quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

PÈRE FOUETTARD – O cruel ajudante do Papai Noel!

 

Tsug

 

O blog "Cabana do Terror" agora tem um canal no Youtube! Confira a matéria sobre o Père Fouettard em formato de vídeo, clicando no play abaixo:





Papai Noel e seu perverso ajudante

 


O Natal é uma festividade cercada de positividade e simbologia. Dentre esses símbolos, destacam-se o menino Jesus, as árvores enfeitadas, os bonecos de neve e o Papai Noel. O bom velhinho talvez seja um dos símbolos mais charmosos desse período, uma vez que ele está sempre cercado de elementos amigáveis, como ótimos presentes, simpáticos duendes e renas mágicas.

 

O que muitas pessoas não sabem é que outros tipos de criaturas, não tão amigáveis quanto os gnomos e as renas, também acompanham o Papai Noel na sua jornada na noite de Natal. Uma dessas criaturas é o Père Fouettard que exerce uma função totalmente oposta ao do bom velhinho: ele castiga as crianças más!

 

 

Origem

 

Essa lenda data de 1150 e surgiu em uma região entre a França, Bélgica e Suíça. Père Fouettard era um açougueiro que, juntamente com sua esposa, sequestrava crianças ricas para roubá-las. Certa ocasião ele capturou 3 crianças enquanto elas se caminhavam para se matricularem em um internato religioso (existe também a versão que diz que as crianças foram até a casa de Père Fouettard pedir comida depois de se perderem em uma floresta). Ele teria as dopado e depois as cortado em pedaços, colocando-os em um barril de salmoura onde havia pedaços de carne de porco (uma estratégia para aumentar o rendimento de seu produto).

 


Depois disso, um famoso bispo turco, que depois seria canonizado como São Nicolau, apareceu em sua casa e o açougueiro tentou agradá-lo, oferecendo sua “melhor carne”. São Nicolau teria notado a origem daquela carne e executou um milagre: ele ressuscitou os meninos e os levou de volta para casa de seus pais. Depois disso, o açougueiro se mostrou muito arrependido. Graças à clemência de São Nicolau, o açougueiro se tornou seu assistente e passou a segui-lo como forma de buscar perdão pelos pecados cometidos.

 

Desde então, Père Fouettard acompanha São Nicolau durante as festividades de seu dia (6 de dezembro). Nascido em família rica, São Nicolau nunca ansiou desfrutar uma vida de tranquilidade e luxo. Ao invés disso, ele escolheu compartilhar sua riqueza e levar uma vida dedicada a ajudar a tornar o mundo melhor. Então ele partia em várias jornadas dando presente às crianças bem comportadas, como chocolates e sapatos.

 

Por outro lado Père Fouettard fazia o “serviço sujo”. Ele punia as crianças malcriadas, dando-lhes carvão no lugar de presentes e em casos mais graves até mesmo as castigava com seu chicote. Por causa disso, ele também é conhecido pelas alcunhas de “Pai do Chicote” e “Velho do Chicote”. Em alguns países ele ainda é conhecido como Hans Trapp. Dizem que o principal alvo dele são crianças que não se comportam adequadamente com seus pais e não fazem orações. Algumas crianças muito mal comportadas podem ainda ser até mesmo sequestradas por ele, sendo posteriormente alvo de sua prática canibal.

 

Outra vertente acredita que a lenda tenha surgido durante a Guerra Italiana, quando o rei francês Henrique II declarou guerra ao sacro imperador romano, Carlos V, com a intenção de impedir o avanço do Império Romano sobre as terras francesas. Em uma batalha chamada “Cerco de Metz”, ocorrida em na cidade francesa de Metz em 1552, a estátua do Rei Carlos V foi queimada e arrastada pela população resistente. No local em que ela se situava, curtidores a substituíram por uma estátua de um homem armado com chicote e correntes, chamada de “Pai do Chicote”. Quando a batalha se cessou e a cidade foi liberada, os civis que retornaram se depararam com aquela estátua. Esse evento coincidiu com a festividade de São Nicolau, então logo foi feita a associação daquela estátua com a contraparte negativa do santo.

 

 

Aparência

 

Père Fouettard é descrito como um homem de rosto sinistro e cheio de fuligem, que veste roupas escuras, tem cabelos e barba compridos e desgrenhados que ocupam boa parte de seu rosto. Sempre armado com um chicote do tipo martinet e um bastão grande, ele também porta um saco na qual algumas crianças podem ser colocadas e levadas. Nas suas costas ele também leva alguns feixes de madeira. Algumas representações o mostram quase idêntico a São Nicolau/Papai Noel, mas usando trajes negros.

 

Dizem também que ele é bastante barulhento. Ele anda estalando seu chicote, chocalhando correntes e tocando sino. Seus passos são tão pesados que podem ser ouvidos a distância.

