Gustavo Valente
✞As
garrafas de ouro✞
Para abordarmos a lenda da “Casa
das 365 Janelas” antes temos que falar um pouco sobre outra lenda que se
relaciona a elas. A lenda das garrafas de ouro! Tudo se iniciou no município de
Pirenópolis, Goiás. À época, 1772, aquele local era chamado de Meya Ponte (ou
Meia Ponte). Um dos primeiros moradores de Meya Ponte foram Luciano Nunes
Teixeira e seu genro, Antônio Rodrigues Frota, que chegaram naquela região pelo
Rio das Almas e logo começaram a minerar ouro daquele rio.
Na época, a Coroa portuguesa
tributava o ouro extraído com o imposto chamado “Quinto”. De todo ouro obtido,
um quinto do montante (20%) deveria ser tributado. Para burlar o pagamento
desse imposto, Antônio Frota teria enchido garrafas com o ouro que extraia e as
enterravam em suas terras. Dizem os escravos eram ameaçados de terem a língua
cortada e os olhos perfurados caso alguém descobrisse algo sobre as garrafas.
Dessa forma, os dois homens
enriqueceram e construíram várias edificações em Meya Ponte, como a Igreja de
Nossa Senhora do Monte do Carmo e um grande castelo pessoal, chamado de
“Castelo do Frota”. Na época diziam na região que “era mais fácil o rio das
Almas voltar e subir a serra, do que o ouro daquela família acabar”. A
ostentação era tamanha que a mulher e filhas de Antônio esbanjavam roupas e
adornos, e até mesmo colocavam ouro em pós em seus cabelos.
O tempo passou e a família viveu
no luxo até que Antônio e a esposa morreram. As filhas continuaram desfrutando
do ouro até que juízes lhe tomaram tudo, e elas passaram a viver miseravelmente.
A lenda das garrafas de ouro teria terminado nesse ponto, mas a construção da
Casa das 365 Janelas reacendeu esse mito na região.
✞O
Palacete do Comendador✞
Em meados do século XIX, o
comendador de Meya Ponte, Joaquim Alves de Oliveira, era um dos homens mais
influentes da região. Joaquim era proprietário de um dos maiores engenhos de
cana-de-açúcar do Brasil, com cerca de 200 escravos e uma tropa de 300 muares.
Ele também teve grande importância na exportação de algodão para a Inglaterra e
fundou o primeiro jornal da região Centro-Oeste, o ‘Matutina Meiapontense’.
O poder que o comendador tinha na
região era tamanho que ele ordenou que fosse construído um casarão com 365
janelas. Cada uma das janelas representava um dia do ano. O local escolhido
para reerguer esse recinto foi um terreno outrora utilizado para a mineração
pela família Frota. Alguns acreditavam que naquelas terras ainda poderiam ser
encontradas algumas lendárias garrafas cheias de ouro enterradas.
O casarão, conhecido como o
“Palacete do Comendador”, se localizava bem no centro de Meya Ponte, onde
atualmente se encontra o Museu da Família Pompeu. Era uma construção bastante
robusta em forma de “H”, que chegava a preencher uma área de aproximadamente 30
mil metros quadrados. Ele era dividido em dois pavimentos de estilo arquitetônico
colonial, com as paredes de adobe (um tipo de tijolo) e janelas de madeira.
Tinha alicerce de pedra, onde se encontravam baldrames, vigas e esteios de
aroeira. Muitos dos materiais utilizados nessa construção foram oriundos do Castelo
do Frota, fato que fomentou ainda mais o boato que talvez as garrafas de ouro
agora estivessem sob posse do comendador. Além disso, não foram poupados gastos
para levantar a edificação. Empregaram-se madeiras finas, acabamento de ouro e
lâmpadas de cristais puríssimos em sua construção.
O pavimento inferior era composto
por amplos salões de recepção e de reuniões, além de escritórios, cozinhas e
áreas de serviços. Já o salão para baile, os cômodos para hóspedes e a
residência particular do comendador se localizavam no pavimento superior.
✞O
fim do casarão e o começo da assombração✞
O tempo passou e o comendador
morreu, sem deixar herdeiros. O casarão então ficou abandonado e se tornou alvo
de saqueadores, que praticamente demoliram o local a procura de objetos
valiosos (como as famosas garrafas de ouro). Além disso, muitos invasores
roubaram até mesmo peças de madeira, esteios e janelas para utiliza-las em
outras construções. Dizem que várias casas nas adjacências da Rua do Rosário e
Rua Aurora foram levantadas com esses materiais. Depois desse fato, alguns
populares afirmaram que o fantasma do comendador assombra essas ruas em buscas
de seus pertences.
Apesar de não existir registros
históricos que comprovem que o casarão realmente existiu, vários relatos de
viajantes da época mencionam o local. Populares também afirmaram que no local
era possível ver as ruínas dos alicerces depois de sua destruição. Uma maquete
representando o casarão está localizada nos jardins do hotel “Quinta Santa
Bárbara”.
✞Referências✞
Agita Pirenópolis à https://cutt.ly/pfgFeyD
Mensagens com Amor à https://cutt.ly/0ff7NzU
Pirenópolis à https://cutt.ly/GfhTklR
Pirenópolis Tur à https://cutt.ly/Mfd4J0A
Toda Matéria à https://cutt.ly/LfhTA7k