domingo, 2 de abril de 2023

LOUISA COPPIN (Little Weesy) – O fantasma que localizou navios perdidos!

 

Tsug

 

  Expedição de Franklin

 

Em 19 de maio de 1845, o famoso explorador inglês John Franklin saiu em uma grande expedição. Comandando dois navios, o HMS Terror e o HMS Erebus, Franklin liderou uma missão para explorar o Ártico e mapear a Passagem Noroeste (via marítima entre o Canadá e as geleiras do Ártico). Franklin era um distinto oficial da marinha que tinha experiências com viagens até essa região.


A expedição tinha uma previsão de durar cerca de um ano, mas no ano seguinte à partida algo parecia ter saído da normalidade. Toda tentativa de comunicação com os tripulantes era mal sucedida. Desde então não se teve mais notícias da expedição, o que se tornou um dos temas mais comentados no mundo à época. Sem maiores informações, Jane Franklin, esposa de John, começou a investigar por conta própria o que poderia ter acontecido com a expedição.

 




  Família Coppin

 

A família Coppin era residente da cidade norte-irlandesa de Derry (Ivy House, 34 Strand Road).  Ela era composta por William e Dora Coppin, que juntos tiveram cinco filhos.  Louisa Coppin, apelidada de “Little Weesy” nasceu em 7 de setembro de 1845, como terceira filha dos cinco que o casal concebeu. William era um construtor naval bem reconhecido, e por isso era bastante disputado pelos navegadores que planejam longas expedições.

 

 

Fantasma de Weesy

 

Com apenas 3 anos de idade Little Weesy sofreu um febre gástrica e acabou morrendo no dia 27 de maio de 1849. Entretanto, cinco meses após sua morte ela teria feito uma aparição para seus irmãos, na forma de uma esfera luminosa azulada que era vista principalmente pela irmã Anne.

 

As aparições de Weesy ficavam cada vez mais constantes. Os Coppin até mesmo começaram a reservar um lugar para ela na mesa durante as refeições. Mas em uma noite, Weesy começou a mostrar alguns poderes clarividentes. Anne estava em seu quarto quando viu Weesy projetar um brilho que formava as seguintes palavras na parede: “Sr. Mackay está morto”. Anne rapidamente relatou o ocorrido à tia, mas ela não conseguiu ver as palavras, por algum motivo apenas Anne era capaz de enxerga-las. No dia seguinte, chegou a notícia que um banqueiro amigo da família tinha morrido durante a noite. Seu nome era justamente Sr. Mackay.

 

Diante disso, a tia sugeriu a Anne perguntar ao fantasma de Weesy sobre o paradeiro da expedição de Franklin, já que esse era um dos maiores mistérios que cercava o mundo naquele momento. Em resposta, Weesy teria projetado algumas iluminações espectrais que novamente apenas Anne conseguia enxergar. As projeções mostravam uma espécie de mapa ártico com dois navios em meio a montanhas de neve e canais estreitos. Ela também mostrou um homem de rosto arredondado que subia o mastro e acenava com seu chapéu. Quando Weesy foi questionada sobre a localização exata de Franklin, ela projetou as seguintes letras: “P.RI” e “BS”. Anne repassou todas essas informações a um papel e mostrou a seu pai quando ele chegou de uma viagem.

 

 

Seguindo as pistas do fantasma

 

Devido à ocupação de William (construtor naval), ele tinha certo conhecimento sobre navegação. Então ele sabia que aquelas letras eram abreviações de Prince Regent Inlet (P.RI) e Barrow’s Strait (BS), que são dois estreitos na região ártica. William Coppin ficou impressionado com aquelas informações e diante do desespero público de Jane Franklin (a esposa do desparecido navegador John Franklin) em ter informações sobre o marido, ele decidiu enviar uma carta a ela relatando o ocorrido.

 

Apesar das autoridades sempre demonstrem ceticismo quanto a essas informações, Jane teria se sentindo influenciada e contou com o apoio de comerciantes e banqueiros para fazer buscas na área revelada pelo fantasma. A expedição liderada por McClintock partiu para essa região e em 1859 obteve uma resposta definitiva na Ilha King William, uma ilha que fica ao sul de ambos os estreitos (Prince Regent Inlet e Barrow’s Strait). McClintock encontrou um barco com esqueletos e uma nota que explicava que Franklin havia morrido em junho de 1847. A nota também informava que parte da tripulação havia abandonado os navios em abril de 1848 e se perderam nas geleiras, onde nunca foram encontrados.

 

Jane Franklin e McClintock jamais assumiram ter seguido o conselho paranormal, tanto que essa estória só veio à tona após a morte de Jane. Acredita-se que eles temiam se tornar motivo de chacota pública ao seguir uma pista dada por um fantasma. Mas coincidentemente as buscas só foram feitas na região após William Coppin enviar a carta. Antes disso as pesquisa se focavam nas ilhas e estreitos mais ao norte do Ártico.

 




Registros

 

A história do fantasma de Coppin foi publicada em 1889 no livro “Sir John Franklin: o verdadeiro segredo da descoberta de seu destino” de Joseph Henry Skewes. A história de Little Weesy foi o tema do romance “A despedida do emigrante de Liam Browne” (2006). Também foi tema de um romance infantil “Chasing Ghosts - An Arctic Adventure”, de Nicola Pierce (2020).

 

O livro de Skewes alegou que as direções originais de Weesy eram muito mais claras do que algumas iniciais enigmáticas. Segundo ele, ela projetou as seguintes palavras “Erebus e Terror. Sir John Franklin, Lancaster Sound, Prince Regent Inlet, Point Victory, Victoria Channel”. De acordo com a versão do livro, as palavras projetadas por Weesy diziam respeito às duas embarcações de Franklin (Erebus e Terror), ao nome do capitão (John Franklin) e a pontos geográficos em volta da Ilha King William, onde eles foram encontrados (Lancaster Sound, Prince Regent Inlet, Point Victory, Victoria Channel). Entretanto o livro de Skewes sempre foi acusado de ser muito fantasioso e exagerado, o que faz com que essa versão não tenha tanta credibilidade.

 

 

Fraude?

 

Muitos acusam a estória envolvendo o fantasma de Weesy de ser uma fraude. Após o lançamento do livro de Skewes, o capitão McClintock (responsável por encontrar a expedição e Franklin) negou veementemente ter seguido orientações de um fantasma. Além disso, o historiador Russel Potter afirma que as alegações fantasmagóricas de Weesy se verdadeiras não foram tão precisas como se imagina. Não há evidências de que o Terror ou o Erebus realmente tenham passado pelo Prince Regent Inlet, já que existem outras rotas marítimas até a Ilha King William. Além disso, quando Weesy revelou a visão de um Franklin saudável balançando o chapéu do topo do mastro, ele já estava morto há mais de dois anos.

 

Sendo verdade ou fraude, a história do fantasma de Little Weesy ganhou notoriedade e é sempre citado ao se lembrar da expedição de vitimou Franklin.

 

 

Referências

Mental Floss à https://bit.ly/3xLQiFd

Neatorama à https://bit.ly/3CNo68P

The Spectral Presence of the Franklin Expedition in Contemporary Fiction à https://bit.ly/3lZLYA9

Wikipedia à https://bit.ly/37KWanD