sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

GRÝLA – A bruxa do Natal!

 

Tsug

 

Introdução

 

Grýla, também conhecida como Grýlur, Grýlu-Brandr ou Bruxa do Natal, é um dos mais antigos personagens do folclore islandês. Ela age no período natalino raptando crianças com mau comportamento para se alimentar delas.

 



 

Origem

 

O nome “Grýla” é normalmente traduzido como “aquela que aterroriza”, mas também pode ter se originado da palavra norueguesa “gryle” que significa “rosnado”. Até o século XIII “grýla” era usado como um sinônimo da criatura monstruosa conhecida como troll, mas posteriormente a palavra foi usada para nomear a bruxa que comia crianças no Natal. Grýla é originalmente citada como um troll em um livro da mitologia nórdica chamado “Prose Edda” ou “Snorra Edda”, datado do século XIII.

 

 

Aparência

 


Inicialmente ela foi descrita como uma mulher gigante e de aparência repulsiva, provavelmente sendo um híbrido de humano com troll.  A descrição da sua aparência varia desde uma velha cadavérica, magra e pavorosa, até um ser grotesco com chifres, cascos fendidos, presas animalescas e apodrecidas, e olhos vermelhos ou amarelos brilhantes.

 

Em 1570 um poema do padre Guðmundur Erlendsson também descreveu Grýla como um troll de pele cinzenta que comia crianças, partindo seus ossos para sugar o tutano.  Ainda no século XVI ela foi descrita como uma velha magra que está sempre salivando e apressada.

 

No compilado de estórias islandesas chamado “Saga de Sturlunga” organizado no século XV, Grýla é referida como uma gigante ou uma ogra que causa terror e perigo. Também é citado que ela possui de 15 a 40 caudas e que carregava 100 sacos, cada um com uma capacidade de comportar 20 crianças. Outras descrições de Grýla dizem que ela tinha 300 cabeças e 3 olhos em cada uma delas. Outro relato afirma que ela tem unhas podres, olhos atrás da cabeça, chifres de cabra, as orelhas penduradas até os ombros e presas ao nariz. Seu queixo é barbudo e seus dentes são escuros como carvão.

 

Em meados dos séculos XVII a XIX começaram a ligar a figura de Grýla com o Natal. Poemas a descreviam como uma mendiga que vivia em cabanas ou cavernas bem isoladas nos campos de lava de Dimmuborgir, Islândia. A partir do século XX Grýla deixou completamente de ser descrita como uma criatura monstruosa para adotar a aparência de uma bruxa clássica, obesa, com nariz fino e comprido.

 

No livro “Stafrófskver” escrito por Jónas Sveinsson em 1873, Grýla é citada como uma bruxa corcunda, de cabelos compridos e grisalhos, vestido preto e sapatos com bicos pontiagudos, unhas vermelhas, pele escamosa, orelhas de abano, olhos de gatos e dentes acavalados que não permitem com que sua boca se fechasse. Por onde andava ela espalhava gotas de sangue que pingavam dos pedaços de crianças que carregava.

 



 

Características

 

Grýla possui a capacidade de reconhecer as crianças de mau comportamento. Através do faro, a bruxa do natal é capaz de identificar crianças que mente para os pais, que bate nos irmãos e que não se portam adequadamente. Durante o Natal, ela sai dos campos de larva em direção às cidades para raptar as crianças desobedientes. Ela bate à porta das casas pouco antes da ceia para pedir comida e assim descobrir se existem crianças vivendo ali. Com um saco gigante ela carrega as crianças e volta para sua cabana, onde ela prepara um guisado com elas. Isso mesmo, Grýla devora as crianças com um apetite insaciável.

 

Ela também pode agir atraindo crianças com até um celeiro, prometendo dar doces ou presentes. Mas ao chegar ao celeiro, ela coloca a criança em um saco e foge para sua cabana. Por causa disso, existe uma crença na Islândia que facas são objetos de bom agouro, pois com elas é possível cortar o saco e escapar das garras de Grýla.



