domingo, 7 de maio de 2017

NEGRINHO DO PASTOREIO - O ex-escravo que ajuda os desnorteados!

                Gustavo Valente


Origem e características
O ‘Negrinho do Pastoreio’ é uma lenda brasileira do século XIX, de origem afro-cristã, muito contada pelos defensores do fim da escravidão. A lenda é popular principalmente na região Sul do país.

Na versão escrita pelo gaúcho João Simões Lopes Neto (autor das obras ‘Contos Gauchescos’ de 1912 e ‘Lendas do Sul’ de 1913), o protagonista é um pequeno escravo, que trabalhava para um fazendeiro perverso. Por não ter nem padrinhos e nem nome, o garoto se dizia afilhado da Virgem Maria e era conhecido como Negrinho.



A lenda
Na época da escravidão, havia um fazendeiro no Rio Grande do Sul muito conhecido pela maldade com que lidava com seus peões e escravos. Entre eles, estava o Negrinho do Pastoreio, um garoto de 14 anos. Certo dia, ele apostou um grande valor (mil onças de ouro) em uma corrida a cavalo de 60 braças (132 metros) com outro estancieiro. Como o Negrinho foi colocado como cavaleiro de um baio muito veloz, a vitória estava praticamente garantida. Porém, durante a competição, o baio se deparou com uma cobra na estrada enquanto liderava a corrida. Isso fez com que o cavalo se assustasse e empinasse, derrubando o Negrinho ao solo.

Com a perda da corrida, Negrinho foi cruelmente punido pelo estancieiro, recebendo chibatadas e sendo colocado para tomar conta de 30 cavalos no meio de uma mata durante uma fria noite de inverno. Com muito medo e frio, o Negrinho apenas conseguia rezar para sua madrinha. Sem perceber, caiu no sono não se dando conta que o cavalo baio adentrava a mata fechada e acabou se perdendo. Dessa forma, ele foi novamente castigado fisicamente pelo fazendeiro que berrava: "Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece!".



Após muita procura, alguns relatos indicam que o Negrinho não conseguiu localizar o baio, enquanto outros contam que o garoto conseguiu encontra-lo e o laçou. Considerando a versão que ele encontra o cavalo, a estória prossegue narrando que, durante o caminho, a corda se rompeu e o animal fugiu novamente para a mata. Sendo assim, mais uma vez, o pequeno escravo foi castigado com chibatadas e deixado na mata para tomar conta da tropa. Não aguentando de cansaço e dor, o Negrinho dormiu outra vez e não percebeu a fuga desta vez não só de um, mas de todos os cavalos. Após o estancieiro chegar à mata e perceber a ausência de seus animais, voltou a agredir severamente o negrinho e o jogou sobre um formigueiro totalmente nu. O estanceiro partiu enquanto as formigas cobriam todo o corpo do garoto e começavam a devorá-lo.



Três dias se passaram desde esse incidente e, o fazendeiro continuava a explorar a área a procura de seus cavalos. Foi então que para sua surpresa, ele viu o Negrinho em pé, com a pele lisa, removendo as últimas formigas do seu corpo. Atrás do garoto podiam-se ver todos os cavalos pastando calmamente, e à sua frente estava uma mulher branca usando um longo manto e véu. Imediatamente o fazendeiro se deu conta que aquela era a Virgem Maria e se jogou aos pés do Negrinho lhe pedindo desculpas. O pequeno escravo nada falou, apenas beijou as mãos de Nossa Senhora, montou o baio e saiu de lá, sendo seguido por todos os cavalos.



Como entrar em contato com o Negrinho do pastoreio?
A partir do ocorrido, várias pessoas como tropeiros, andarilhos, mascates e carreteiros da região relatam ter visto tropas de cavalos tordilhos tocados pelo Negrinho que montava um animal baio. Além disso, o Negrinho sempre ajuda alguém que esteja perdido ou que perca algo na mata, desde que essa pessoa seja cristã e acenda uma vela e/ou leve uma flor, deixando-as em um mourão, galho de árvore ou próximo a um formigueiro enquanto diz: "Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi...". Dessa forma, o Negrinho aparece entregando o objeto perdido ou mostrando a direção e recolhe as velas e flores levando-as para o altar de sua madrinha. Se o Negrinho não achar o objeto, desista! Ninguém mais conseguirá encontra-lo. Nem mesmo o saci!






O Negrinho do Pastoreio é um saci?
Ambos os personagens apresentam algumas semelhanças como o habitat (matas e áreas rurais), são garotos negros que podem estar montados em cavalos e ajudam as pessoas a encontrar objetos perdidos. O próprio Barbosa Rodrigues, famoso folclorista brasileiro, menciona que os dois seres são símiles. Mas as semelhanças param por ai. Além do saci ter várias particularidades que o difere do Negrinho (falta de uma perna, mãos furadas, criador de redemoinhos), este não está associado ao conceito cristão. Basta lembrar-nos que, ao invés de rosas e velas que seriam destinadas à Virgem, o saci pede ovos frescos em benefício próprio em troca do objeto perdido. Se ainda considerarmos o comportamento habitual do saci, a diferença entre os dois se torna ainda mais significativa.





Mídia

No livro de Clarice Lispector intitulado como ‘Como Nasceram as Estrelas’, são abordadas várias lendas, entre elas, a história ‘O Negrinho do Pastoreio’. Diferente da lenda descrita inicialmente por João Simões Lopes Neto, na versão de Lispector, que tinha um público-alvo infanto-juvenil, a narração foi mais branda. Isso foi necessário uma vez que a lenda original possui muitas cenas fortes. Assim como esses contos, a lenda gaúcha possui algumas adaptações que abordam a história de forma branda e bastante lúdica, em formato de livro infantil ou história em quadrinho. Segue esse mesmo modelo as obras ‘Lendas Brasileiras da Turma da Mônica’ (Editora Girassol) e ‘Coleção Folclore Mágico’ (editora Ciranda Cultural). Nessas adaptações infantis os castigos aplicados pelo fazendeiro são bem menos violentos e as formigas são amigas do Negrinho. Em muitos dos contos, o filho do estancieiro é o principal responsável pelos infortúnios ocorridos com o Negrinho. Nesse caso, o garoto era responsável pela fuga dos cavalos na mata, e ia rapidamente ao encontro do pai para culpar o pequeno escravo.


Em 1973, o conto do Negrinho presente na obra de Lopes Neto (‘Lendas do Sul’) foi adaptado em um filme chamado ‘O Negrinho do Pastoreio’ dirigido por Antônio Augusto da Silva Fagundes.


