domingo, 22 de agosto de 2021

MAPINGUARI – A coisa que ri!

 Augur

 

Introdução

 

Relatos de grandes símios como o Pé Grande ou Sasquatch dos Estados Unidos e Canadá e o Abominável Homem das Neves ou Iéti dos Himalaias no Tibete são amplamente conhecidos e registrados na cultura popular, além de atraírem diversos curiosos que tentam avistar tais seres. Porém, a possível existência de uma criatura igualmente monstruosa, chamada de mapinguiri, que habita a floresta amazônica no Brasil ainda é pouco discutida.

 

Pé-grande


Iéti

 


Floresta Amazônica

 

Floresta Amazônica
A floresta Amazônica é uma floresta latifoliada úmida que cobre a maior parte da Bacia Amazônica da América do Sul. Esta bacia abrange 7 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 5 milhões e meio de quilômetros quadrados são cobertos pela floresta tropical.

 

Esta região inclui territórios pertencentes a nove nações. A maior parte da floresta está contida dentro do Brasil, seguido pelo Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. A Amazônia representa mais da metade das florestas tropicais remanescentes no planeta e compreende a maior biodiversidade em uma floresta tropical no mundo. Com tamanha dimensão e riqueza de fauna e flora, acredita-se que a floresta Amazônica ainda oculta diversos seres ainda não identificados pelo homem. Seria o mapinguari um exemplo disso?

 

 

Karitianas

 

Com base em evidências arqueológicas de uma escavação na Caverna da Pedra Pintada (um sítio arqueológico brasileiro localizado no município de Monte Alegre - PA), habitantes humanos se estabeleceram na região amazônica pelo menos há 11.200 anos. Recentes descobertas antropológicas sugerem que a região amazônica chegou a ser densamente povoada, com cerca de 5 milhões de pessoas vivendo na Amazônia no ano de 1500. Em 1900, a população teria caído para 1 milhão e, no início dos anos 1980, era inferior a 200.000 pessoas. Entre os povos indígenas que ainda habitam a região amazônica estão os Karitiana, povo com cerca de 320 indivíduos falantes da língua Arikém (derivação do Tupi), que habitam cinco aldeias no norte do estado de Rondônia.

 

Tribo Karitiana


Os Karitiana mencionam frequentemente a existência, em sua região, de uma criatura monstruosa que assombra populações indígenas e não indígenas por toda a Amazônia (estados de Rondônia, Amazonas, Acre e Pará). Eles a denominam por diferentes termos, como mapinguari,  Owoj (avô materno), Kida so’emo (coisa da cara preta) ou Kida harara (coisa que ri). Os indígenas recomendam a não pronunciar esse último no interior da florestas, talvez porque “harara” seja uma onomatopeia de risada, e isso pode atrair a criatura.

 

O termo “kida” é usado para descrever desde seres sobrenaturais/míticos (como, por exemplo, o Curupira e outros monstros ou seres aberrantes da floresta) e até alguns animais que demonstrem agressividade contra humanos (como por exemplo, onças, serpentes, piranhas, jacarés, mas também até mesmo carrapatos, aranhas e lacraias). Já o termo “mapinguari” é comumente usado para designar uma categoria de seres, e pode ser traduzido como “coisa”, no sentido de criatura agressiva, terrível, assassina, assustadora, monstruosa, excessiva, perigosa, mortal. Segundo o pesquisador Câmara Cascudo, “mapinguari” é uma contração de Mbaé-pi-guari, que do Tupi significa “a coisa que tem o pé torto”.

 

 

Características

 

O Mapinguari Karitiana é relatado como uma criatura de aproximadamente 3 metros de altura, coberta de pelos pretos, mas que parece gente. Possui unhas em forma de gancho, dentes de 20 centímetros para fora da boca e olhos vermelhos “como fogo”. A criatura ataca com os braços levantados (como os “espíritos maus”) e mata as pessoas arrancando braços e pernas antes de devorá-las. Balas e flechas não conseguem perfurar seu peito e barriga, que são “como pedra” ou “têm pedra”, e que nada pode furar (chumbo seguramente não; balas talvez furem, postulam os Karitiana; mas ele é, segundo a maioria dos interlocutores, imortal). Dorme em pé e, grande “como tratorzinho”, anda pela floresta dia e noite, fazendo a terra tremer, arrastando o pé e derrubando árvores, quebrando e arrebentando palmeiras de babaçu (que ele gosta de comer) – por isso não é prudente caminhar sozinho pela mata na escuridão. Vive em uma caverna no rumo sudeste da aldeia de Kyõwã, uma caverna grande em que “cabem quatro caminhões” e na qual ninguém pode ou deve entrar, pois está guardada por enormes morcegos vampiros, que só existem ali, além de jacarés e poraquês (peixes-elétricos). Diz-se, ainda, que estes poraquês são sua borduna (ou lança) e que o sangue humano é sua chicha (a apreciada cerveja de mandioca).


