consumidores e de difícil detecção em testes toxicológicos de acesso
na década de 60.
HOMICÍDIO - Dado os achados, os
investigadores logo suspeitaram do envolvimento de uma terceira pessoa,
sugerindo que se tratava de um crime de latrocínio, uma vez boa parte do
dinheiro que ambos levaram de suas casas não estava junto aos corpos. Associado
a isso, uma testemunha afirmou que viu as vítimas chegaram ao pé do Morro do Vintém
em um jipe, acompanhados por outros dois homens, que nunca mais foram
encontrados. Com o avanço da investigação, a polícia suspeitou rapidamente do
amigo Élcio Correia Gomes, uma vez que esse indivíduo era espírita e estava
introduzindo as vítimas a essa crença (informação revelada à polícia por um
amigo da família de Miguel). Élcio também já havia participado anteriormente de
experiências paranormais com Miguel e Manoel que culminou numa enorme explosão
na Praia da Atafona-RJ. Pela lógica, ele seria o principal suspeito. Élcio chegou a ser preso, mas por
falta de provas, ele não pôde ser culpado e foi solto na sequência. Em 1969, um
detento chamado Hamilton Bezani assumiu a autoria do crime, e relatou que ele
juntamente com outras três pessoas armaram um plano para envenenarem Miguel e
Manoel e roubaram 6 milhões de cruzeiro das vítimas. Levado para prestar
depoimentos em Niterói-RJ, Hamilton caiu em contradição muitas vezes ao
reconstituir o caso (sobre a quantia de dinheiro, posição dos corpos e outros
detalhes), fazendo com que a polícia descartasse seu envolvimento.
Posteriormente, a polícia descobriu que Hamilton inventou essa história para
tentar se transferir para o presídio de Niterói-RJ, de onde ele já havia
conseguido fugir duas vezes.
EXPERIÊNCIA PARAPSICOLÓGICA – Outra
hipótese bastante comentada seria que Miguel e Manoel estavam tentando fazer
uma experiência paranormal que fugiu de seus controles culminando no óbito de
ambos (ou que exigiria uma prática mortal para ser executada). Vale lembrar,
como relatado no tópico acima, que ambos juntamente com o amigo Élcio, tinham o
costume de realizar essas práticas. Na época, o padre e professor de
parapsicologia Oscar González Quevedo (o famoso “padre Quevedo”) relatou ao
jornal “O Globo” que máscaras de chumbo são normalmente usadas em testes
mortais ligados ao ocultismo, em que os envolvidos são expostos a certas fontes
de luminosidades (requerendo as máscaras para proteção) e necessitariam ingerir
alguma droga para entrarem em transe (o que justificaria a presença de
pílulas). Tanto o Pe. Quevedo quanto o radiestesista Georges Charbel acreditam
que as máscaras serviriam para proteger os olhos de alguma luz, fazendo com que
assim fosse estimulado outro tipo de dimensão, o “plano do 3º olho”. O
professor de parapsicologia Laércio Pinheiro acredita que quando Miguel e
Manoel manipulavam campos de energia, eles podem ter aberto canais de
comunicação pra outras dimensões, de onde eles receberam instruções que não
foram corretamente interpretadas, levando a uma falha na experiência.
ELETROCUSSÃO - Foi levantada a
hipótese que os homens podem ter sido mortos por eletrocussão causada por raios,
já que no dia de suas mortes, caía uma forte chuva em Niterói com muitas
trovoadas. Além disso, alguns técnicos eletrônicos consultados também indicaram
que essa poderia ser uma hipótese plausível, já que eles estavam em uma região
alta portando máscaras de chumbo o que aumentaria a chance de serem atingidos
por descargas elétricas. Apesar dos corpos apresentarem apenas ligeiras
queimaduras, essas constatações foram prejudicadas durante a necropsia, devido
o estado de decomposição dos corpos, impossibilitando determinar se essa foi ou
não a causa mortis.