Em algumas versões da lenda, Grýla não rapta crianças desobedientes no Natal para devorá-las, mas sim vai atrás de crianças que tenham comido carne durante a quaresma. Já nos poemas do escritor islandês Jóhannes Kötlum, Grýla é uma velha que vive com seus filhos e gato. Nessa narrativa, ela recorre ao canibalismo não com o intuito de penalizar crianças desobedientes, mas sim para não morrer de fome.

 



 

Família

 

Grýla e sua família vivem nos campos de lava da região de Dimmuborgir, Islândia. Dizem que ela teve três maridos e dezenas de filhos (estima-se um número aproximando de 72). Muitos desses filhos morreram ainda bebês, mas ela continuou os mantendo no berço como se fossem crianças normais. Treze de seus filhos são conhecidos como “Yule Lads” ou “Yulemen”. Eles representam a versão islandesa do Papai-Noel, já que eles tem o habito de presentear crianças comportadas durante as 13 noites que antecedem o Natal. Entretanto, quando os “Yule Lads” se deparavam com uma criança desobediente eles a presenteiam com um pedaço de carvão. Além disso os “Yule Lads” denunciam essas crianças desobediente para Grýla, que na mesma noite sai à procura delas. A partir do século XX com a representação do Papai-Noel norte-americano se popularizando na Europa, os “Yule Lads” começaram a ser representados cada vez menos parecidos com trolls e mais parecidos com o bom velhinho. Cada um dos “Yule Lads” tem características e comportamento próprios, mas isso é tema para outro artigo de terror natalino.

 

Seus dois primeiros maridos chamavam Gustur e Boli. Eles eram canibais preguiçosos que ficavam deitados o dia todo, esperando que Grýla tratassem deles. Quando Grýla se entediou com essa situação, eles também foram alvos do seu voraz apetite. Seu terceiro marido é Leppalúði, um ogro ou troll gigante também relacionado ao folclore natalino da Islândia, sendo esse o pai dos 13 “Yule Lads”.

 


Grýla também possui um gato chamado “Yule Cat” ou “Jólakötturinn”. Ele é descrito como um gigante gato preto, com presas afiadíssimas e olhos cor de fogo, que come pessoas que não estão usando roupas novas no Natal.  Ele protege a caverna onde Grýla vive e não permite que ninguém a adentre. As vezes Grýla precisa colocar o “Yule Cat” para fora da caverna, pois ele ameaça comer até mesmo os filhos da bruxa. Por outro lado, quando “Yule Cat” trás uma criança desobediente para a caverna, ele é presenteado com algumas fatias de carne.


  


Como evitar

 

Existem algumas formas de evitar com que Grýla adentre as casas e leve a crianças desobedientes com ela. Por meio de orações e músicas natalinas, é possível afugentar a bruxa e assim prevenir que ela se aproxime de uma moradia.

 

Além disso, caso a criança se arrependa e assuma o erro junto aos pais, ela perde o cheiro característico que Grýla consegue detectar. Ao invés disso, a criança começa a emanar um odor desagradável ao faro de Grýla, que por sua vez não é mais capaz de devorá-la.

 

Mesmo quando Grýla captura uma criança existe uma forma de escapar. Conforme abordado anteriormente, facas são considerados objetos de sorte na Islândia justamente pelo fato de possibilitar que as crianças raptadas por Grýla consiga rasgar o saco e escapar.