A lenda do Negrinho do Pastoreio também foi contada na forma de música de mesmo nome, interpretada por diversos artistas tais como Barbosa Lessa, Liu e Léu, Kleiton e Kledir, Inezita Barroso, Joca Martins, Jayme Caetano Braun entre outros. Confira a letra da canção e uma das performances abaixo:



Negrinho do Pastoreio



Negrinho do Pastoreio
Acendo esta vela pra ti
E peço que me devolvas
A querência que eu perdi
Negrinho do pastoreio
Traze a mim o meu rincão

Eu te acendo esta velinha
Nela está meu coração

Quero ver meu lindo pago
Coloreado de pitanga
Quero ver a gaúchinha
A brincar n'água da sanga

Quero trotear pelas coxilhas
Respirando a liberdade
Que eu perdi naquele dia
Que me embretei na cidade

Negrinho do pastoreio
Acendo esta vela pra ti
E peço que me devolvas
A querência que eu perdi
Negrinho do pastoreio
Traze a mim o meu rincão
A velinha está queimando
Aquecendo a tradição 






Lendas parecidas
Na Argentina, existe um personagem folclórico que apresenta muitas semelhanças com o Negrinho do Pastoreio. Seu nome é ‘El Quemadito’ e sua história teve início durante a guerra civil ocorrida em 1830. Confira abaixo de forma resumida a lenda do ‘El Quemadito’:

Durante a feroz luta entre unitários e federais, José María Paz (comandante das forças Unitárias) aprisionou um homem chamado José Carrizo. Embora eles achassem que Carrizo fosse um rastreador de abelhas negras que fabricam um delicioso mel, o coronel Mariano Acha o acusou de ser espião de Facundo Quiroga (comandante das forças federais chamadas ‘Tigre de los Llanos). Por conta disso, Carrizo foi queimado em na fogueira e seus restos mortais foram enterrado em uma cova marcada por uma cruz de madeira. Desde então, relatos indicam que ‘El Quemadito’ possui poderes mágicos e aparece nesse local. Muitos populares vão até sua cruz acender velas e segundo a lenda, ‘El Quemadito’ sempre os ajuda a encontrar animais perdidos.



REFERÊNCIAS
Contos e Lendas à https://goo.gl/XqqaIT
Escola Kids à https://goo.gl/fmk0zX
Folclore Brasileiro Ilustrado à https://goo.gl/ymiHC1
Geografia dos Mitos Brasileiros (Luís da Câmara Cascudo) à https://goo.gl/Zh9XoJ
InfoEscola à https://goo.gl/ZZiixq
Turma da Mônica para atividades à https://goo.gl/dq8L0d
Raza Folklorica  à https://goo.gl/N6DYQQ
Reticências da Larissa à https://goo.gl/HqPYmJ
Só História à https://goo.gl/MPMZCl
Sua Pesquisa à https://goo.gl/U4eCav
Toda Matéria à https://goo.gl/P0cTBc
Wikipédia à https://goo.gl/vJg47D

segunda-feira, 3 de abril de 2017

BEBÊ DIABO - Dias de pavor no ABC paulista!

Gustavo Valente

Jornal noticia um estranho nascimento

Domingo, 11 de maio de 1975. O jornal ‘Notícias Populares’ noticiava um fato bastante estranho e macabro. Na capa dessa edição, era anunciado com grande destaque: “NASCEU O DIABO EM SÃO PAULO”. A matéria relatava o peculiar nascimento de uma criança em 10 de maio (sábado) no hospital de São Bernardo do Campo, município situado no ABC Paulista. Segundo a reportagem, havia ocorrido um “parto incrivelmente fantástico e cheio de mistérios”, marcado por “correria e pânico por parte de enfermeiras e médicos”.



Ainda de acordo a publicação, o recém-nascido tinha “aparência sobrenatural, com todas as características do diabo, em carne e osso”, possuindo o corpo repleto de pelos, um par de chifres pontiagudos, uma cauda de 5 centímetros e um olhar feroz, “que causa medo e arrepios”. Alguns afirmam que ele chegava até mesmo liberar chamas pela boca. Como se já não fosse o bastante, o bebê havia dito algumas palavras de cunho ameaçador à vida da própria mãe imediatamente após o nascimento.

“Durante um parto incrivelmente fantástico e cheio de mistérios, correria e pânico por parte de enfermeiros e médicos, uma senhora deu a luz num hospital de São Bernardo do Campo a uma estranha criatura, com aparência sobrenatural, que tem todas as características do Diabo, em carne e osso. O bebezinho já nasceu falando e ameaçou sua mãe de morte, têm o corpo cheio de pelos, dois chifres pontiagudos na cabeça e um rabo de aproximadamente cinco centímetros, além de olhar feroz, que causa medo e arrepios.” – Trecho da matéria divulgada no livro ‘NADA MAIS QUE A VERDADE: A extraordinária história do jornal Notícias Populares’.





Hipóteses

A respectiva edição do ‘Notícias Populares’ rapidamente se esgotou nas bancas, e nos dias que se seguiram, outras informações sobre o caso foram noticiadas. Ao tentar explicar o motivo pelo qual a criança havia nascido daquela forma, o jornal explorou duas hipóteses prováveis. Um delas dizia que a mãe do bebê diabo havia sido convidada para participar de uma procissão na Semana Santa. Porém, a mulher teria recusado o convite, colocando a gestação como um empecilho ao dizer que “não vou enquanto esse diabo não nascer”.
A outra hipótese também teria a mãe como causadora daquela aberração. Um suposto médico que acompanhava a gestação da mulher teria relatado que ela havia criado “descargas magnéticas negativas” ao se irritar por não poder dançar temporariamente em virtude da gravidez: “Por causa desse diabinho, não posso ir dançar”.
Existem também os que acreditam que o bebê diabo possa ter nascido dessa forma, pois seu pai era um fazendeiro de Marília (SP), que segundo vizinhos, “não tirava o chapéu por nada nesse mundo”. Seria essa uma atitude soberba que foi castigada ou uma estratégia do pai para esconder um par de chifres?



Atividade do bebê a comportamento do público

Obviamente, ao saberem do nascimento de uma criatura com tais características, os leitores do ‘Notícias Populares’ ficaram histéricos. Alguns deles tomaram até algumas atitudes mais energéticas. Foi o caso da operária Maria Aparecida, que decidiu ir até a maternidade onde o suposto bebê havia nascido exigir que a criança fosse mostrada. Já a doméstica Prudência Antônia Pereira garantiu ter visto a criança, ao relatar que “quando não atendiam seus desejos, ele rosnava como cachorro. Depois, limpava as unhas com o próprio rabo”.

A edição de 12 de maio do ‘Notícias Populares’ informou que o bebê diabo havia ameaçado funcionárias da maternidade de morte caso eles não fechassem as janelas do quarto, uma vez que a luz do dia o incomodava bastante. Ele também teria rasgado travesseiros com seus chifres e fugido do hospital, saltando de uma janela no 3º andar, enquanto dizia que não pertencia a este mundo e que aquela mulher não era sua mãe.
Com o sumiço do bebê, o pânico se instalou na população de São Bernardo do Campo. Crianças não eram mais vistas brincando nas ruas, portas permaneciam sempre trancadas e mulheres retornavam para casa mais cedo, antes do anoitecer, temendo serem vítimas do bebê. Além disso, todas as brigas entre casais/amigos e acidentes automobilísticos na cidade eram creditadas na conta do bebê. Para o povo, ele era a causa de todo o mal que ocorria no município.
 Nos dias que se seguiram, diversos outros relatos sobre atividade dessa criatura foram noticiados. Dentre eles, destacam-se os que o bebê teria andado por telhados, enlouquecido uma mulher, acabado com um ritual umbandista, pedido sangue para beber, palitado os dentes com um facão e assustado um taxista ao pedir que ele o levasse “para o inferno”. O bebê até ganhou um apelido dado pela população: brasinha.



