Gustavo Valente
✞A
Ilha de Brocoió no Rio de Janeiro✞
A Ilha de Brocoió é uma das ilhas que formam o arquipélago de Paquetá, presente na capital fluminense. Também formam esse arquipélago as ilhas Paquetá, Pancariba, das Folhas, Nhaquetá, Viraponga, Tapuamas de Fora, Tapuamas de Dentro, Casa de Pedras, do Ferro, Redonda, Comprida, do Manguinho, Jurubaíba, Braço Forte, Itapacis e dos Lobos. Ela foi descoberta pelo francês André Thevet, durante a expedição batizada de “Villegagnon”, em 1555. Durante o período colonial, o local foi usando para produção de uma mistura de cal com óleo de baleia, que servia como matéria prima das edificações da época.
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Ilha de Brocoió - RJ |
Até 1930, a Ilha de Brocoió
pertenceu à Maria Albertina Saraiva de Souza, Condessa de São Tiago de Lobão e proprietária
da “Rio de Janeiro City Improvements”, uma empresa voltada ao desenvolvimento
da infraestrutura do Rio de Janeiro. Mas em 1930, o milionário Octávio Guile,
dono do Copacabana Palace, tomou posse daquelas terras e foi o principal
responsável pela urbanização e aterramento da ilha, transformando as duas
ilhotas que a formavam originalmente em uma única ilha de 200.000 m2.
A mansão estilo europeu que ele construiu, sob autoria do arquiteto francês
Joseph Gire (o mesmo que projetou o Copacabana Palace), possui quatro
pavimentos e sete quartos. É decorada com telhas francesas e mansardas, pisos
de mármore português, lustres do estilo art déco, mosaicos árabes e
banheiras/pias esculpidas em peças únicas de mármore lioz amarelado.
Em 1944, sob a gestão de Henrique
Dodsworth, toda a ilha foi adquirida pelo governo federal por 6 milhões de
cruzeiros, se transformando em patrimônio público. Quando a capital passou a
ser Brasilía, na década de 60, a administração do local passou a cargo do
governo estadual do Rio de Janeiro. Com isso ela e passou a ser considerada a
na residência de praia do governador fluminense. Atualmente a ilha não é aberta
a visitação, só podendo ser acessada com autorização.
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Mansão da Ilha de Brocoió |
Dizem que quando os europeus
chegarem à ilha, alguns indígenas da tribo dos Tamoios habitavam aquela terra. Algumas
fontes afirmam que a tribo que habitava o local era a dos Tupinambás.
Entretanto, “Tupinambás” diz respeito a um conjunto de distintas tribos que
tinham o idioma em comum. Então todos Tamoios são Tupinambás, mas nem todos Tupinambás
são Tamoios! Seguindo a temática de terror do blog, o que nos importa são os
amedrontadores costumes que esses indígenas praticavam na Ilha de Brocoió.
✞Os
rituais dos Tamoios✞
Os Tamoios eram uma tribo
indígena que reconhecidamente tinham a prática de realizar o canibalismo. Como em
outras tribos indígenas canibais, os Tamoios acreditavam que ao se alimentar de
uma pessoa, suas qualidades seriam absorvidas e poderiam ser usadas ao seu
benefício. Os Tamoios também usavam a Ilha de Brocoió com outro intuito. A ilha
era usada como uma espécie de prisão e local de descarte de doentes. Índios
rebeldes que quebravam a regra de conduta da tribo eram levados até a ilha por
uma canoa e mantidos presos ali até morrerem. Além disso, índios que
apresentavam alguma doença incurável ou que tinham alguma deficiência eram
abandonados lá pra morrer. De acordo com o artigo escrito por Hedjan Costa da
Silva, “quando um índio se rebelava ou ia contra a autoridade de um chefe
tribal era levado para a Ilha do Brocoió. Na época a ilha era na verdade uma
ilhota dupla, ligada por um braço de areia. Não era um exílio com tempo para
terminar. O índio rebelde que recebia sua passagem para lá ia permanecer no tal
local até morrer. Eram conduzidos em longas canoas através da Baía, em direção
ao seu destino”. Na época da escravidão, a ilha também foi usada como um local
de quarentena dos escravos vindos da África.
Com tanta barbárie acontecendo
naquele local, era óbvio que alguns presenciariam alguns fenômenos
inexplicáveis ali. Alguns moradores da Ilha de Paquetá afirmam que durante a
noite, os espíritos dos índios que morreram na ilha voltam do além e vagam pelo
local, sendo possível ouvir choros, soluços, sussurros, gemidos e até mesmo
gritos de socorro. Não é atoa que o termo “brocoió” deriva de “borocoió” e “boré-coyá”,
que do tupi-guarani significa sussurro/sussurrante.
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Rituais indígenas (canibalismo) |
✞Como
visitar a ilha?✞
Muitos governantes prometeram
abrir a ilha para visitação, mas isso nunca se concretizou. Em 2016, sua
administração foi colocada a cargo de um órgão estadual chamado RioPrevidência.
Com um gasto de conservação anual de 50 mil reais, o governo decidiu a colocar
a ilha a venda por 45 milhões de reais. Mas o valor foi considerado acima da
realidade do mercado imobiliário, devido a quantidades de obras que a ilha
carece, bem como por suas águas serem muito poluídas. Em 2019, o governador
Wilson Witzel transferiu a responsabilidade da ilha para a Secretaria de Estado
da Casa Civil e Governança.
Como já ressaltado, a visitação à
ilha está fechada e para acessa-la é preciso da autorização do governo
estadual. O acesso marítimo está desativado e a única forma de chegar ao local
é por helicóptero. Mesmo não sendo possível chegar até a ilha, é possível
chegar bem perto dela. Algumas praias da Ilha de Paquetá ficam apenas a 300
metros de distância dela. Para chegar até a Ilha de Paquetá é possível pegar
uma balsa na Praça XV de Novembro no centro do Rio de Janeiro. Chegando a ilha,
basta seguir até a Praia da Moreninha para ter uma visão de frente de toda Ilha
de Brocoió.
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Ilha de Paquetá (cima) e Ilha de Brocoió (baixo) |
✞Referências✞
Diário do Rio à https://cutt.ly/GfnR2Q2
Histórias Contadas Por Aí à https://cutt.ly/QfmutNC
Matéria de Pesadelo à https://cutt.ly/lfQ4Sqr
Revista do Villa à https://cutt.ly/FfE5a9q
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