 



 

Proibição

 

Muitos pais usaram a lenda da Grýla para, por meio do medo, tentar disciplinar as crianças. Diante disso, muitas crianças começaram a ficar traumatizadas temendo serem levados por ela. Além disso, devido à posição geográfica da Islândia, praticamente não há sol na época de Natal. A escuridão paira ao longo de todo o dia, contribuindo para que as crianças tenham ainda mais medo das criaturas místicas como a Grýla. De acordo com Brian Pilkington, funcionário do Museu Nacional da Islândia “as crianças têm muito medo de Grýla (...), visitei escolas infantis para demonstrar habilidades de desenho e, se desenho Grýla, duas ou três crianças apavoradas têm que sair da sala porque é muito forte para elas. Isso é folclore vivo.”

 

Para contornar tal problema, na Islândia foi publicado um Decreto Público em 1746 proibindo que a lenda da Grýla fosse contada às crianças.

 

 


Outros países

 

Fora do território islandês existem lendas que remetem a personagens com vários aspectos semelhantes à Grýla, considerando sua aparência e/ou comportamento. São exemplos disso o Ketthontla na Finlândia, Kit Huntlin na Escócia, Bertha na Alemanha e a Cuca no Brasil.


 

Cultura Popular

 

Grýla e seus filhos apareceram no especial de Natal em 2018 da série “O Mundo Sombrio de Sabrina”, da Netflix. Entretanto, nessa ocasião ela aparece como uma bruxa poderosa que protege crianças maltratadas, não um monstro que tem a intenção de devorá-las. No seriado “Extra Mythology” ela, seus filhos e seu gato também fazem uma participação.

 

Comumente Grýla é usada como decoração natalina na Islândia. Em vários locais são colocadas estátuas de Grýla com seu caldeirão, onde os turistas adentram para tirar fotos.

 



 

Referências

 

Guide to Iceland à https://bit.ly/3oTfcCn

Mental Floss à https://bit.ly/3mAisja

Mundo Tentacular à https://bit.ly/3A0kxtm

Portal dos Mitos à https://bit.ly/3D4X6Rn

Smithsonian à https://bit.ly/3Dp3djA

Wikipedia à https://bit.ly/3uqGG2S

domingo, 5 de dezembro de 2021

VAMPIRO DE MONTE SANTO DE MINAS – O criminoso alucinado por sangue!

 Tsug

 

Benedito e o vampirismo

 

Benedito Gomes Rodrigues é um assassino em série acusado de matar 16 pessoas em sete Estados diferentes. Ficou conhecido como vampiro, tanto pelo fato de consumir o sangue de alguma de suas vítimas, quanto pelo formato de seus dentes: não havia dentes incisivos e molares em sua arcada superior, apenas os caninos se destacavam, como a boca de um vampiro.

 

Nasceu em Lagoa da Prata – MG na década de 1930 (ninguém sabe ao certo a data exata de seu nascimento). Pela falta de oxigenação no cérebro enquanto ainda estava no ventre da sua mãe, Benedito nasceu portando um déficit mental. Sua mãe morreu quando ele tinha apenas três anos de idade, portanto ele foi criado pelo pai enquanto ele ainda tinha que lidar com o cotidiano da roça. Seu pai era alcoólatra e comumente agredia Benedito e seus cinco irmãos.

 

Vivendo naquele tipo de ambiente e já tendo uma predisposição pelo déficit mental, não demorou muito para que Benedito começasse a expressar desvios comportamentais. Aos oito anos de idade ele começou a apresentar um distúrbio psicológico derivado do canibalismo, chamado “vampirismo”. Ele tinha uma espécie de fascinação por sangue e chegava até mesmo matar alguns animais da roça apenas para poder ver seu sangue. Tendo o pai como exemplo, Benedito também se entregou às bebidas e aos 18 anos já era considera alcoólatra. Ele se tornou um andarilho que vagava por fazendas a procura de trabalho como lavrador para conseguir sobreviver.

 



 

Benedito toma gosto pela morte

 

Um ano depois, aos 19 anos de idade, Benedito havia chegado até uma fazenda que ficava na divisa entre os estados do Amazonas e Mato Grosso. Lá ele cometeu os primeiros homicídios que marcariam sua trajetória: ele se desentendeu e assassinou três trabalhadores rurais. Após ser preso, ele assumiu tudo aos policiais sem demonstrar o menor remorso.