Diante de toda repercussão causada pelo bebê diabo, feiticeiros, fanáticos religiosos e até mesmo o cineasta Zé do Caixão se dispuseram a acabar com ele. Uma clínica particular também se aproveitou da situação ao anunciar que poderia exibi-lo ao público curioso desde que os visitantes fossem maiores de idade, usassem crucifixos, não tivesse problemas cardíacos e se responsabilizassem por possíveis “possessões demoníacas”.



Todas as manchetes do ‘Notícias Populares’

Abaixo, vocês podem conferir todas as manchetes feitas pelo jornal ‘Notícias Populares’, acerca do nascimento e atividades do bebê diabo:
11/5 – NASCEU O DIABO EM SÃO PAULO
12/5 – BEBÊ-DIABO DESAPARECE
13/5 – FEITICEIRO IRÁ AO ABC EXPULSAR O BEBÊ-DIABO
14/5 – BEBÊ-DIABO DO ABC PESA 5 QUILOS
15/5 – BEBÊ-DIABO INFERNIZA O PADRE DO ABC
16/5 – NÓS VIMOS O BEBÊ-DIABO
17/5 – POVO VAI VER O BEBÊ-DIABO
18/5 – PROCISSÃO EXPULSARÁ BEBÊ-DIABO
19/5 – VIU BEBÊ-DIABO E FICOU LOUCA
20/5 – SANTO PREVIU O BEBÊ-DIABO
21/5 – BEBÊ-DIABO NOS TELHADOS DAS CASAS DO ABC
22/5 – MÉDICO AFIRMA: O BEBÊ-DIABO NASCEU NO ABC
23/5 – DIABO EXPLODE MUNDO EM 1981
24/5 – BEBÊ-DIABO PAROU TÁXI NA AVENIDA
25/5 – FAZENDEIRO É O PAI DO BEBÊ-DIABO
26/5 – BEBÊ-DIABO VIAJA PARA VER O PAI
27/5 – BEBÊ-DIABO APARECE NO LUGAR DO ECLIPSE
28/5 – MAIS 7 VIRAM O BEBÊ-DIABO
29/5 – BISPO MORRE DE MEDO DO BEBÊ-DIABO
30/5 – BEBÊ-DIABO ARRASA COM RITUAL DE UMBANDISTA
31/5 – FANÁTICOS AMEAÇAM BEBÊ-DIABO DO ABC
01/6 – SEQÜESTRADO BEBÊ-DIABO
02/6 – BEBÊ-DIABO À MORTE
03/6 – BEBÊ-DIABO FOGE PARA O NORDESTE
04/6 – PADRE DE MARÍLIA: ‘EU ACREDITO NO BEBÊ-DIABO DO ABC’
05/6 – ZÉ DO CAIXÃO VAI CAÇAR BEBÊ-DIABO NO NORDESTE
08/6 – POVO VÊ NOVO BEBÊ-DIABO NO ABC



O fim do bebê diabo

No começo de junho, foi noticiado que o bebê diabo havia sido sequestrado e levado para o Nordeste, onde teria sido queimado vivo. Para certificar da morte do bebê, Zé do Caixão foi até a redação do ‘Notícias Populares’ e apresentou a ideia de enviar seus assistentes, Satã e Marcello Motta, até a Bahia. Assim, ambos partiram em um ônibus ruma à Bahia do Terminal Rodoviário do Tietê e, após retornarem, garantiram que o bebê diabo não existia mais.




O bebê diabo realmente existiu?

Inicialmente, vale lembrar que nenhum outro veiculo de comunicação noticiou a história no dia em que a reportagem do ‘Notícias Populares’ estampou a capa do jornal. Isso fez com que os exemplares dessa edição fossem esgotados das bancas rapidamente (tanto que restaram apenas 8 jornais nas 2 mil bancas que vendiam o ‘Notícias Populares’ em São Paulo). Apesar do sucesso de vendas, o editor-chefe do jornal na época, Ebrahim Ramadan, relutou em seguir com o caso. Porém, a direção do ‘Notícias Populares’ decidiu continuar a reportar informações sobre o bebê diabo, atendendo pedidos do público e principalmente dos jornaleiros. Até 8 de junho, foram feitas 27 reportagens.
Oficialmente, algumas ‘autoridades competentes’ jamais confirmaram a existência dessa criatura. Diante de tanto alvoroço e curiosidade por parte da população, o médico responsável pela maternidade de São Bernardo dos Campos, Fausto Figueira Mello Júnior, logo tratou de esclarecer que lá “não havia nascido nenhum diabinho.” O diretor administrativo, Roberto Saad, também se manifestou com bem menos humor, ao dizer que tudo aquilo era uma piada de muito mal gosto com o hospital. Enzo Ferrari, secretário da promoção social do município na época, soltou uma nota refutando a matéria do ‘Notícias Populares’ após visitar cada um dos hospitais de São Bernardo do Campo e se certificar que não havia nenhum bebê diabo. Porém, a própria preocupação de um secretário da cidade fez com que o boato ganhasse mais atenção do público.



Com o decorrer dos dias, a história foi despertando cada vez menos interesse dos leitores, e com isso, menos destaque a ela era observado no jornal. O ‘Notícias Populares’ ainda tentou, sem o mesmo sucesso, emplacar mais duas histórias nos mesmos moldes: um ‘bebê-peixe’ e um ‘bebê atômico’.

 Diante desses fatos e pela falta de provas mais concretas, é lógico se pensar que essa foi uma história inventada pelo próprio ‘Notícias Populares’ com intuito de vender exemplares, focando suas matérias em um sensacionalismo sobrenatural. Não é muito diferente do que alguns tabloides britânicos fazem até hoje. Trazendo essa realidade ao mundo virtual, seria como aos incontáveis clickbaits observados em vídeos do Youtube, que embora tenham um título e thumbnail bastante chamativos, demonstram um conteúdo pobre e/ou que não refletem uma realidade. 
Essa hipótese ganha ainda mais força ao lembrar-nos de que, o público alvo do ‘Notícias Populares’, era composto por pessoas mais simples, que por sua vez apresentam maior tendência a se impressionar e interessar por temas que fogem à normalidade. Meses antes, o próprio jornal já havia noticiado matérias de mesmo cunho, sobre a ‘loira fantasma’, ‘vampiro de Osasco’ e a ‘gangue dos palhaços’.


Por fim, vale ressaltar que toda a história do bebê diabo de São Bernardo do Campo ocorreu em uma época onde haviam sido lançados alguns filmes de terror que poderiam ter servido de inspiração para a criação dessa lenda. É o caso de ‘O Exorcista’ (1974) e principalmente ‘O Bebê de Rosemary’ (1969), sendo que, o último, apresenta um enredo com bastante similaridade com a história que foi noticiada pelo jornal.