Por outro lado, a caracterização do Mapinguari diverge por diversas histórias contadas, sendo comum traços como pelagem avermelhada, andar em duas ou quatro patas, exalar odor, ter apenas um olho, ter a boca na altura do umbigo e até usar armadura feita de cascos de tartaruga. Apesar de grande parte das características se manterem inalteradas como a braveza da criatura, as narrativas não são unânimes, o que pode ser fruto de inúmeras adaptações de personagens monstruosas da tradição europeia e indígena que teria ocorrido durante os ciclos da borracha na Amazônia no final do século XIX e nas primeiras cinco décadas do século XX.


Essa confusão pode não ser à toa já que alguns Karitiana dizem que uma criatura que denominam Bicho-preguiça gigante (O’i ty) é um ser diferente do Mapinguari, o que sugere que a fusão do Mapinguari com o Bicho-preguiça gigante decorre da penetração das mídias e dos conhecimentos das populações rondonienses do entorno entre as gerações indígenas mais novas. A maioria dos Karitiana afirma, entretanto, que o Mapinguari e o Bicho/Macaco-preguiça gigante são o mesmo horripilante ser, e suas características coincidem em termos gerais: diz-se do Bicho-preguiça ou Macaco/preguiça-gigante que não morre com tiros porque seu peito e costas “têm pedra”; tem a altura de um homem (cerca de dois metros) ou é grande “como tratorzinho”; dispõe de braços fortes que matam animais com um abraço, e de unhas e dentes enormes; e, quando é encontrado na mata, grita como porco, o que engana caçadores, os quais pensam se tratar de porcos do mato e, incautos, aproximam-se. Parece-me, em suma, que tratamos do mesmo ente, mas nomeado de formas diversas.

 

Mapinguari


 

Relatos

 

Os pesquisadores Valdir e Rebeca Vegini e Waldemar Netto relataram em 2014 a informação verbal obtida por meio de três membros da aldeia Kyõwã, Carlito, Roberto e Marinete Karitiana, em setembro de 2006:

 

“Uma vez estávamos caçando e começamos a ouvir espocadas – “pá, pá, pá...” –, e pensamos que era carro, mas não era. De noite às vezes a gente escuta barulho dele espocando [quebrando, arrebentando] babaçu na mata. Um índio, uma vez, encontrou preguiça gigante no igarapé que passa na roça dele, perto da aldeia [Kyõwã], atirou, o bicho caiu um pouco pra trás, mas não morreu. Este bicho tem pedra no corpo, é de pedra, por isso não adianta atirar, não morre. O Mapinguari come as pessoas, não é bom andar sozinho no mato. Mapinguari vive também na Serra Morais. Ele é invisível, aparece e some; seu dente parece estaca, ele é peludo. Bicho mau, quando sente presença de pessoa, mata e come. Faz zoado como fogo, vira fogo, não pode chegar perto dele. O bicho da Serra do Morais se transforma em gente quando encontra alguém, conversa com pessoa e depois come seu espírito; a pessoa volta na aldeia, fica doente e morre. Ele também se transforma em outros animais. Se não incomodado, não faz nada, mas ataca se for atrás dele, com as mãos levantadas, como espírito dos mortos [psam’em]. Nome dele é kinda harara, mas não pode chamar o nome no mato, pois aí o bicho aparece e mata a pessoa. Também é chamado de owoj. Quando ele anda, a terra treme. Uma vez ele veio até a aldeia, e todo mundo correu.”