 

Pouco tempo depois ele conseguiu fugir da prisão e se transformou em um assassino em série, que matava sem motivação e sem remorsos. Entre 1948 e 1967 Benedito cometeu pelo menos 16 homicídios e em muitos desses crimes ele consumia o sangue de suas vítimas. Durante sua trajetória, ele chegou a usar diversos nomes falsos para não chamar a atenção das autoridades, como Alexandre Gomes Rodrigues, Benedito Gomes da Silva e Alexandre Gomes da Silva.

 

Em 1961 ele faz outra vítima fatal em Matão – GO: matou um homem a golpes de faca. Em seguida ele foi deixando um rastro de morte próximo à vias-férreas de algumas cidades. Em Porto Alegre - RS ele atirou contra dezenas de pessoas em um baile e ainda incendiou o lugar antes de fugir. Ele também tentou assassinar várias pessoas em um baile em Anápolis - GO. Em Ituiutaba - MG ele assassinou um homem por razões nunca esclarecidas. Em Curitiba - PR ele matou duas pessoas a tiros durante um jogo de baralho. Tempo depois, Benedito estava morando em uma casa em Uberlândia - MG quando um viajante bate em sua porta a noite pedindo por comida e abrigo. Ele o acolheu, mas aproveitou a primeira oportunidade que teve para mata-lo e esquartejar seu corpo, enterrando-o no fundo do quintal. Investigações policiais estimaram que ele chegou a percorrer mais de 15.000 km para cometer esses crimes.

 



 

Benedito se torna conhecido como vampiro

 

Em 1966 ele se muda para Bambuí - MG como uma companheira, chamada Francisca. Após uma discussão por uma garrafa de cachaça, Benedito a mata com golpes de peixeira. Depois de mata-la, Benedito não resistiu e pela primeira vez, ele bebe o sangue de sua vítima. Benedito decidiu voltar para sua cidade natal, Lagoa da Prata - MG. Chegando lá, ele matou sua própria prima, uma menina de 9 anos de idade, e uma testemunha que havia flagrado a cena. Em 1967 ele tentou matar outra companheira, mas a mulher foi salva quando caçadores ouviram seus gritos de socorro. Ele chegou novamente a ser preso, mas como ninguém no local sabia que estava relacionado aos outros crimes, ele acabou sendo solto.

 

Logo em seguida ele chega a Monte Santo - MG, onde aconteceria o incidente que faria sua fama se espalhar. No local, ele matou duas crianças. Jair dos Reis (6 anos) e Darci dos Santos (7 anos) brincavam com uma bola, quando essa foi chutada para longe, caindo bem próximo aonde Benedito estava. Ele aproveitou da aproximação das crianças para mata-las e sugar seu sangue através de cortes nos pulsos, deixando seus corpos próximos à linha do trem. No local ele era visto com muita desconfiança por causa de sua aparência e comportamento estranhos, então logo ele foi associado aos assassinatos.

 

Benedito fugiu de Bambuí - MG e 12 dias depois ele chega a Aguaí - SP onde também assassina uma criança chamada Toninho, capturando-o enquanto ele voltava da escola para casa. Dessa vez ele é capturado e novamente sem o menor remorso confirma todos os crimes. Por ser considerado individuo com sofrimento mental, Benedito não pode ser colocado em uma prisão normal. Ele foi encaminhado ao Manicômio de Franco da Rocha em São Paulo onde ficou preso pouco mais de 20 anos. Entretanto, ele conseguiu escapar do manicômio em 1991 e desde então é dado como desaparecido. Nenhuma outra informação sobre Benedito foi obtido desde então. Onde será que o vampiro de Monte Santo de Minas está? Pode estar mais perto do que imagina...