 

Outras representações o ilustram como um homem negro, em alusão a fuligem das chaminés que grudam em sua pele quando ele desce por elas. Entretanto, grupos protestaram contra um possível teor racista dessa representação e pediram a abolição do personagem.




  

Acompanhantes de São Nicolau

 

Em diferentes países europeus, é descrito que seres monstruosos, além do Père Fouettard, também acompanham São Nicolau durante sua festividade. Eles também são considerados uma contraparte negativa do santo. Enquanto São Nicolau age como uma boa pessoa, presenteando crianças merecedoras, os outros acompanhantes desempenham a função de castigar as crianças mal comportas. São exemplo dessas criaturas, além do Père Fouettard, o Krampus, Necht Ruprecht, Schmutzli, Frau Perchta (uma bruxa austríaca), Jólakötturin (um ser mitológico felino de origem islandesa) e Zwarte Piet (também chamado de Peter Negro, uma versão holandesa do Père Fouettard).

 

Da mesma forma que o Père Fouettard, vários desses personagens também são associados ao Papai Noel e à festividade no Natal. O motivo dessa ligação será mais bem explicado no tópico a seguir.




 

 

Relação com o Papai Noel

 

Muitos leitores que chegaram até esse ponto do texto não devem estar entendendo uma coisa: se o Père Fouettard foi apresentado como um acompanhante do Papai Noel no início do texto, por que toda sua origem está relacionada a São Nicolau? Quando o bom velhinho será incluído nessa estória?

 

As respostas para essas questões são muito simples. Como o Dia de São Nicolau é próximo ao Natal, com o passar do tempo as duas celebrações se fundiram em muitos países. Ambas passaram a ser celebradas no dia 25 de dezembro. Dessa forma, a simbologia de São Nicolau em presentear crianças boas se tornou parte da celebração do Natal. Por isso as pessoas começaram a trocar presentes nessa celebração e essa se tornou a principal data comercial do ano.


 Entretanto, São Nicolau tem uma representatividade bastante limitada. Em outras palavras, ele abrange apenas a crença de parte das pessoas que seguem o cristianismo, ou seja, os católicos. Outras religiões (até mesmo aquelas dentro do próprio cristianismo, como os protestantes) não viam motivo para comprarem presentes no Natal, já que essa era uma prática ligada ao dia de São Nicolau. Então para desassociar a imagem dos presentes à religião e fomentar ainda mais a economia durante o Natal, surgiu a imagem do Papai Noel para substituir São Nicolau. O Papai Noel funcionaria como símbolo essencialmente econômico, deixando toda a religiosidade de lado. Apesar da mudança de conceitos, a imagem do Papai Noel foi totalmente inspirada em São Nicolau: um bom velhinho que presenteia as boas crianças. Alguns outros elementos foram adicionados para distingui-lo do santo, como os gnomos, as renas e sua casa no Polo Norte. Mas de uma forma em geral, Papai Noel foi apenas um “nome fantasia” atribuído a São Nicolau, de forma a deixa-lo popular em outras crenças além do catolicismo. Dessa forma, todos os aspectos que cercavam São Nicolau acompanharam o Papai Noel, incluindo o Père Fouettard (assim como seus outros assistentes macabros, como o Krampus, Frau Perchta, etc...).

 

Só a título de curiosidade, a imagem do Papai Noel atual foi uma invenção norte-americana inspirada em São Nicolau, feita pelo desenhista Clement C. Moore em 1822. Mais tarde (a partir da década de 1930), o Papai Noel ganharia ainda mais popularidade com sua imagem sendo fomentada nas campanhas publicitárias da Coca-Cola durante o Natal.

 

Por causa da inspiração em São Nicolau, atualmente o Père Fouettard é considerado um elemento natalino que representa a contraparte do bom velhinho, praticamente um anti-Papai Noel. Ele acompanha o bom velhinho nas noites de Natal para punir as crianças que se comportam mal, presenteando-as com carvão e até mesmo as chicoteando.


 

 

Père Fouettard na cultura popular

 

O personagem Père Fouettard é citado algumas vezes na cultura popular, principalmente na França. O Père Fouettard é citado na música “La Fille du Père Noël” (A Filha do Papai Noel) de Jacques Dutronc. Nessa canção é mencionado que o filho do Père Fouettard tem uma queda pela filha do Papai Noel. Ele também é mencionado na canção na canção "Venez Venez St. Nicolas" de Alain DeLorme. Uma peça de piano criada em 1848 por Robert Schumann intitulada como Knecht Ruprecht (outro companheiro de São Nicolau, conforme já abordado) também foi conhecida popularmente como “Le Père Fouettard”.

 

Em Paris, existe um restaurante chamado “Le Père Fouettard” na rua Pierre Lescot. A rede de perfumes francesa chamada “Black Phoenix Alchemy Lab” criou uma linha de fragrâncias chamada “Le Père Fouettard” em 2008, produzida a partir de couro de chicote, pó de carvão, gaufrette e alcaçuz preto.