O veredito

Em diversas páginas na web está postado um texto supostamente escrito pelo autor da primeira matéria sobre o bebê diabo. Nesse texto, o jornalista expõe abertamente todos os fatos ocorridos, batendo o martelo a favor da hipótese levantada sobre o apelo sensacionalista utilizada pelo ‘Notícias Populares’.
Em resumo, o repórter Marco Antônio Montadon havia sido enviado à Região do Grande ABC Paulista para investigar o suposto nascimento de uma criança com “duas saliências na testa” (chifres) e “prolongamento no cóccix” (rabo). Porém, após as verificações, foi constatado que o bebê havia nascido com má formações congênitas (provavelmente uma mielomeningocele), sendo posteriormente corrigida cirurgicamente. Sem muito o que explorar diante do ocorrido, Montadon transformou a história em uma crônica (fictícia) de terror para preencher o espaço da matéria. Por falta de assunto e com pautas quase que vazias, José Luiz Proença (secretário de redação do ‘Notícias Populares’) e Lázaro Campos Borges (editor de polícia) transformaram aquela crônica despretensiosa na manchete principal da capa, para a surpresa do próprio Montadon.

Segue abaixo, na íntegra, o suposto relato do próprio Montadon retirado do site “Caçadores de Mistérios”:

“Tempos atrás prometi que nunca mais tocaria nesse assunto. Mas, a bem da verdade e intimado pelo amigo Amalio Damas, vou relatar, com absoluta exclusividade, toda a história sobre o nascimento de um menino com chifres e rabo em São Bernardo do Campo, Região do ABC Paulista, que viraria um marco no jornalismo brasileiro.O bebê-diabo, assim ficou conhecido, transformou-se em literatura de cordel, filmes, documentários e deu origem a inúmeras publicações fantasiosas que omitiram o nome dos verdadeiros jornalistas do jornal Notícias Populares (NP) que participaram dessa publicação. Por isso, com tantos "pais" para o bebê-diabo, resolvi não mais escrever sobre isso, promessa que quebro agora. Um dia, caso uma editora se interesse conto toda a verdade num livro, para desmascarar as publicações mentirosas que invadiram o País depois que o bebê-diabo se transformou em lenda.Em 1975 eu trabalhava pela manhã como repórter policial no jornal Correio Metropolitano, em Santo André, no ABC, e à tarde no jornal Notícias Populares, pertencente ao Grupo Folha, como repórter especial. José Lázaro Borges Campos, falecido, amigo inesquecível, era o editor de polícia do NP. Ibrahim Ramadan, nessa época, o diretor de redação. Eu e o "Lazão", assim ele era conhecido, morávamos em Santo André e todos os dias seguíamos juntos para o NP, no 5° andar da Folha de S. Paulo, na Alameda Barão de Limeira. No mês de maio daquele ano corria forte um boato dando conta do nascimento de um bebê que tinha chifres e rabo, num hospital de São Bernardo, ABC, que aterrorizava enfermeiras, médicos, falava grosso e até soltava fogo pela boca.Com o passar dos dias, o boato se alastrou de tal forma que em todos os cantos das sete cidades do ABC só se falava nessa estranha criatura. Não faltavam padres, médicos, psiquiatras, pessoas do povo e até dados científicos para comentar sobre um possível nascimento de uma criança-monstro nesse hospital de São Bernardo. Com tantos comentários, Lázaro Campos me incumbiu de apurar os fatos e escrever uma nota sobre esse boato para o NP de domingo. Falei com a direção do Hospital São Bernardo, enfermeiras (os) e médicos. O engraçado é que algumas enfermeiras mostravam nervosismo e chegavam até a rezar o Pai Nosso quando eu tocava nesse assunto. Na verdade, garantiram-me os médicos, um bebê nascera com um prolongamento no cóccix e duas pequenas saliências na testa, problemas resolvidos com uma simples cirurgia na própria maternidade.Escrevi esse relato, sem nenhum sensacionalismo, no dia 10 de maio de 1975, um sábado e deixei o texto, de 30 linhas, sobre a mesa do Lázaro. O jornal estava para ser fechado e eu desci para esperá-lo na padaria da esquina. Fomos embora juntos, sem comentar nada sobre jornal. No domingo pela manhã percebi que a banca de revistas perto de casa estava repleta de pessoas comprando o NP. Curioso, me aproximei e consegui o último exemplar que trazia a seguinte manchete: Bebê-diabo nasce em SBC". Fui à página 5 e gelei. Minha assinatura estava abaixo da manchete forçada. Fiquei apavorado, temendo processo e a demissão do jornal por justa causa. Quando Lázaro Campos passou em casa, me recusei a sair para trabalhar. Mas, com seu jeito "mineiro", me convenceu, afirmando que assumiria a culpa da manchete, caso a direção se manifestasse desfavoravelmente. Entrei cabisbaixo no prédio da Folha. Na verdade, estava apavorado. Fiquei mais ainda quando recebi o aviso para me dirigir, imediatamente, com o Lázaro, à sala de Octávio Frias de Oliveira, dono do Grupo Folha. Entramos assustados na sala de Frias, esperando um sermão, antes da demissão. Pelo contrário. O homem, que eu ainda não conhecia pessoalmente, estava sorrindo e nos estendeu a mão, cumprimentando pela manchete e informando que, pela primeira vez na história, o NP bateu todos os recordes de venda em bancas.Custei a acreditar que tudo aquilo era verdade. Segurava a xícara com café, oferecida pelo Frias, com dificuldade, tremendo e ouvindo somente elogios. E a ordem era para darmos sequência no assunto. E assim foi feito. A notícia tornara-se uma bola de neve. A tiragem do periódico, que era de 80 mil exemplares, ultrapassara a marca dos 200 mil. O povo acreditou na história e o NP começou a inventar uma saga para o bebê-diabo. O caso permaneceu na primeira página do jornal por inacreditáveis 37 dias.”

Mas se tudo isso foi uma história inventada, como explicar o envolvimento do Zé do Caixão? Muito fácil! Ao saber da suposta existência do bebê diabo e de todo sucesso que ele provocara, o próprio Zé do Caixão entrou em contato com o ‘Notícias Populares’ desejando ser incluído nessa história. Dessa forma, Satã e Marcello Motta, assistentes do Zé do Caixão, foram supostamente enviados até a Bahia para dar fim à criatura. Assim, ambos embarcaram num ônibus no Terminal Rodoviário do Tietê com cobertura do ‘Notícias Populares’ e na presença dos populares. Mas isso não passou de uma encenação. Por falta de verba, eles não puderam viajar e desembarcaram quilômetros depois na marginal Tietê. O discípulo Satã também teria dito a alguns jornalistas que ele juntamente com Marcello Motta, após a encenação do embarque no ônibus para Bahia, permaneceram dois dias reclusos em uma chácara próxima de São Paulo, e depois voltaram para a cidade dizendo que haviam acabado com o bebê diabo.

Portanto, a história do bebê diabo foi só uma das diversas matérias sensacionalistas fictícias criadas pelo ‘Notícia Populares’ para preencher um espaço vazio no jornal. Mas com o sucesso de vendas nas bancas, os responsáveis se viram, de certa forma, obrigados a continuar aquela farsa tanto para atender o anseio do público como também para incrementar o número de edições vendidas. Vale ressaltar que os próprios jornaleiros pressionaram para que aquela matéria continuasse nas edições seguintes. 