 



 

Referências

 

Diário News RS à https://cutt.ly/Ng9lJVY

Histórias Assombradas à https://cutt.ly/dhpPIa3

Linha Direta à https://cutt.ly/dhi4s7N

 

domingo, 28 de novembro de 2021

A HISTÓRIA DA VIÚVA MACHADO – A LENDA DA PAPA-FIGO DE NATAL-RN!

 Tsug

 

A história de Amélia Machado

 

A viúva Machado é uma das mais famosas lendas de Natal, capital do Estado do Rio Grande de Norte. Quem inspirou a origem dessa lenda foi Amélia Duarte Machado, nascida em 1881. Em 1904, Amélia se casou com Manoel Duarte Machado, um rico português que tinha posse de várias terras (dizem que todo o terreno dos bairros Morro Branco e Nova Descoberta pertenciam a ele) e era proprietário da “Despensa Natalense”, uma dos maiores comércios do bairro da Ribeira. Lá eram vendidos diversos gêneros alimentícios como farinha de trigo e de mandioca, açúcar e sal, verduras, frutas, conservas e carnes, além de bebidas nacionais (cachaça) e importadas (vinho português). Também vendia alguns materiais para construção, como a madeira cedro, originada da Índia. Manoel também foi conhecido por ser um incentivador da aviação, ao doar algumas de suas terras para construção do campo de pouso de Parnamirim.

 



 

Amélia fica viúva e se transforma na “Papa-Figo”

 

Manoel morreu em 1934 e deixou toda sua grande herança para Amélia. Ela passou a administrar todos seus bens, uma vez que ele não tinha deixado herdeiros. Uma mulher assumir tantos negócios importantes não era algo comumente observado na época, no qual as mulheres eram vistas apenas como mães e esposas. Antes da morte de Manoel, Amélia tinha uma vida de socialite, cuja única preocupação era organizar jantares para reunir a alta sociedade potiguar. Então de certa forma, a nova função exercida por Amélia passou a ser vista como uma ameaça à ordem social de Natal. Muitos outros comerciantes se aproximaram dela para tentar se aproveitar daquela riqueza, mas Amélia não cedia. Ela era tão competente com os negócios quanto o falecido marido. Então ela passou a ser vista como uma mulher autoritária e mandona pela sociedade. Por ser uma mulher sozinha e bem sucedida, o que fugia para o padrão da época, cada vez mais a imagem de Amélia foi sendo distorcida até surgir a figura da Papa-Figo.

 

Apesar de não ter filhos, Amélia gostava muito de crianças e sempre convidava os filhos de parentes e amigos próximos para irem até sua casa comer doce e brincar. Amélia tentou por algumas vezes ser mãe, mas vários abortos a acometeram até que ela desistisse da ideia. Algumas fontes afirmam que ela chegou a sofrer mais de dez abortos.

 

As pessoas que se incomodavam com o sucesso da viúva se aproveitaram da aproximação dela com as crianças para fomentar histórias que manchassem sua reputação. De acordo com os boatos, ela atraia as crianças ou as raptava das ruas com o intuito de comer seus fígados! O objetivo de Amélia com isso seria atenuar os sintomas de uma maldição que caiu sobre ela. Dizem que ela teria feito pacto com o diabo para poder ficar rica. Em troca disso, as forças demoníacas havia roubado toda sua beleza, deixando-a deformada. Apenas o consumo regular de fígado de crianças era capaz de evitar que essas mudanças físicas se expressassem.

 

Amélia realmente teve uma doença, chamada Síndrome de Treacher Collins, que causou uma deformação em sua face, deixando suas orelhas grandes e disformes. Isso fomentou a parte da lenda que ela se tornava um ser deformado e que tinha que comer os fígados para se curar dessa moléstia.