 

A animação “Le Monde secret du Père Noël” (O Mundo Secreto do Papai Noel) trouxe o Père Fouettard como antagonista . Nessa ocasião ele foi rebatizado de “Gruzzlebeard”.




 

Referências

Coca Cola à https://cutt.ly/QdKclpT

Curious Rambler à https://cutt.ly/MdVStoX

French Entrée à https://cutt.ly/jdVZauF

History Answers à https://cutt.ly/OdPY2Pf

Holidappy à https://cutt.ly/SdF8y6Z

Oásis à https://cutt.ly/HdKfeuC

Wikipedia à https://cutt.ly/xdT02Q2

 

 

 

 

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

FANTASMA DE NEUTEL MAIA – A assombração da gameleira!

 

Tsug


O blog "Cabana do Terror" agora tem um canal no Youtube! Confira a matéria sobre a lenda de Neutel Maia, clicando no play abaixo: 





Neutel Maia, o fundador de Rio Branco - AC

 

Rio Branco, capital do Acre, foi um município fundado em 28 de dezembro de 1882 pelo Cearense Neutel Maia. Tudo começou um ano antes, quando Neutel embarcou no navio a vapor “Apihy” e subiu o Rio Acre, a procura de terras para praticar a extração do látex de seringueiras. Em certo ponto do rio, ele se deparou com uma belíssima gameleira em sua margem. Encantado com aquela árvore, ele escolheu aquele ponto para estabelecer seu acampamento e explorar a região. Logo ele começou a prosperar com suas empresas seringalistas (Volta da Empreza) e de comercialização de gado (Casa NEMAIA & Cia), sendo um dos principais personagens relacionados ao progresso e estabelecimento daquela região como uma comunidade. Inicialmente, a comunidade recebeu o nome de Volta da Empreza, já que o seringal de Neutel era o centro de toda movimentação daquele local. Com a assinatura do Tratado de Petrópolis em 1903, foi criado o território federal do Acre e aquele local passou a ser chamado de Villa Rio Branco. Rio Branco passou a ser considerada a capital daquele estado apenas em 1920.



 Tempos depois, Neutel partiu do Acre e se mudou para o Rio de Janeiro. Por ironia do destino ou pura coincidência, ele foi vítima de um atropelamento na cidade maravilhosa em plena Avenida Rio Branco (o mesmo nome da cidade que ele ajudou a fundar!).

 



 

O fantasma da gameleira

 

Dizem que Neutel gostava muito da região de Rio Branco, cidade que o próprio teve papel fundamental na formação. Sua saída do Acre ocorreu contra sua própria vontade. Algumas fontes afirmam que ele se envolveu em intrigas políticas e sua presença lá se tornou insustentável. Em 1889 ocorreu a Revolução Acreana, na qual Brasil e Bolívia estavam reivindicando aquele território. Por questões comerciais Neutel se posicionou favorável aos bolivianos, mas isso lhe causou muito transtornos, incluindo até mesmo sua prisão. Com a situação ficando insustentável, Neutel se sentiu obrigado a deixar àquela região que tanto tinha apreço. Antes de embarcar para o Rio de Janeiro, Neutel teria rogado uma praga e amaldiçoado aquela cidade que ele mesmo havia fundado.

 

Conforme já mencionado, no Rio de Janeiro Neutel foi vítima de um atropelamento, coincidentemente na Avenida Rio Branco. Depois de sua morte, alguns acreanos que moram próximos à gameleira em que Neutel havia instalado seu acampamento, afirmaram ter visto o vulto de um homem sentando sob a árvore. O mesmo vulto também foi visto caminhando ao entorno dela. Para muitos, aquela manifestação nada mais é que o espírito do próprio Neutel Maia. Neutel era tão ligado àquele local e ficou tão indignado de ter de deixar Rio Branco, que sua alma não conseguiu ir adiante após a morte e permaneceu próxima à gameleira.

 





 A gameleira atualmente

 

Tombada como Monumento Histórico em 1981, a gameleira tem cerca de 20 metros de altura e 2,5 metros de diâmetro. Com o desenvolvimento de Rio Branco, a urbanização alcançou aquele local. Hoje, à margem da gameleira está situada a Rua da Cunha Matos.

 

Atualmente o local é um dos principais pontos turísticos de Rio Branco. Em 1988 foi construído um calçadão à margem do Rio Acre, bem na altura onde a gameleira está situada. Após uma revitalização da região em 2002, fomentou-se ainda mais o turismo, o lazer, a atividade física e as atrações culturais naquele local.

 



 

Referências

Amino à https://cutt.ly/bd2ewVF

G1 à https://cutt.ly/ud9hW3a

Paranormal Pax à https://cutt.ly/hd0iGek

Veredas Poéticas de Juvenal Antunes à https://cutt.ly/Ed9g86o