Bebê diabo nas mídias

Uma história fantástica como essa não passaria despercebida pela mídia. Toda a saga do bebê diabo foi detalhadamente relatada no livro escrito por Celso de Campos Jr., Maik Rene Lima, Giancarlo Lepiani e Denis Moreira, intitulado como “NADA MAIS QUE A VERDADE: A extraordinária história do jornal Notícias Populares”. O livro, publicado em 2002 (dez anos após o fim do ‘Notícias Populares’), é uma biografia do antigo jornal, narrando todas as fabulosas histórias abordadas em suas matérias, entre elas, a do bebê diabo.

O caso do bebê diabo também é o principal tema abordado pelo documentário “Nasce o bebê diabo em São Paulo” produzido pela TC           Filmes em 2001. Além do bebê diabo, o documentário discorre sobre outras lendas originadas em boatos do ‘Notícias Populares’, como a Loira Fantasma e a Gangue do Palhaço. Para conferir o documentário na íntegra, basta assistir o vídeo postado abaixo.





Referências

Caçadores de Mistérios à https://goo.gl/TK9eTA
Folha de São Paulo à https://goo.gl/jMuAOY
Mundo Estranho à https://goo.gl/Yb5oFH
NADA MAIS QUE A VERDADE: A extraordinária história do jornal Notícias Populares à https://goo.gl/HUakzK
Sobrenatural à https://goo.gl/9vfytA

sábado, 4 de março de 2017

CORPO-SECO - A criatura rejeitada até pelo inferno!

Tsug

O blog "Cabana do Terror" agora tem um canal no Youtube! Confira a matéria sobre o Corpo-seco em formato de vídeo, clicando no play abaixo:




Origem

Corpo-Seco (ou Unhudo) é uma criatura que em vida, era um humano que desrespeitava e desobedecia a sua mãe, chegando até mesmo agredi-la verbal e fisicamente. Após sua morte, esse homem se transformou em um ser maligno, rejeitado por Deus e pelo o diabo, o que fez com que seu cadáver fosse expulso da terra. Dessa forma, o defunto já em estado de decomposição, teve que sair do túmulo e habitar troncos de árvores às beiras de estradas, onde embosca vítimas que se aproximam, as abraçando com suas unhas compridas, até que o indivíduo seja esmagado e perca a vida.


Em outra ramificação da lenda, é dito que o Corpo-seco era um fazendeiro muito egoísta e avarento, que cultivava uma gama de árvores e vegetais no pomar e horta de sua propriedade. Em uma época de estiagem, vários vizinhos começaram a passar fome, mas o fazendeiro colheu e estocou todos os frutos de sua terra, se negando a dividir com os demais. Durante a discussão com os vizinhos, o fazendeiro teria tido um infarto e falecido. Mesmo depois de morto, ele voltou na forma de um ser maligno para proteger sua horta e pomar de invasores, atacando e matando qualquer um que adentrasse suas terras.

No interior de São Paulo, também há uma variante desta lenda. Nesse caso, o Corpo-seco é uma criatura que, semelhante aos vampiros, se alimenta de sangue humano. Portanto, sempre que uma vítima se aproxima de árvores ou caminha na beira de estradas (que são locais onde normalmente ele se esconde), ela é atacada e seu sangue sugado. Por outro lado, o Corpo-seco pode morrer de fome caso ninguém se aproxime dele por um longo período de tempo, e após sua morte, sua aparência fica semelhante à de uma árvore seca, passando despercebido a olhares humanos.  



Relatos
Há relatos da ocorrência do Corpo-seco nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Amazonas, Paraná, Amapá, no Nordeste e Centro-Oeste brasileiro.   Em alguns países africanos de língua portuguesa, segundo relatos de soldados brasileiros veteranos da Terceira Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola (UNAVEM III), também há lendas que se assemelham muito a essa.

No estado de São Paulo, o Corpo-seco é taxado como o falecido Zé Maximiano, morador do município de Monteiro Lobato (região da Serra da Mantiqueira), morto por assassinato e conhecido por bater em seus pais. Zé foi enterrado no Cemitério Municipal, porém, seu corpo foi rejeitado pela própria sepultura e ele passou a assombrar o local. Diante disso, o padre da cidade achou que seria mais conveniente transferir o corpo para um local afastado. Então o cadáver foi levado até uma gruta pelo próprio amigo de Zé, chamado Pedro Vicente. Essa gruta se situava próxima a um rio, uma vez que, segundo crenças, esse tipo de entidade não consegue atravessar águas. Durante o trajeto, o corpo de Zé foi colocado em um balaio, e o padre ainda aconselhou Pedro a levar junto a ele uma vara de marmelo, para batê-la no defunto caso ele tentasse escapar. Segundo relatos, o Corpo-seco tentou agarrar o amigo ao longo do caminho, mas foi repelido pelos golpes de vara que recebeu.


Segundo a população local, o Corpo-seco aparece na beira do rio nas sextas-feiras à meia noite, pedindo para ser transportado para a outra margem. Em troca, ele promete revelar a localização de um tesouro. Enquanto a criatura está sendo transportada, seja em embarcações ou nas costas da vítima, diz a lenda que meio do curso d'água, a assombração começa a pesar cada vez mais, afundando e matando afogada a pessoa que o transportava.

Em de agosto de 2005 o jornal Vale Paraibano, de Taubaté, São Paulo, publicou matéria a respeito do Corpo-Seco que se esconde há mais de 40 anos em uma gruta na localidade de Pedra Branca, no município de Monteiro Lobato-SP. O texto alude à informação dada por Geraldo Periquito, apontado como uma das lideranças da localidade, segundo a qual a infeliz alma tem até nome: “Ele se chama Zé Maximiano. Um sobrinho dele já trabalhou comigo. O Zé virou corpo seco porque batia no pai e na mãe. Conheci ele quando pequeno”.

Em Ituiutaba, município situado na região do Triângulo Mineiro, há um relato em que o corpo de uma mulher após ser enterrada no cemitério municipal, foi repelido pela terra várias vezes, permanecendo no fundo da cova por apenas algumas horas. Dessa forma, ela foi capturada e levada por bombeiros a uma caverna presente em uma serra ao sul da cidade (que ficou conhecida como “Serra do Corpo-seco”). Reza a lenda que à noite, quem passa pela estrada próxima a esse local, consegue ouvir os gritos e lamentações da criatura ecoando de dentro da caverna. Nesta variação da lenda, a mãe do Corpo-seco que foi literalmente usada como cavalo pela filha em vida, a amaldiçoa antes de morrer, fazendo-a transformar nesse ser.

Serra do Corpo-seco, Ituiutaba-MG

Em Pouso Alegre, também Minas Gerais, a lenda do Corpo-seco apresenta alguns aspectos semelhantes aos já citados anteriormente. Em uma família rica, um dos sete filhos, nascido em 1918, era bastante boêmio e sempre arrumava confusão nas noitadas. Quando chegava em casa brigava com a família, chegando até a montar a sela do cavalo na mãe em uma das discussões. Tempos depois, ele contraiu uma doença venérea incurável na boemia. A partir daí ele começou a perder peso e entrar em uma depressão profunda, já que todos o discriminavam pelo seu aspecto. Diante de seu quadro clínico, o indivíduo ficou recluso em um casarão até sua morte quando ele tinha 33 anos de idade. Após ser enterrado no cemitério de Pouso Alegre, alguns populares afirmaram que ele voltou a vida para assombrar fazendas da redondeza.





Como acabar com a maldição?