 

Algumas vezes que saiu de casa, Amélia chegou a ser agredida verbalmente com frases como “Lá vem a papa-figo!”. Todos esses boatos associado com o acometimento da doença fizeram com que Amélia se tornasse uma pessoa ainda mais reclusa. Esse distanciamento social aumentou ainda mais o mistério que a cercava. De acordo com o pesquisador Rostand Medeiros, “consta que ela recebia poucas visitas, saía pouco de casa (até porque tinha uma igreja na porta) e ainda sofria de uma estranha doença, onde se comentavam que suas orelhas eram muito grandes”. Ela passou grande parte da vida reclusa e isolada até sua morte, aos 100 anos de idade. Muitos se questionaram se o hábito de comer o fígado das crianças teria sido o segredo de tamanha longevidade.

 

Com o passar do tempo, a Papa-Figo se transformou em uma ferramenta usada pelos pais para tentar domar e educar seus filhos. Muitas mães para tentar corrigir seus filhos ainda noi dias de hoje falam: “Me obedeça, menino, ou vou chamar a Viúva Machado para comer o teu fígado!”.

 

Em certa ocasião Amélia chegou a comentar sobre sua fama de Papa-Figo. Isso aconteceu quando o jornalista Vicente Serejo do jornal “O Poti” a entrevistou em 1978. A matéria mostra que Amélia era uma mulher muito reservada, mas muito sensível e bondosa, o que contrastava com a imagem dela construída pelo imaginário popular.

 

Amélia Duarte Machado - foto real


 

A casa da Viúva Machado

 

A casa onde a viúva Machado viveu acabou se tornando um ponto turístico de Natal. Ela foi construída em 1910 por Jorge Maranhão, irmão de Alberto Maranhão (ex-governador do Rio Grande do Norte) e ficava no bairro Guarapes, bem a frente da Igreja do Rosário dos Pretos. Tem o estilo Art Decó, com falsas colunas e falsas varandas. Manuel Machado adquiriu esse imóvel em 1920 e nele viveu até sua morte, em 1934. Por muito tempo, muitas pessoas evitaram passar em frente a casa, temendo a assustadora Papa-Figo.

 

O palacete ainda existe e pertence à família Machado. Por ser um imóvel particular não está aberto à visitação. Além disso, empregados já relataram que a família não gosta muito que aquele local seja associado com a lenda da Papa-Figo.

 

 




 

Estudo da vida de Amélia

 

Toda a vida de Amélia Duarte Machado, incluindo seu nascimento, matrimônio, viuvez e o surgimento da lenda da “papa-figo” foi extremamente explorados e detalhadamente analisados em uma dissertação de mestrado defendida por Ariane Medeiros na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, intitulado como “Amélia Duarte Machado, a Viúva Machado: a esposa, a viúva e a lenda na Cidade do. Natal (1900-1930)”. A autora ainda contextualiza como eram as relações sociais da época, que culminaram com o surgimento de toda a lenda. O trabalho pode ser consultado na íntegra no link referenciado ao final desse texto.

 

 

Referências

 

A história está nos detalhes à https://cutt.ly/ogPiLOS

Amélia Duarte Machado, a Viúva Machado: a esposa, a viúva e a lenda na Cidade do. Natal (1900-1930) à https://cutt.ly/YgGvbZk

Avante à https://cutt.ly/vgVQgah

Brechando à https://cutt.ly/9gJY0NW

Lendas do Rio Grande do Norte à https://cutt.ly/rgKOMxH

Natal das Antigas à https://cutt.ly/TgSW7CI

Nisia Floresta por Luis Carlos Freire à https://cutt.ly/IgHswMQ

sábado, 13 de novembro de 2021

AS 10 ENTIDADES MAIS ASSUSTADORAS DO UNIVERSO INVOCAÇÃO DO MAL!

