quinta-feira, 1 de abril de 2021

A CASA DAS 365 JANELAS – A assombração que busca seus pertences!

 

Gustavo Valente

 

As garrafas de ouro

 

Para abordarmos a lenda da “Casa das 365 Janelas” antes temos que falar um pouco sobre outra lenda que se relaciona a elas. A lenda das garrafas de ouro! Tudo se iniciou no município de Pirenópolis, Goiás. À época, 1772, aquele local era chamado de Meya Ponte (ou Meia Ponte). Um dos primeiros moradores de Meya Ponte foram Luciano Nunes Teixeira e seu genro, Antônio Rodrigues Frota, que chegaram naquela região pelo Rio das Almas e logo começaram a minerar ouro daquele rio.

 

Na época, a Coroa portuguesa tributava o ouro extraído com o imposto chamado “Quinto”. De todo ouro obtido, um quinto do montante (20%) deveria ser tributado. Para burlar o pagamento desse imposto, Antônio Frota teria enchido garrafas com o ouro que extraia e as enterravam em suas terras. Dizem os escravos eram ameaçados de terem a língua cortada e os olhos perfurados caso alguém descobrisse algo sobre as garrafas.

 

Dessa forma, os dois homens enriqueceram e construíram várias edificações em Meya Ponte, como a Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo e um grande castelo pessoal, chamado de “Castelo do Frota”. Na época diziam na região que “era mais fácil o rio das Almas voltar e subir a serra, do que o ouro daquela família acabar”. A ostentação era tamanha que a mulher e filhas de Antônio esbanjavam roupas e adornos, e até mesmo colocavam ouro em pós em seus cabelos.

 

O tempo passou e a família viveu no luxo até que Antônio e a esposa morreram. As filhas continuaram desfrutando do ouro até que juízes lhe tomaram tudo, e elas passaram a viver miseravelmente. A lenda das garrafas de ouro teria terminado nesse ponto, mas a construção da Casa das 365 Janelas reacendeu esse mito na região.




 

 

O Palacete do Comendador

 

Em meados do século XIX, o comendador de Meya Ponte, Joaquim Alves de Oliveira, era um dos homens mais influentes da região. Joaquim era proprietário de um dos maiores engenhos de cana-de-açúcar do Brasil, com cerca de 200 escravos e uma tropa de 300 muares. Ele também teve grande importância na exportação de algodão para a Inglaterra e fundou o primeiro jornal da região Centro-Oeste, o ‘Matutina Meiapontense’. 

 

O poder que o comendador tinha na região era tamanho que ele ordenou que fosse construído um casarão com 365 janelas. Cada uma das janelas representava um dia do ano. O local escolhido para reerguer esse recinto foi um terreno outrora utilizado para a mineração pela família Frota. Alguns acreditavam que naquelas terras ainda poderiam ser encontradas algumas lendárias garrafas cheias de ouro enterradas.

 

O casarão, conhecido como o “Palacete do Comendador”, se localizava bem no centro de Meya Ponte, onde atualmente se encontra o Museu da Família Pompeu. Era uma construção bastante robusta em forma de “H”, que chegava a preencher uma área de aproximadamente 30 mil metros quadrados. Ele era dividido em dois pavimentos de estilo arquitetônico colonial, com as paredes de adobe (um tipo de tijolo) e janelas de madeira. Tinha alicerce de pedra, onde se encontravam baldrames, vigas e esteios de aroeira. Muitos dos materiais utilizados nessa construção foram oriundos do Castelo do Frota, fato que fomentou ainda mais o boato que talvez as garrafas de ouro agora estivessem sob posse do comendador. Além disso, não foram poupados gastos para levantar a edificação. Empregaram-se madeiras finas, acabamento de ouro e lâmpadas de cristais puríssimos em sua construção.

 

O pavimento inferior era composto por amplos salões de recepção e de reuniões, além de escritórios, cozinhas e áreas de serviços. Já o salão para baile, os cômodos para hóspedes e a residência particular do comendador se localizavam no pavimento superior.

 



 

O fim do casarão e o começo da assombração

 

O tempo passou e o comendador morreu, sem deixar herdeiros. O casarão então ficou abandonado e se tornou alvo de saqueadores, que praticamente demoliram o local a procura de objetos valiosos (como as famosas garrafas de ouro). Além disso, muitos invasores roubaram até mesmo peças de madeira, esteios e janelas para utiliza-las em outras construções. Dizem que várias casas nas adjacências da Rua do Rosário e Rua Aurora foram levantadas com esses materiais. Depois desse fato, alguns populares afirmaram que o fantasma do comendador assombra essas ruas em buscas de seus pertences.

 

Apesar de não existir registros históricos que comprovem que o casarão realmente existiu, vários relatos de viajantes da época mencionam o local. Populares também afirmaram que no local era possível ver as ruínas dos alicerces depois de sua destruição. Uma maquete representando o casarão está localizada nos jardins do hotel “Quinta Santa Bárbara”.

 



 

Referências

Agita Pirenópolis à https://cutt.ly/pfgFeyD

Mensagens com Amor à https://cutt.ly/0ff7NzU

Pirenópolis à https://cutt.ly/GfhTklR

Pirenópolis Tur à https://cutt.ly/Mfd4J0A

Toda Matéria à https://cutt.ly/LfhTA7k