Para que um Corpo-seco seja purificado, seu cadáver deve ser colocado em um saco e ser levada até a cidade de Aparecida-SP durante a madrugada. Dessa forma, a maldição sobre esse ser é cessada.


Ditado popular

Há ainda os que acreditam que o Corpo-seco, apesar de todas as maldades feitas em vida, teria se arrependido dos maus tratos feitos à mãe, e por esse motivo, ele castiga todas as crianças que demonstrem o mesmo comportamento. Por causa disso, surgiu o famoso ditado popular que diz: "Quem bate na mãe fica com a mão seca".


Mídias

O Corpo-seco já fez aparição em um filme nacional independente, produzido em Guaratinguetá-SP chamado de “Aconteceu nos Bottas” (confira a primeira parte do filme no vídeo a seguir. As demais partes podem ser encontradas em https://www.youtube.com/channel/UCr_O3ZQZCDw2Dv1faxe1Oaw). A lenda também foi relatada em um livro de crônicas produzido pelo blogueiro Airton Chips de Pouso Alegre-MG. Em Ituiutaba-MG, atualmente a criatura é classificada como patrimônio cultural da cidade.




Referências

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O CASO DAS MÁSCARAS DE CHUMBO - Mistérios sem fim!

Tsug


O blog "Cabana do Terror" agora tem um canal no Youtube! Confira a matéria sobre as máscaras de chumbo em formato de vídeo, clicando no play abaixo:





  • A descoberta dos corpos

Tudo se iniciou em Niterói-RJ, ao final da manhã de um sábado, dia 18 de agosto de 1966. O jovem Paulo Cordeiro Azevedo dos Santos estava no Morro do Vintém, em busca de pássaros para captura-los. Foi nesse momento que ele se deparou com dois cadáveres de homens no alto daquele morro, caídos ao chão em cima de uma espécie de cama feita com folhas de pintoba (uma árvore parecida com palmeira). Assustado, o jovem rapidamente se dirigiu a casa do guarda Antônio Guerra, que servia a Companhia de Radiopatrulha. Acreditando ser uma invenção do garoto, o guarda não acreditou no relato e não foi até o local conferir. Dois dias depois, por volta das 18:00 horas, outro jovem chamado Jorge da Costa Alves (18 anos), subia o Morro do Vintém seguindo uma pipa que caía do céu. Porém, no meio da mata fechada da colina, ele se deparou com aquela visão assustadora. Imediatamente o rapaz comunicou o ocorrido aos oficiais da Segunda Delegacia de Polícia (2ª DP) de Niterói, que foram até o ponto relatado no dia 21 de agosto, juntamente com jornalistas, para se certificarem.




Chegando ao local, os policias observaram os dois corpos sem vida já em adiantado estado de decomposição, evidenciado pelo mal cheiro que exalavam. E por causa disso, uma das primeiras atitudes dos ali presentes foi aplicar formol sob os corpos para amenizar os odores. Eram homens adultos trajando capas impermeáveis que cobriam seus ternos, e ao lado dos cadáveres, havia uma garrafa de água magnesiana vazia, um pacote fechado com duas toalhas em seu interior, uma folha de papel laminado (que foi usada como copo) e duas máscaras de chumbo que comumente são usadas para proteção contra radiação. Como dito anteriormente, ambos jaziam sob folhas de pintoba, que são muito difíceis de serem cortadas sem utilização de facas ou canivetes, porém, nenhum instrumento desse tipo foi encontrado no local (mesmo que os caules das folhas apresentassem cortes característicos desses objetos). Após pesquisas mais minuciosas dos corpos, os policiais verificaram que não havia nenhum sinal de violência como perfurações, hemorragia/hematomas ou lesões. Também foi encontrado um bloco de anotações contendo símbolos e números (incluindo fórmulas físicas, como a Lei de Ohm, que envolve potência, tensão, corrente e resistência elétricas), um lenço com as iniciais M. A. S., um par de óculos preto com uma aliança em uma das hastes, um vale do casco da água magnesiana e um bilhete contendo a seguinte mensagem:





Nessa etapa, os corpos também puderam ser identificados após os guardas encontrarem seus documentos. Tratava-se de Manoel Pereira da Cruz (32 anos) e Miguel José Viana (34 anos). Nos bolsos de ambos, ainda foram encontrados seus relógios e Cr$ 157.000 com um e Cr$ 4.000 com outro. No bolso de Manoel, ainda foi encontrado um maço de cigarros quase no fim, o que levou os policias a crerem que eles não tinham a intenção de permanecer naquele local por muito tempo, já que, se esse fosse o objetivo, Manoel estaria portando uma quantidade maior de cigarro para alimentar o vício durante o período de permanência.



  • Investigação policial

Diante de tantos pontos em aberto, naturalmente se iniciou uma investigação policial acerca daquelas duas misteriosas mortes. Durante o inquérito, os investigadores da polícia reconstituíram uma narrativa plausível dos últimos dias dos dois homens. Logo descobriram que as vítimas eram técnicos em eletrônica, com uma paixão fora do comum por alienígenas e outros ritos sobrenaturais. Em 17 de agosto daquele ano, ambos partiram de Campos dos Goytacazes-RJ, a cidade onde residiam,  munidos de grande quantidade de dinheiro para a época (Cr$ 2.300.000), tendo dito às respectivas esposas que iriam a São Paulo comprar material de trabalho e também um automóvel. Cabe lembrar que durante a revista dos corpos, foram encontrados apenas Cr$ 161.000 com eles. Durante a investigação, também foi descoberto que as máscaras de chumbo foram confeccionadas na oficina dos dois, onde foram encontradas matérias primas relacionadas à produção desses objetos. Exames grafotécnicos realizados nos bilhetes encontrados no Morro do Vintém também provaram que a caligrafia pertencia a Miguel, embora os termos utilizados como “ingerir”, não fosse palavras usadas cotidianamente por pessoas simples como ele. A própria família disse que o termo não fazia parte de seu vocabulário. Isso levou todos a crer que o recado anotado possa ter sido passado por outra pessoa.
Ao saber do envolvimento de uma considerável quantidade de dinheiro, o delegado Venâncio Bittencourt questionou o guarda Antônio quanto a sua negligência diante do relato do garoto Paulo. Inicialmente suspeitou-se que ele talvez possa ter ido ao local para se apropriar de alguns bens. Porém, nada disso pôde ser comprovado.  Quanto ao lenço com as iniciais M. A. S., seu significado ainda prevalece desconhecido. Segundo o irmão de Miguel, Herval Viana, eles não tinham nenhum familiar cujo nome representasse aquela sigla.