Tsug


O blog "Cabana do Terror" agora tem um canal no Youtube! Confira a matéria em formato de vídeo, clicando no play abaixo:





Introdução

 

O “Universo Invocação do Mal” compreende um universo cinematográfico voltado para o gênero terror. Além de serem obras muito bem produzidas, muitos desses filmes são baseados em fatos reais vivenciados pelo casal demonologista Ed e Lorraine Warren. Logo, o reconhecimento e aprovação pelo público foram inevitáveis e essa se tornou a principal franquia de filmes de terror nos dias de hoje. Outro motivo pelo qual os filmes caíram no gosto dos fãs é devido aos icônicos antagonistas que eles apresentam. Você pode até não ter assistido todos os filmes, mas garanto que em algum momento já de depararam com a figura da boneca Annabelle ou da freira demoníaca Valak. Entretanto o “Universo Invocação do Mal” apresentam muitos outros personagens macabros, que embora não tenham o mesmo reconhecimento, são igualmente assustadores e sombrios. Nessa matéria, vou justamente listar para quais são essas entidades.

 

Em vários momentos do artigo vocês notarão que dois filmes em especial serão citados: “Invocação do Mal 2” e “Annabelle 3: De Volta Pra Casa”. O primeiro se passa numa casa onde um demônio controla vários fantasmas, então naturalmente várias entidades são apresentadas nele. Já no segundo, inúmeros demônios são libertados do museu ocultista dos Warren, então da mesma forma eles apresentaram e introduziram várias entidades desse universo.

  



Samurai

 

A armadura assombrada por um samurai apareceu pela primeira vez em “Invocação do Mal 1” como um objeto decorativo. Sua maior relevância se deu em “Annabelle 3: De Volta Pra Casa” quando foi possível escutar gritos fantasmagóricos aterrorizantes e sons de cortes de katana ecoando dela. Tal armadura pertencia a um samurai que impiedosamente atacou e massacrou pessoas inocentes, incluindo mulheres e crianças. Entretanto quando o samurai morreu, sua alma ficou ligada à armadura, e esse se tornou um objeto mal assombrado.

 




Noiva

 

Outra entidade que apareceu em “Annabelle 3: De Volta Pra Casa”, a noiva é um espírito fantasmagórico que está ligado a um vestido de noiva. Após as mulheres comprarem esse vestido, o espírito as possui e usa uma faca de açougueiro para matar os noivos. Após os ataques, as marcas de sangue misteriosamente somem e o vestido volta a apresentar a cor branca imaculada, a espera de uma nova noiva para adquiri-lo.  Não podemos negar que o uso de imagens de noivas cadáveres e noivas fantasmas não é nada original, mas mesmo assim essas são figuras que sempre causam certo pavor.

 



Black Shuck

 

O Black Shuck foi mais um dos demônios liberados do museu dos Warren durante o terceiro filme da Annabelle. Apesar de ter uma aparência que lembra os lobisomens ou os cães do inferno, o Black Shuck é inspirado em uma criatura do folclore inglês, que parece ter o corpo composto por uma espessa névoa negra. 

 



 

Barqueiro

 

Pessoalmente falando, o barqueiro foi um personagem que chamou muito minha atenção quando apareceu em “Annabelle 3: De Volta Pra Casa” e acredito que ele merecia ganhar um filme próprio. Ele é inspirado na figura da mitologia grega Caronte, o barqueiro de Hades que carrega as almas dos recém-mortos sobre as águas do rio Estige e Aqueronte, que dividem o mundo dos vivos do mundo dos mortos. No “Universo Invocação do Mal”, o prenúncio da aproximação do barqueiro são moedas caindo no chão, moedas essas que são colocadas sobre os olhos de cadáveres para pagar o “pedágio” exigido pelo barqueiro para leva-los para o outro mundo. Entretanto há rumores de que o barqueiro seja um espírito das trevas que ao invés de levar as almas para o outro mundo, as rapta para tortura-las.

