sábado, 18 de março de 2023

A CARRUAGEM DE ANA JANSEN – A assombração de uma perversa mulher!

 

Tsug

 

A vida de Ana Jansen

 

Ana Jansen

Ana Joaquina Jansen Pereira, também conhecida como Donana, nasceu em 1787 na cidade de São Luís - MA. Era filha de Vicente Gomes de Lemos Albuquerque e Rosa Maria Jansen Müller, descendentes da nobreza europeia que imigraram para São Luís. Ainda solteira, Donana engravidou de um homem desconhecido, nunca mencionado em nenhum tipo de registro. Á época, ela foi considerada uma mulher duplamente desonrada por ter relações antes do casamento e ser mãe solteira. A consequência disso foi a expulsão de casa, por ordem do próprio pai.

 

Sozinha no mundo e passando muitas dificuldades, ela conheceu o coronel Isidoro Rodrigues Pereira, na época, o homem mais rico da província. Logo ela se transformou em sua amante e foi morar, junto com seu filho, em uma casa cedida por ele. Apesar da sua condição de vida melhorar, ela continuou sendo mal vista pela sociedade. Existia até mesmo uma mulher que personificava toda perseguição que a sociedade tinha com Ana. Seu nome era Rosalina Ribeiro. Quando Vicência, esposa de Isidoro, morreu, ele assumiu sua relação com Ana e se casou com ela. Até a morte de Isidoro, eles permaneceram juntos por 15 anos e tiveram 6 filhos juntos.

 

Ana passou a conduzir os negócios de Isidoro aos 38 anos de idade. Ele gerenciou a produção cana-de-açúcar e algodão na Fazenda Santo Antônio e foi capaz de triplicar a fortuna de seu falecido marido. Ana mantinha um grande número de escravos e exercia grande influência política na região. Ela chegou a se relacionar com o “Partido Liberal Bem-te-Vi” e “Partido Conservador”, sendo muito ativa no financiamento de campanhas de algumas revoltas ocorridas no nordeste, como a “Revolta da Balaiada”. Ela também montou uma central de destruição de água no município. Esses fatos fizeram que ela fosse vista de forma mais respeitada e recebesse o apelido de “Rainha do Maranhão”.

 

Ela chegou a ter mais 4 filhos após a morte de Isidoro, com um amante, o Desembargador Francisco Vieira de Melo. Aos 60 anos ela se separou do amante e se casou oficialmente pela segunda vez, com comerciante paraense Antônio Xavier. Em 1869 Ana morreu aos 82 anos de idade, por causa naturais.

 

Dada a importância que Ana Jansen teve na sociedade maranhense, em São Luís, existem ruas com o seu nome e uma lagoa em sua homenagem. A Lagoa da Jansen é considerada um dos principais pontos de lazer da capital.

 

Lagoa da Jansen - São Luís-MA


 

O lado perverso de Ana Jansen

 

Todo sucesso e prosperidade de Ana também despertava inveja às pessoas. O fato de uma mulher ter um papel de liderança ainda era visto com muito preconceito á época, ainda mais considerando uma mulher com todo histórico de Ana Jansen: impura, mãe solteira e amante. Então logo começaram a surgir várias histórias que tentavam manchar sua imagem. Os principais boatos diziam respeito da forma dura e autoritária na qual ela conduzia seus funcionários e escravos. Dizem que ela chegava até tortura-los e mutila-los quando não concordava com alguma conduta. Há relatos que ela pendurava os escravos de cabeça para baixo e os descia até o fundo de poços. Ela também já os usou algumas vezes como tapete, para não sujar seus sapatos franceses no chão. 

 

Em entrevista concedida ao portal O Estado do Maranhão, o historiador Rodrigo do Norte conta que essas histórias não passam de boatos para difamar Ana: “Ela maltratava escravo assim como toda a sociedade brasileira maltratava, não era exclusividade dela”.




  

O lado sobrenatural de Ana Jansen

 

Após a morte de Ana, começaram a surgir boatos de que seu casarão era assombrado pelas almas dos escravos vitimados por ela. 


Entretanto, a lenda mais famosa sobre Ana Jansen diz respeito a sua carruagem. Dizem que por todas as maldades feitas em vida, ela foi condenada a passar a eternidade vagando nas ruas com sua carruagem. De acordo com os relatos, nas madrugadas de quinta para sexta-feira de lua cheia, seu veículo perambula pela cidade, tendo ponto de partida o cemitério do Gavião. A carruagem é conduzida por um esqueleto de escravo decapitado, coberto de sangue. O veículo não é puxado por cavalos normais. Nos lugar deles, há cavalos também decapitados. Também já foram vistos até mesmo mulas-sem-cabeça puxando sua carruagem. Por onde passa, a carruagem emite horripilantes sons que misturam a lamentação dos escravos e o atrito de velhas ferragens sendo arrastadas pelas ruas.

 

Dizem que quando uma pessoa se depara com essa manifestação, o fantasma de Ana Jansen sai do interior da carruagem e lhe concede uma vela acesa. Quando a escuridão da noite vai embora e os primeiros raios de sol começam a surgir, as vítimas conseguem ver que na verdade aquela vela é um osso de defunto.

 

Acredita-se que a lenda da carruagem de Ana Jansen lenda sido inspirada em contos relacionados a outros personagens reais da aristocracia de uma localidade, também envolvidos com atrocidades em vida, como é o caso de o Vlad, o Empalador na Romênia (o verdadeiro Drácula), Gilles de Rais na França e Isabel Bathory na Hungria.

 



 

Referências

 

Academia Maranhense à https://cutt.ly/TjAlwG8

Aventuras na História à https://cutt.ly/JjTrPGl

Info Escola à https://cutt.ly/RjAlQKK

Lendas do Maranhão à https://cutt.ly/QjUFPr5

O Redescobrimento das Américas à https://cutt.ly/ijOvPNP

Wikipedia à https://cutt.ly/JjYtuuM