De volta a reconstituição, na sequência, ambos se dirigiram para a rodoviária junto com o amigo Élcio Correia Gomes, e as 9:00 horas eles embarcaram no veículo e se despediram do colega. Ao passar pela rua próxima à rodoviária, a sobrinha de Miguel viu seu tio dentro do ônibus e se aproximou da janela para conversar com ele. Nesse diálogo, Miguel diz rapidamente que estava indo pra São Paulo comprar um carro, e que ele iria se certificar de algo para saber se acreditava ou não no espiritismo. Seria alguma experiência parapsicológica?
Após pegarem o ônibus, os dois homens desembarcaram em Niterói-RJ às 14:30 da tarde. Na cidade, inicialmente Miguel e Manoel foram à loja de componentes eletrônicos “Fluoscop” situada na Travessa Alberto Vitor no centro da cidade, onde apenas conversaram normalmente com o dono do estabelecimento e amigo, Ernani de Carvalho Filho, sem deixar transparecer nada que levasse a alguma suspeita.  Na sequência, ambos foram até uma loja de roupas para comprarem capas impermeáveis e em um bar situado na Avenida Marquês do Paraná para adquirirem uma garrafa de água magnesiana. O atendente do estabelecimento relatou ainda que Miguel parecia muito nervoso e olhava para o relógio de pulso constantemente. Porém, tudo levavam a crer que os dois tinham a intenção de voltar ao bar, uma vez que eles pediram o vale do casco de vidro retornável (vale esse que também foi encontrado junto aos corpos). Na loja onde foram adquiridas as capas, a maior observação do vendedor se deu pelo fato de que, embora estivesse caindo uma chuva no momento, Miguel e Manoel deixaram o estabelecimento sem utilizar as capas, ou seja, com elas ainda dentro de suas embalagens.

Após a ida ao bar, tudo levava a crer que os dois seguiram direto para o local em que foram encontrados mortos. Durante investigação, foi notado que no caminho do Morro do Vintém existia um Centro Espírita, o qual realizava estudos e pesquisas espirituais. No entanto, não foram encontradas provas do contato de Miguel e Manoel com membros desse local.
Segundo um vigia chamado Raulino de Matos, na noite do ocorrido ele viu dois homens com características similares a das vítimas, chegando ao Morro do Vintém em um jipe acompanhado de outras duas pessoas (sendo um deles, um homem loiro), que até hoje não foram identificadas. Após descerem do jipe, apenas Miguel e Manoel subiram o morro a pé, em meio à chuva e escuridão daquela noite. Estima-se que Jorge (o garoto da pipa) encontrou os dois homens cerca de 3 dias após a morte, baseando-se no estado de decomposição dos corpos. Um aspecto interessante e misterioso, é que mesmo durante todo esse período no meio da vegetação, os corpos não foram atacados por predadores como roedores e urubus.

Morro do Vintém


Uma suposição interessante levantada, é que dias antes do acontecido, um homem loiro havia perguntado alguns rapazes da região sobre qual seria a forma mais fácil de atingir o topo do Morro do Vintém. A descrição desse homem era compatível com a do zelador do Centro Espírita citado acima, porém, a polícia não conseguiu relacionar esse indivíduo ao suposto motorista do jipe ou se certificar se ele realmente pedia informações sobre o morro aos moradores.

  • Análises no IML e conclusão do caso

Nos exames anatomopatológicos feitos no IML de Niterói-RJ pelo legista Astor Pereira de Melo, nenhum sinal de ferimento, envenenamento ou distúrbio orgânico foi encontrado na necropsia, não sendo possível determinar a causa mortis. Contudo, diante da presença de uma pista que indicava a ingestão de uma “pílula”, logo se suspeitou que pudesse ter ocorrido um envenenamento.
Quanto ao exame toxicológico de órgãos, há duas vertentes relatadas nas referências pesquisadas. Em uma delas, é dito que foi impossível de ser realizado, uma vez que suas vísceras já estavam em grau avançado de decomposição. Por outro lado, algumas fontes afirmam que foram realizados diversos exames toxicológicos em várias amostras de órgãos, sendo que todas as análises deram negativo. O próprio legista Astor em entrevista a Globo em 1990 disse ter colhido amostras de cérebro, fígado, rins, pulmões, conteúdo estomacal e fragmento intestinal para análise, mas os resultados foram todos negativos.
Nos laudos do IML e no atestado de óbito, a causa da morte foi dada como “indeterminada”. Além disso, o laudo foi rasurado uma vez que o médico legista responsável, Dr. Sebastião, se recusou a assinar um documento com a causa da morte não esclarecida, sendo necessário coletar a assinatura de outro médico.
No dia 25 de agosto de 1967, cerca de um ano após o ocorrido, a justiça ordenou que os corpos de Miguel e Manoel fossem exumados para realizações de novas análises. Porém, novamente em nenhum dos exames realizados foi possível detectar a causa mortis. Cabe lembrar que mesmo após tanto tempo enterrados, os corpos haviam praticamente se mantido sem se decompor. Isso pode ser explicado, em parte, pela ação conservante do formol que foi aplicada sobre os cadáveres ainda no Morro do Vintém, uma vez que os corpos naquela ocasião exalavam odores não muito agradáveis.

Após muitas investigações e poucas respostas, a justiça decidiu arquivar o caso em 1969. Em 2006, o programa Linha Direta Justiça pediu acesso aos documentos do caso ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Porém, as pastas referentes aos arquivos estavam vazias. Para a justiça, o caso das máscaras de chumbo era um caso como qualquer outro, tendo importância apenas para a imprensa. E por causa disso, após prescrever, os documentos foram jogados fora. Por outro lado, o procurador Edmo Lutterbach em entrevista ao programa Linha Direta Justiça relatou que achava um absurdo um processo de tamanha dimensão e complexidade, que envolveu duas vítimas e que até hoje não foi solucionado ter um fim como qualquer outro caso. Será que havia informações adicionais àquelas que tínhamos e temos acesso?

  • Hipóteses

CRIME PASSIONAL – O repórter policial Mário Dias, relatou ao programa Linha Direta Justiça que logo de cara os policiais levantaram a hipótese de algum crime passional envolvendo relações homossexuais. Porém, essa ideia logo foi refutada com a identificação dos corpos.

SUICÍDIO – Outra hipótese levantada incialmente, foi quanto a um possível pacto de morte. Mas como já relatado anteriormente no texto, diversas evidências sugerem que eles tinham a intenção de retornar do morro, como por exemplo, o vale do casco de água.

INTOXICAÇÃO – O envolvimento de uma provável “cápsula” faz com que a hipótese de intoxicação/envenenamento surja naturalmente. Essa teoria é ainda mais aceita, devido todo o mistério que cerca o exame toxicológico, como relatado anteriormente. Além disso, a utilização de uma água magnesiana abre uma possibilidade de se pensar em uma provável reação química desse produto com a substância presente na cápsula, sendo essa combinação letal aos consumidores e de difícil detecção em testes toxicológicos de acesso na década de 60.

HOMICÍDIO - Dado os achados, os investigadores logo suspeitaram do envolvimento de uma terceira pessoa, sugerindo que se tratava de um crime de latrocínio, uma vez boa parte do dinheiro que ambos levaram de suas casas não estava junto aos corpos. Associado a isso, uma testemunha afirmou que viu as vítimas chegaram ao pé do Morro do Vintém em um jipe, acompanhados por outros dois homens, que nunca mais foram encontrados. Com o avanço da investigação, a polícia suspeitou rapidamente do amigo Élcio Correia Gomes, uma vez que esse indivíduo era espírita e estava introduzindo as vítimas a essa crença (informação revelada à polícia por um amigo da família de Miguel). Élcio também já havia participado anteriormente de experiências paranormais com Miguel e Manoel que culminou numa enorme explosão na Praia da Atafona-RJ. Pela lógica, ele seria o principal suspeito. Élcio chegou a ser preso, mas por falta de provas, ele não pôde ser culpado e foi solto na sequência. Em 1969, um detento chamado Hamilton Bezani assumiu a autoria do crime, e relatou que ele juntamente com outras três pessoas armaram um plano para envenenarem Miguel e Manoel e roubaram 6 milhões de cruzeiro das vítimas. Levado para prestar depoimentos em Niterói-RJ, Hamilton caiu em contradição muitas vezes ao reconstituir o caso (sobre a quantia de dinheiro, posição dos corpos e outros detalhes), fazendo com que a polícia descartasse seu envolvimento. Posteriormente, a polícia descobriu que Hamilton inventou essa história para tentar se transferir para o presídio de Niterói-RJ, de onde ele já havia conseguido fugir duas vezes.