 

Outro relato descrito pelos três pesquisadores em 2014 narra a experiência pela qual passaram três de seus informantes Karitiana ao encontrarem o Mapinguari:

 

“A caçada teve início durante o dia, mas o Bicho-Preguiça gigante foi avistado no entardecer e à noite enquanto o Macaco-Preguiça gigante, somente durante o dia; esse bicho ou macacão andava na mata, meio devagar, era muito feio, grandão e amedrontador, tinha um enorme braço, com o qual circundava cipozão e árvores, a cabeça era igual a de um macacão preguição, cabeça grande, tamanho da lua, era binocular, tinha dois pés grandes e feios, tinha unhas, pele lisa, pelo por todo o corpo e cara, ou sem pelo na cabeça, no rosto e no peito, e/ou tinha pedra pelo corpo inteiro, era invulnerável à bala e valente, arrebentava cipó, fazia zoada na mata batendo os dentões, quebrava tudo, parecia um trator, parecia uma máquina, quebrava árvores, gritava feio, berrava, roncava grande, roncava alto, ficava de/em pé e perseguia os caçadores, que tinham que fugir para não morrer.”

 

O mapinguari também foi avistado por um grupo de catadores de açaí de Rondônia no início de setembro de 2014. Cerca de 30 famílias vivem na Vila dos Pescadores localizada à beira do rio Jamari (85 km de Porto Velho), e vivem da pesca e extrativismo de açaí. A extração de açaí é feita principalmente na Reserva Florestal Sumaúma, a 5 horas de viagem de barco, onde teria ocorrido o avistamento. Mantendo o anonimanto, os catadores de açaí relataram como foi o incidente. Tudo começou quando eles ouviram um grito floresta adentro. De acordo com umas das testemunhas: “Comecei a imitar o grito e percebi que o som se aproximava de nós. Foi quando começamos a ouvir um forte estralo e de maneira intermitente. Nesse momento, apareceu uma criatura de cor escura e de aproximadamente dois metros de altura, com apenas um olho avermelhado como chamas”. Assustados, todos deixaram o açaí que tinham colhido e correram para a beira do rio, pegaram o barco e voltaram para uma barraca improvisada que eles tinham feito. Mas ao chegar próximo da barraca, o medo foi ainda maior, quando viram novamente a criatura próximo da barraca. Na mesma hora, todos retornaram para a canoa, deram partida e rapidamente e voltaram atemorizados em direção a Vila dos pescadores. De acordo com um dos trabalhadores: “Já estava escuro quando saímos da reserva, sem lanterna e deixamos tudo para trás. A viagem de volta foi mais perigosa, pois não enxergávamos quase nada”, disse um deles. O susto foi tão grande que alguns deles não conseguiram dormir por alguns dias. A notícia logo se espalhou na Vila e devido ao ocorrido, nenhum extrativista se arrisca a ir mais naquela reserva.

 



 

Seria o mapinguari uma preguiça gigante?

 

De acordo com parte dos Karitianas, as diferenças de relatos quanto as características do mapinguari podem ocorrer devido ao fato de algumas testemunhas confundir essa criatura com um ser jurássico denominada bicho-preguiça gigante (O’i ty), que ainda pode existir nos dias de hoje. Corroborando com isso, o paleontólogo argentino, Florentino Ameghino, sugeriu que algumas preguiças gigantes ainda podem estar circulando pela floresta Amazônica. As preguiças-gigantes eram mamíferos do período pré-histórico (de mais de 12 mil anos) que tinha 3 metros de altura e viviam na América Central e América do Sul, mas é considerada extinta há 10 mil anos.


Florentino Ameghino


Preguiça-gigante

 

David Oren
O ornitólogo e critptozoologista, David Oren, estudou aves na Amazônia de 1977 a 2001, mas a partir de 1993 também estava buscando o mapinguari, o que o tornou motivo de chacota pelos colegas colocando sua reputação em risco. O primeiro contato de Oren com a história do mapinguari foi no Acre. O biólogo acreditava que tudo não se passava de uma lenda até visitar a região e ouvir moradores locais que descreviam detalhes sobre a biologia da criatura, como as características dos filhotes, seus hábitos e até o aspecto das fezes. Desde então decidiu investigar o assunto. De 1993 a 2001, foram 80 entrevistas com supostas testemunhas que viram o mapinguari. Desses, sete afirmaram ter matado um, mas não guardara nenhuma evidência. Nesse período, ele procurou a criatura em cinco expedições patrocinadas pela Fundação Grupo Boticário, quando coletou moldes de pegadas e amostras de fezes que viriam a ser identificadas posteriormente como de antas. Mesmo sem ter conseguido uma prova, Oren defende que a lenda indígena se baseia em uma criatura que realmente existiu, a preguiça-gigante.

