segunda-feira, 2 de agosto de 2021

A ILHA DE BROCOIÓ – A ilha dos sussurros!

 

Gustavo Valente

 

A Ilha de Brocoió no Rio de Janeiro

 

A Ilha de Brocoió é uma das ilhas que formam o arquipélago de Paquetá, presente na capital fluminense. Também formam esse arquipélago as ilhas Paquetá, Pancariba, das Folhas, Nhaquetá, Viraponga, Tapuamas de Fora, Tapuamas de Dentro, Casa de Pedras, do Ferro, Redonda, Comprida, do Manguinho, Jurubaíba, Braço Forte, Itapacis e dos Lobos. Ela foi descoberta pelo francês André Thevet, durante a expedição batizada de “Villegagnon”, em 1555. Durante o período colonial, o local foi usando para produção de uma mistura de cal com óleo de baleia, que servia como matéria prima das edificações da época.


Ilha de Brocoió - RJ

 

Até 1930, a Ilha de Brocoió pertenceu à Maria Albertina Saraiva de Souza, Condessa de São Tiago de Lobão e proprietária da “Rio de Janeiro City Improvements”, uma empresa voltada ao desenvolvimento da infraestrutura do Rio de Janeiro. Mas em 1930, o milionário Octávio Guile, dono do Copacabana Palace, tomou posse daquelas terras e foi o principal responsável pela urbanização e aterramento da ilha, transformando as duas ilhotas que a formavam originalmente em uma única ilha de 200.000 m2. A mansão estilo europeu que ele construiu, sob autoria do arquiteto francês Joseph Gire (o mesmo que projetou o Copacabana Palace), possui quatro pavimentos e sete quartos. É decorada com telhas francesas e mansardas, pisos de mármore português, lustres do estilo art déco, mosaicos árabes e banheiras/pias esculpidas em peças únicas de mármore lioz amarelado.

 

Em 1944, sob a gestão de Henrique Dodsworth, toda a ilha foi adquirida pelo governo federal por 6 milhões de cruzeiros, se transformando em patrimônio público. Quando a capital passou a ser Brasilía, na década de 60, a administração do local passou a cargo do governo estadual do Rio de Janeiro. Com isso ela e passou a ser considerada a na residência de praia do governador fluminense. Atualmente a ilha não é aberta a visitação, só podendo ser acessada com autorização.


Mansão da Ilha de Brocoió

 

Dizem que quando os europeus chegarem à ilha, alguns indígenas da tribo dos Tamoios habitavam aquela terra. Algumas fontes afirmam que a tribo que habitava o local era a dos Tupinambás. Entretanto, “Tupinambás” diz respeito a um conjunto de distintas tribos que tinham o idioma em comum. Então todos Tamoios são Tupinambás, mas nem todos Tupinambás são Tamoios! Seguindo a temática de terror do blog, o que nos importa são os amedrontadores costumes que esses indígenas praticavam na Ilha de Brocoió. 

 

 

Os rituais dos Tamoios

 

Os Tamoios eram uma tribo indígena que reconhecidamente tinham a prática de realizar o canibalismo. Como em outras tribos indígenas canibais, os Tamoios acreditavam que ao se alimentar de uma pessoa, suas qualidades seriam absorvidas e poderiam ser usadas ao seu benefício. Os Tamoios também usavam a Ilha de Brocoió com outro intuito. A ilha era usada como uma espécie de prisão e local de descarte de doentes. Índios rebeldes que quebravam a regra de conduta da tribo eram levados até a ilha por uma canoa e mantidos presos ali até morrerem. Além disso, índios que apresentavam alguma doença incurável ou que tinham alguma deficiência eram abandonados lá pra morrer. De acordo com o artigo escrito por Hedjan Costa da Silva, “quando um índio se rebelava ou ia contra a autoridade de um chefe tribal era levado para a Ilha do Brocoió. Na época a ilha era na verdade uma ilhota dupla, ligada por um braço de areia. Não era um exílio com tempo para terminar. O índio rebelde que recebia sua passagem para lá ia permanecer no tal local até morrer. Eram conduzidos em longas canoas através da Baía, em direção ao seu destino”. Na época da escravidão, a ilha também foi usada como um local de quarentena dos escravos vindos da África.

 

Com tanta barbárie acontecendo naquele local, era óbvio que alguns presenciariam alguns fenômenos inexplicáveis ali. Alguns moradores da Ilha de Paquetá afirmam que durante a noite, os espíritos dos índios que morreram na ilha voltam do além e vagam pelo local, sendo possível ouvir choros, soluços, sussurros, gemidos e até mesmo gritos de socorro. Não é atoa que o termo “brocoió” deriva de “borocoió” e “boré-coyá”, que do tupi-guarani significa sussurro/sussurrante.

 

Rituais indígenas (canibalismo)


 

Como visitar a ilha?

 

Muitos governantes prometeram abrir a ilha para visitação, mas isso nunca se concretizou. Em 2016, sua administração foi colocada a cargo de um órgão estadual chamado RioPrevidência. Com um gasto de conservação anual de 50 mil reais, o governo decidiu a colocar a ilha a venda por 45 milhões de reais. Mas o valor foi considerado acima da realidade do mercado imobiliário, devido a quantidades de obras que a ilha carece, bem como por suas águas serem muito poluídas. Em 2019, o governador Wilson Witzel transferiu a responsabilidade da ilha para a Secretaria de Estado da Casa Civil e Governança.

 

Como já ressaltado, a visitação à ilha está fechada e para acessa-la é preciso da autorização do governo estadual. O acesso marítimo está desativado e a única forma de chegar ao local é por helicóptero. Mesmo não sendo possível chegar até a ilha, é possível chegar bem perto dela. Algumas praias da Ilha de Paquetá ficam apenas a 300 metros de distância dela. Para chegar até a Ilha de Paquetá é possível pegar uma balsa na Praça XV de Novembro no centro do Rio de Janeiro. Chegando a ilha, basta seguir até a Praia da Moreninha para ter uma visão de frente de toda Ilha de Brocoió.

 

Ilha de Paquetá (cima) e Ilha de Brocoió (baixo)


 

Referências

 

Diário do Rio à https://cutt.ly/GfnR2Q2

Histórias Contadas Por Aí à https://cutt.ly/QfmutNC

Matéria de Pesadelo à https://cutt.ly/lfQ4Sqr

Revista do Villa à https://cutt.ly/FfE5a9q

 

 

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