domingo, 14 de maio de 2023

A CASA DAS SETE MORTES – O casarão assombrado em Salvador!

 

Tsug

 

Localização e características

 

A “Casa das Sete Mortes”, também conhecida como “Casa das Sete Facadas”, é uma centenária edificação presente no centro histórico de Salvador - BA. Construída por volta do século XVII, ela foi erguida na antiga Rua do Passo, onde atualmente é chamada de Rua Ribeiro dos Santos, número 24. Não se sabe quem foi o responsável pela sua construção, mas inicialmente ela foi usada como um imóvel residencial. Apesar de ninguém também saber ao certo o ano da sua construção, acredita-se que ela seja um dos casarões mais antigos do Brasil, uma vez que registros e mapas muito antigos já indicavam sua presença.

 

A arquitetura da casa mistura elementos característicos da arquitetura espanhola, portuguesa e árabe. A casa é composta por dois andares (três portas no térreo e quatro janelas e balcões no andar superior). A estrutura externa é de alvenaria revestida por azulejos azuis. Internamente a casa apresenta um pátio revestido de azulejos azuis e chão de mármore. Chama atenção também a presença de banheira incrustrada de conchas. Uma das provas do quão antigo é o casarão está na presença de azulejos portugueses azuis e amarelos, que de acordo com o pesquisador e ceramista Udo Knoff, são datados do século XVII.

 

Existem registros sobre alguns dos antigos residentes da casa, como o padre Manuel de Almeida (1756), Dona Catarina de Senna da Silva Marinho (1795) e Joaquim Esteves dos Santos (1881). Em 1936, o imóvel foi doado a Escola Técnica Casa Pia e Colégio dos Órfãs de São Joaquim.

 

Em 23 de março de 1943 a casa foi tombada como patrimônio histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A casa já foi reformada e restaurada diversas vezes, inclusive após o desabamento ocorrido em seus fundos em 1947. A última grande restauração foi feita em 2010 pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), sob coordenação do arquiteto Adolfo Roriz. Atualmente nela ainda funciona a Escola Técnica da Casa Pia, onde são ministradas aulas de música, canto e pintura.

 



 

Lenda

 


Em 1756 quatro pessoas perderam a vida na casa: o padre Manuel de Almeida, dois escravos e um trabalhador liberto. De acordo com registros do Arquivo Público da Bahia, alguém cometeu essas atrocidades usando uma faca, entretanto a autoria nunca pode ser determinada. A identidade do responsável por isso sempre foi um grande mistério.

 

Mais três mortes ocorreram no local posteriormente. Existem várias versões sobre como elas teriam acontecido. A hipótese mais aceita diz que uma escrava, cansada dos mal tratos que recebia, envenenou o casal de patrões e a filha. Também relatam que uma mãe viúva e duas filhas foram encontradas sem vidas já em avançado estado de deterioração. Suspeita-se que o autor do crime pudesse ser um português que namorava uma das filhas e não era bem aceito pela viúva. Entretanto essa hipótese nunca foi provada e o incidente nunca foi solucionado. Contam também que no meado do século XVII, houve desentendimento do proprietário do imóvel com o ajudante de ordens do Vice-Rei. Em retaliação, o ajudante teria mandado trucidar toda a família. Uma mulata que trabalhava na casa tentou se esconder adentrando ao forno, que ainda estava quente.

 

Independentemente da versão, o certo é que ao todo sete indivíduos perderam a vida naquele recinto, fazendo com que ele ganhasse fama como “A Casa das Sete Mortes”.

 

Após esses trágicos incidentes, os residentes do casarão começaram a presenciar algumas ocorrências estranhas no local. Chamou a atenção os barulhos que ecoavam dos cômodos no meio da noite, principalmente os sons de corrente. Muitas testemunhas afirmaram também ouvir passos mesmo quando a casa estava vazia. Portas e janelas se abrindo e fechando sozinhas também foi um fenômeno observado, inclusive por muitos operários que trabalharam na reforma feita em 2010. Também já foi relatada a presença de vários vultos e névoas estranhas percorrendo o local.

 

 

A assombração é uma fraude?

 

Alguns moradores dos arredores da Casa das Sete Mortes alegam nunca ter presenciado tais fenômenos e alguns nem mesmo sabiam que o local tinha fama de ser mal assombrado. Segundo Antônio Paulo, funcionário de um estacionamento localizado em frente à casa, a respeito das manifestações que ocorrem na casa ele relata: “Ouviu dizer não é exatidão”.

 

Danilo Junior, um morador do centro histórico de salvador e funcionário da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos afirma que o que aconteceu naquela casa virou apenas histórias contadas através do tempo: “Aqui têm lugares cheio de história, e eu aprendi muito porque meus tios, que cresceram aqui, me falam. Mas isso acaba sumindo, essa memória está sendo realmente perdida”.

 

A costureira Adélia de Jesus que trabalha no recinto ao lado do casarão relata nunca ter ouvido nada de incomum vindo do local. Por outro lado, ela afirma que algumas estruturas de madeira antigas podem estalar com o tempo e o ar ao passar entre frestas pode gerar um som parecido com gemidos. Apesar do ceticismo, Adélia não nega que o mundo espiritual possa existir: “Essas coisas do mundo espiritual acontecem, a gente não pode dizer que não existem. Pelourinho é lugar de sofrimento né?”.

 

Tais afirmações levantam o seguinte ponto: seriam as assombrações verdadeiras ou um elemento inventado para explorar turisticamente o imóvel?

 



 

Visite o casarão

 

Logo após a última grande reforma feita em 2010, se iniciou um projeto de visitas guiadas à Casa das Sete Mortes. O local funciona de segunda à sexta, de 14 às 17h.

 

 

Referências

365 motivos para amar Salvador à https://bit.ly/3kcfWhF

Aventuras na História à https://bit.ly/3AXnuMb

Casa Pia à https://bit.ly/3zjdpZG

Ipatrimônio à https://bit.ly/3D3lRhM

Raposa Comunicações à https://bit.ly/3y7DUQ0

Super Interessante à https://bit.ly/3k9THsM

Wikipedia à https://bit.ly/3z5T35P