 

Esqueleto de preguiça-gigante

 


Conclusão

 

A falta de evidências da existência do mapinguari corrobora para que a criatura não passe de uma lenda ou no máximo uma versão exagerada, mas não menos assustadora, de um ser pré-histórico que pode ainda vagar pela Terra a beira da extinção. As histórias, no entanto, somam mais testemunhas para enormes seres símios que são avistados por todo o globo ou pelo menos recebem nomes diferentes dependendo da cultura do povo que o identifica.

 

Não podemos nos esquecer do Nantiinaq, outra espécie de Pé Grande, que apesar de não ter evidências de sua existência é considerado o responsável pelo completo abandono da cidade de Portlock no Alaska. Assim como o mapinguari a ciência não reconhecia o gorila-das-montanhas até que dois homens foram vítimas de um espécime em Ruanda no ano de 1902. Podemos somar a isso o fato de que cerca de 70 espécies de primatas foram nomeadas ou descobertas só nas últimas duas décadas.

 

Portlock - Alaska

Também devemos lembrar que além de símios, novas espécies de mamíferos ainda são descobertas, inclusive, para a região habitada pelos próprios Karitiana, onde uma nova espécie de anta (a anta pretinha, Tapirus kabomani) foi descoberta em 2013, após anos de insistentes alegações, por parte do grupo indígena, de que ali sempre existiram antas de “tipos” diferentes.

 

A Floresta Amazônica é um reduto de seres ainda não catalogados devido ao vasto território inóspito e de suas matas densas inacessíveis, quem sabe quais criaturas misteriosas podem rondar por seus úmidos corredores verdes.

 

 

Referências

Forget the Fear à https://bit.ly/3D93eZF

InfoEscola à https://bit.ly/3DacSeQ

News Rondônia à https://bit.ly/3j6HNRa

Phantoms and Monsters à https://bit.ly/3B1asgz

Realidade, ciência e fantasia nas controvérsias sobre o Mapinguari no sudoeste amazônico à https://bit.ly/2XHhNU5

Revista Galileu à https://glo.bo/3y3rtop

Wikipedia à https://bit.ly/3sD3PxX

 

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

A ILHA DE BROCOIÓ – A ilha dos sussurros!

 

Gustavo Valente

 

A Ilha de Brocoió no Rio de Janeiro

 

A Ilha de Brocoió é uma das ilhas que formam o arquipélago de Paquetá, presente na capital fluminense. Também formam esse arquipélago as ilhas Paquetá, Pancariba, das Folhas, Nhaquetá, Viraponga, Tapuamas de Fora, Tapuamas de Dentro, Casa de Pedras, do Ferro, Redonda, Comprida, do Manguinho, Jurubaíba, Braço Forte, Itapacis e dos Lobos. Ela foi descoberta pelo francês André Thevet, durante a expedição batizada de “Villegagnon”, em 1555. Durante o período colonial, o local foi usando para produção de uma mistura de cal com óleo de baleia, que servia como matéria prima das edificações da época.


Ilha de Brocoió - RJ

 

Até 1930, a Ilha de Brocoió pertenceu à Maria Albertina Saraiva de Souza, Condessa de São Tiago de Lobão e proprietária da “Rio de Janeiro City Improvements”, uma empresa voltada ao desenvolvimento da infraestrutura do Rio de Janeiro. Mas em 1930, o milionário Octávio Guile, dono do Copacabana Palace, tomou posse daquelas terras e foi o principal responsável pela urbanização e aterramento da ilha, transformando as duas ilhotas que a formavam originalmente em uma única ilha de 200.000 m2. A mansão estilo europeu que ele construiu, sob autoria do arquiteto francês Joseph Gire (o mesmo que projetou o Copacabana Palace), possui quatro pavimentos e sete quartos. É decorada com telhas francesas e mansardas, pisos de mármore português, lustres do estilo art déco, mosaicos árabes e banheiras/pias esculpidas em peças únicas de mármore lioz amarelado.

 

Em 1944, sob a gestão de Henrique Dodsworth, toda a ilha foi adquirida pelo governo federal por 6 milhões de cruzeiros, se transformando em patrimônio público. Quando a capital passou a ser Brasilía, na década de 60, a administração do local passou a cargo do governo estadual do Rio de Janeiro. Com isso ela e passou a ser considerada a na residência de praia do governador fluminense. Atualmente a ilha não é aberta a visitação, só podendo ser acessada com autorização.