EXTRATERRESTRES - A teoria
extraterrestre também é bastante especulada nesse caso, já que na mesma noite
em os dois técnicos morreram (17 de agosto de 1966), várias testemunhas
relataram que viram um OVNI de formato discoide com um halo de luz alaranjada
intensa e anel de fogo soltando raios azuis sobrevoando a região do Morro do
Vintém. Uma dessas testemunhas foram Gracinda Barbosa Cortino de Souza e seus
filhos, que viviam próximos ao morro. Quando passavam de carro pela Alameda São
Boaventura, bairro Fonseca em Niterói-RJ, a filha de Gracinda, Denise (7 anos)
alertou a seu irmão e mãe quanto a uma estranha figura que sobrevoava o Morro
do Vintém. Mesmo sendo uma noite chuvosa, os três estacionaram o veículo e desceram
para observar melhor aquele fenômeno. O depoimento de Gracinda foi publicado em
vários jornais, e isso serviu como um fator encorajador para que outras
testemunhas também entrassem em contato com a polícia para informar que também
haviam presenciado a ocorrência de OVNI naquela região na noite do dia 17 de
agosto. Além disso, em setembro de 1966, um repórter foi à oficina de Miguel e
encontrou o livro “A vida no planeta Marte” com várias anotações, o que sugere
fortemente que talvez ele juntamente com Manoel estivesse tentando fazer algum
tipo de contato. Em 1981, o detetive Saulo que investigou o caso, após ser
submetido a uma cirurgia gástrica, sentiu seu corpo levitar no quarto de um
hospital próximo ao Morro do Vintém. Ao acordar, ele observou que dois
enfermeiros estavam na janela de seu quarto comentando sobre um OVNI que havia
passado pelos céus há pouco tempo. Teria esse acontecimento alguma relação com
o caso das máscaras de chumbo?
Investigação ufológica
Quando todos pensavam que o caso
seria esquecido pelo tempo, um novo capítulo foi escrito em 1980, quando o
matemático francês, ufólogo e ex-funcionário da NASA, Jacques Vallée, veio ao
Brasil com o único intuito de investigar o caso. O prestígio de Vallée entre
ufólogos é tamanha, que o renomado diretor de cinema, Steven Spielberg, se
baseou nele para criar o personagem Claude Lacombe, um cientista no filme “Contatos
imediatos de terceiro grau”.
Ao subir o Morro do Vintém
juntamente com sua esposa (Janine), o detetive do caso (Saulo Soares da Souza),
o repórter policial que cobriu o mistério (Mário Dias), um fotógrafo (Alberto
Dirma) e um intérprete, eles observaram que mesmo após 14 anos do acontecido, a
vegetação ainda não havia crescido nos locais onde os corpos estavam dispostos,
fato que deixou todos os presentes bastante espantados. Vallée ainda constatou
que o solo estava calcinado, ou seja, havia sido exposto a uma grande fonte de
calor. Todas as conclusões do ufólogo sobre o caso foram escritas em um livro
de sua autoria, chamado “Confrontos”.
O detetive Saulo voltou ao local
no ano de 1997 para fazer uma matéria sobre o caso e observou que ainda havia
um clarão na vegetação no local que demarcava as posições de Miguel e Manoel e
que o solo ainda se apresentava calcinado.
Casos semelhante?
Apesar de tantas particularidades
e mistérios que as mortes de Miguel e Manoel nos apresentam, outra ocorrência
anterior a essa mostrou alguns padrões bem parecidos. No ano de 1962, o também
técnico eletrônico chamado Hermes havia subido o Morro do Cruzeiro em Neves
(São Gonçalo-RJ) com a intenção de captar algum sinal de televisão apenas com a
mente, sem utilizar nenhum tipo de aparelho. Nesse caso, Hermes também havia
tomado uma misteriosa pílula redonda durante sua jornada, e foi encontrado
morto no alto do morro com todos seus pertences e com uma máscara de chumbo
junto ao corpo. O “caso Hermes” foi apresentado pelo investigador José de Sousa
Arêas, porém, a polícia não descobriu nada de concreto sobre essa ocorrência em
suas pesquisas.
No livro “Confrontos”, escrito
pelo ufólogo Jacques Vallée, o autor cita o “Caso Grumari” de 1986 como um
episódio similar, já que as vítimas morreram de forma acidental ao fazerem
experiências paranormais para tentar comunicar com outras entidades. Porém,
nenhum OVNI foi avistado ou relacionado ao caso.