EXPERIÊNCIA PARAPSICOLÓGICA – Outra hipótese bastante comentada seria que Miguel e Manoel estavam tentando fazer uma experiência paranormal que fugiu de seus controles culminando no óbito de ambos (ou que exigiria uma prática mortal para ser executada). Vale lembrar, como relatado no tópico acima, que ambos juntamente com o amigo Élcio, tinham o costume de realizar essas práticas. Na época, o padre e professor de parapsicologia Oscar González Quevedo (o famoso “padre Quevedo”) relatou ao jornal “O Globo” que máscaras de chumbo são normalmente usadas em testes mortais ligados ao ocultismo, em que os envolvidos são expostos a certas fontes de luminosidades (requerendo as máscaras para proteção) e necessitariam ingerir alguma droga para entrarem em transe (o que justificaria a presença de pílulas). Tanto o Pe. Quevedo quanto o radiestesista Georges Charbel acreditam que as máscaras serviriam para proteger os olhos de alguma luz, fazendo com que assim fosse estimulado outro tipo de dimensão, o “plano do 3º olho”. O professor de parapsicologia Laércio Pinheiro acredita que quando Miguel e Manoel manipulavam campos de energia, eles podem ter aberto canais de comunicação pra outras dimensões, de onde eles receberam instruções que não foram corretamente interpretadas, levando a uma falha na experiência.

ELETROCUSSÃO - Foi levantada a hipótese que os homens podem ter sido mortos por eletrocussão causada por raios, já que no dia de suas mortes, caía uma forte chuva em Niterói com muitas trovoadas. Além disso, alguns técnicos eletrônicos consultados também indicaram que essa poderia ser uma hipótese plausível, já que eles estavam em uma região alta portando máscaras de chumbo o que aumentaria a chance de serem atingidos por descargas elétricas. Apesar dos corpos apresentarem apenas ligeiras queimaduras, essas constatações foram prejudicadas durante a necropsia, devido o estado de decomposição dos corpos, impossibilitando determinar se essa foi ou não a causa mortis.

EXTRATERRESTRES - A teoria extraterrestre também é bastante especulada nesse caso, já que na mesma noite em os dois técnicos morreram (17 de agosto de 1966), várias testemunhas relataram que viram um OVNI de formato discoide com um halo de luz alaranjada intensa e anel de fogo soltando raios azuis sobrevoando a região do Morro do Vintém. Uma dessas testemunhas foram Gracinda Barbosa Cortino de Souza e seus filhos, que viviam próximos ao morro. Quando passavam de carro pela Alameda São Boaventura, bairro Fonseca em Niterói-RJ, a filha de Gracinda, Denise (7 anos) alertou a seu irmão e mãe quanto a uma estranha figura que sobrevoava o Morro do Vintém. Mesmo sendo uma noite chuvosa, os três estacionaram o veículo e desceram para observar melhor aquele fenômeno. O depoimento de Gracinda foi publicado em vários jornais, e isso serviu como um fator encorajador para que outras testemunhas também entrassem em contato com a polícia para informar que também haviam presenciado a ocorrência de OVNI naquela região na noite do dia 17 de agosto. Além disso, em setembro de 1966, um repórter foi à oficina de Miguel e encontrou o livro “A vida no planeta Marte” com várias anotações, o que sugere fortemente que talvez ele juntamente com Manoel estivesse tentando fazer algum tipo de contato. Em 1981, o detetive Saulo que investigou o caso, após ser submetido a uma cirurgia gástrica, sentiu seu corpo levitar no quarto de um hospital próximo ao Morro do Vintém. Ao acordar, ele observou que dois enfermeiros estavam na janela de seu quarto comentando sobre um OVNI que havia passado pelos céus há pouco tempo. Teria esse acontecimento alguma relação com o caso das máscaras de chumbo?



  • Investigação ufológica

Quando todos pensavam que o caso seria esquecido pelo tempo, um novo capítulo foi escrito em 1980, quando o matemático francês, ufólogo e ex-funcionário da NASA, Jacques Vallée, veio ao Brasil com o único intuito de investigar o caso. O prestígio de Vallée entre ufólogos é tamanha, que o renomado diretor de cinema, Steven Spielberg, se baseou nele para criar o personagem Claude Lacombe, um cientista no filme “Contatos imediatos de terceiro grau”.

Ao subir o Morro do Vintém juntamente com sua esposa (Janine), o detetive do caso (Saulo Soares da Souza), o repórter policial que cobriu o mistério (Mário Dias), um fotógrafo (Alberto Dirma) e um intérprete, eles observaram que mesmo após 14 anos do acontecido, a vegetação ainda não havia crescido nos locais onde os corpos estavam dispostos, fato que deixou todos os presentes bastante espantados. Vallée ainda constatou que o solo estava calcinado, ou seja, havia sido exposto a uma grande fonte de calor. Todas as conclusões do ufólogo sobre o caso foram escritas em um livro de sua autoria, chamado “Confrontos”.



O detetive Saulo voltou ao local no ano de 1997 para fazer uma matéria sobre o caso e observou que ainda havia um clarão na vegetação no local que demarcava as posições de Miguel e Manoel e que o solo ainda se apresentava calcinado.



  • Casos semelhante?

Apesar de tantas particularidades e mistérios que as mortes de Miguel e Manoel nos apresentam, outra ocorrência anterior a essa mostrou alguns padrões bem parecidos. No ano de 1962, o também técnico eletrônico chamado Hermes havia subido o Morro do Cruzeiro em Neves (São Gonçalo-RJ) com a intenção de captar algum sinal de televisão apenas com a mente, sem utilizar nenhum tipo de aparelho. Nesse caso, Hermes também havia tomado uma misteriosa pílula redonda durante sua jornada, e foi encontrado morto no alto do morro com todos seus pertences e com uma máscara de chumbo junto ao corpo. O “caso Hermes” foi apresentado pelo investigador José de Sousa Arêas, porém, a polícia não descobriu nada de concreto sobre essa ocorrência em suas pesquisas.
No livro “Confrontos”, escrito pelo ufólogo Jacques Vallée, o autor cita o “Caso Grumari” de 1986 como um episódio similar, já que as vítimas morreram de forma acidental ao fazerem experiências paranormais para tentar comunicar com outras entidades. Porém, nenhum OVNI foi avistado ou relacionado ao caso.


LINHA DIRETA JUSTIÇA - 2006






LINHA DIRETA - 1990






  • Referências