Mansão da Ilha de Brocoió

 

Dizem que quando os europeus chegarem à ilha, alguns indígenas da tribo dos Tamoios habitavam aquela terra. Algumas fontes afirmam que a tribo que habitava o local era a dos Tupinambás. Entretanto, “Tupinambás” diz respeito a um conjunto de distintas tribos que tinham o idioma em comum. Então todos Tamoios são Tupinambás, mas nem todos Tupinambás são Tamoios! Seguindo a temática de terror do blog, o que nos importa são os amedrontadores costumes que esses indígenas praticavam na Ilha de Brocoió. 

 

 

Os rituais dos Tamoios

 

Os Tamoios eram uma tribo indígena que reconhecidamente tinham a prática de realizar o canibalismo. Como em outras tribos indígenas canibais, os Tamoios acreditavam que ao se alimentar de uma pessoa, suas qualidades seriam absorvidas e poderiam ser usadas ao seu benefício. Os Tamoios também usavam a Ilha de Brocoió com outro intuito. A ilha era usada como uma espécie de prisão e local de descarte de doentes. Índios rebeldes que quebravam a regra de conduta da tribo eram levados até a ilha por uma canoa e mantidos presos ali até morrerem. Além disso, índios que apresentavam alguma doença incurável ou que tinham alguma deficiência eram abandonados lá pra morrer. De acordo com o artigo escrito por Hedjan Costa da Silva, “quando um índio se rebelava ou ia contra a autoridade de um chefe tribal era levado para a Ilha do Brocoió. Na época a ilha era na verdade uma ilhota dupla, ligada por um braço de areia. Não era um exílio com tempo para terminar. O índio rebelde que recebia sua passagem para lá ia permanecer no tal local até morrer. Eram conduzidos em longas canoas através da Baía, em direção ao seu destino”. Na época da escravidão, a ilha também foi usada como um local de quarentena dos escravos vindos da África.

 

Com tanta barbárie acontecendo naquele local, era óbvio que alguns presenciariam alguns fenômenos inexplicáveis ali. Alguns moradores da Ilha de Paquetá afirmam que durante a noite, os espíritos dos índios que morreram na ilha voltam do além e vagam pelo local, sendo possível ouvir choros, soluços, sussurros, gemidos e até mesmo gritos de socorro. Não é atoa que o termo “brocoió” deriva de “borocoió” e “boré-coyá”, que do tupi-guarani significa sussurro/sussurrante.

 

Rituais indígenas (canibalismo)


 

Como visitar a ilha?

 

Muitos governantes prometeram abrir a ilha para visitação, mas isso nunca se concretizou. Em 2016, sua administração foi colocada a cargo de um órgão estadual chamado RioPrevidência. Com um gasto de conservação anual de 50 mil reais, o governo decidiu a colocar a ilha a venda por 45 milhões de reais. Mas o valor foi considerado acima da realidade do mercado imobiliário, devido a quantidades de obras que a ilha carece, bem como por suas águas serem muito poluídas. Em 2019, o governador Wilson Witzel transferiu a responsabilidade da ilha para a Secretaria de Estado da Casa Civil e Governança.

 

Como já ressaltado, a visitação à ilha está fechada e para acessa-la é preciso da autorização do governo estadual. O acesso marítimo está desativado e a única forma de chegar ao local é por helicóptero. Mesmo não sendo possível chegar até a ilha, é possível chegar bem perto dela. Algumas praias da Ilha de Paquetá ficam apenas a 300 metros de distância dela. Para chegar até a Ilha de Paquetá é possível pegar uma balsa na Praça XV de Novembro no centro do Rio de Janeiro. Chegando a ilha, basta seguir até a Praia da Moreninha para ter uma visão de frente de toda Ilha de Brocoió.

 

Ilha de Paquetá (cima) e Ilha de Brocoió (baixo)


 

Referências

 

Diário do Rio à https://cutt.ly/GfnR2Q2

Histórias Contadas Por Aí à https://cutt.ly/QfmutNC

Matéria de Pesadelo à https://cutt.ly/lfQ4Sqr

Revista do Villa à https://cutt.ly/FfE5a9q