 



 

Bill Wilkins

 

Inspirado em um fantasma real que assombrou a casa de Enfield, na Inglaterra, Bill Wilkins apareceu no filme “Invocação do Mal 2”. Ele sempre se manifestava sentado em sua antiga poltrona com uma aparência amedrontadora e era responsável pelos fenômenos poltergeist que assolavam aquela casa.

 



 

La Llorona

 

La Llorona é um personagem inspirado em lendas do folclore latino-americano. De acordo com tais lendas, esse espírito vaga pelas beiras de rios chorando por causa dos filhos que ela mesma afogou após a descoberta da traição do marido. Após afogar os filhos, ela entra em desespero e também se joga na água, mas sua alma é condenada a vagar eternamente. O filme “A Maldição de La Llorona” a retrata como uma entidade que persegue crianças com o intuito de causar-lhes o mesmo fim trágico de seus filhos.

 



 

Isla a ocultista

 

A ocultista Isla Kastner não é bem uma entidade, mas sim uma pessoa normal, de carne e ossos. Mesmo assim ela não deixa de ser assustadora. Ela é a principal antagonista de “Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio” e suas habilidades com as artes das trevas lhe permitem invocar demônios e fazê-los possuir os corpos outras pessoas, para assim cometer as mais diversas  atrocidades.

 



 

Homem Torto

 

O Homem Torto fez sua aparição em “Invocação do Mal 2”, como um espírito que habitava um zootrópio. Sempre que o zootrópio tocava, a imagem de um ser enorme, desengonçado, de sorriso perturbador e capaz de se contorcer a qualquer forma se manifestava e causava pavor. O Homem Torto é inspirado em uma canção infantil real e sua repercussão foi tamanha que ganhou um filme solo.

 



 

Bathsheba Sherman

 

Bathsheba foi uma bruxa que viveu no século XIX e era uma fanática adoradora satânica, chegando ao ponto de tentar sacrificar seu próprio filho como uma oferenda ao Diabo. Depois disso ela tirou a própria vida, mas amaldiçoou toda a terra onde foi construída a fazenda que se passa a história do primeiro “Invocação do Mal”. O espírito de Bathsheba continuou a residir na terra, assombrando sua antiga casa, e ela sempre se manifestava no alto de um guarda-roupa com uma aparência terrível, causando grande pavor ao público.

 



 

Valak

 

A freira foi introduzida em “Invocação do Mal 2” e sua recepção entre o público foi tão positiva que inevitavelmente foi produzido um filme solo com essa personagem. A manifestação do demônio Valak na forma de uma freira foi uma maneira da entidade zombar da fé de seus inimigos e se esconder entre eles. Com a aparência alta, pálida, de traços afiados e olhos amarelos penetrantes, Valak com certeza é um dos personagens mais assustadores da história dos filmes de terror. Não é exagero dizer que, ao lado de Annabelle, a freira divide todos os holofotes desse universo cinematográfico.

 



 

Annabelle

 

A icônica boneca mal assombrada é praticamente a mascote do “Universo Invocação do Mal”, fazendo participação ou sendo citada em quase todos os filmes da franquia. O motivo de Annabelle ser tão horripilante é o fato de um demônio chamado Malthus estar ligada a ela. No primeiro filme de “Annabelle” foi mostrado que Malthus possui chifres, olhos vermelhos, unhas compridas e pele negra. Apesar de não parecer em nada com a Annabelle real, a boneca dos filmes passa uma imagem assustadora e é um dos personagens preferidos dos fãs.

 



 

Conclusão

 

Como podemos perceber, o “Universo Invocação do Mal” apresenta um leque muito grande de bons personagens que ainda podem ser melhores aproveitados. Vocês conheciam todos esses personagens?  E quais desses gostaria que tivessem mais destaques, como um filme solo?

 



 

Referências

 

Collider à https://bit.ly/2Zh1sa5

Entertainment Weekly à https://bit.ly/3BccBFW

Screen Rant à https://bit.ly/3pCq4Vx

Villains Wiki à https://bit.ly/2Zvuour