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O blog "Cabana do Terror" agora tem um canal no Youtube! Confira a matéria sobre o Corpo-seco em formato de vídeo, clicando no play abaixo:
Origem
Corpo-Seco (ou Unhudo) é uma
criatura que em vida, era um humano que desrespeitava e desobedecia a sua mãe,
chegando até mesmo agredi-la verbal e fisicamente. Após sua morte, esse homem
se transformou em um ser maligno, rejeitado por Deus e pelo o diabo, o que fez
com que seu cadáver fosse expulso da terra. Dessa forma, o defunto já em estado
de decomposição, teve que sair do túmulo e habitar troncos de árvores às beiras
de estradas, onde embosca vítimas que se aproximam, as abraçando com suas unhas
compridas, até que o indivíduo seja esmagado e perca a vida.
Em outra ramificação da lenda, é
dito que o Corpo-seco era um fazendeiro muito egoísta e avarento, que cultivava
uma gama de árvores e vegetais no pomar e horta de sua propriedade. Em uma
época de estiagem, vários vizinhos começaram a passar fome, mas o fazendeiro
colheu e estocou todos os frutos de sua terra, se negando a dividir com os
demais. Durante a discussão com os vizinhos, o fazendeiro teria tido um infarto
e falecido. Mesmo depois de morto, ele voltou na forma de um ser maligno para proteger
sua horta e pomar de invasores, atacando e matando qualquer um que adentrasse
suas terras.
No interior de São Paulo, também
há uma variante desta lenda. Nesse caso, o Corpo-seco é uma criatura que,
semelhante aos vampiros, se alimenta de sangue humano. Portanto, sempre que uma
vítima se aproxima de árvores ou caminha na beira de estradas (que são locais
onde normalmente ele se esconde), ela é atacada e seu sangue sugado. Por outro
lado, o Corpo-seco pode morrer de fome caso ninguém se aproxime dele por um
longo período de tempo, e após sua morte, sua aparência fica semelhante à de
uma árvore seca, passando despercebido a olhares humanos.
Relatos
Há relatos da ocorrência do Corpo-seco
nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Amazonas, Paraná, Amapá, no Nordeste e
Centro-Oeste brasileiro. Em alguns países africanos de língua
portuguesa, segundo relatos de soldados brasileiros veteranos da Terceira
Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola (UNAVEM III), também há
lendas que se assemelham muito a essa.
No estado de São Paulo, o
Corpo-seco é taxado como o falecido Zé Maximiano, morador do município de
Monteiro Lobato (região da Serra da Mantiqueira), morto por assassinato e
conhecido por bater em seus pais. Zé foi enterrado no Cemitério Municipal, porém,
seu corpo foi rejeitado pela própria sepultura e ele passou a assombrar o
local. Diante disso, o padre da cidade achou que seria mais conveniente
transferir o corpo para um local afastado. Então o cadáver foi levado até uma
gruta pelo próprio amigo de Zé, chamado Pedro Vicente. Essa gruta se situava
próxima a um rio, uma vez que, segundo crenças, esse tipo de entidade não
consegue atravessar águas. Durante o trajeto, o corpo de Zé foi colocado em um
balaio, e o padre ainda aconselhou Pedro a levar junto a ele uma vara de
marmelo, para batê-la no defunto caso ele tentasse escapar. Segundo relatos, o
Corpo-seco tentou agarrar o amigo ao longo do caminho, mas foi repelido pelos
golpes de vara que recebeu.
Segundo a população local, o
Corpo-seco aparece na beira do rio nas sextas-feiras à meia noite, pedindo para
ser transportado para a outra margem. Em troca, ele promete revelar a localização
de um tesouro. Enquanto a criatura está sendo transportada, seja em embarcações
ou nas costas da vítima, diz a lenda que meio do curso d'água, a assombração
começa a pesar cada vez mais, afundando e matando afogada a pessoa que o transportava.
Em de agosto de 2005 o jornal
Vale Paraibano, de Taubaté, São Paulo, publicou matéria a respeito do
Corpo-Seco que se esconde há mais de 40 anos em uma gruta na localidade de
Pedra Branca, no município de Monteiro Lobato-SP. O texto alude à informação
dada por Geraldo Periquito, apontado como uma das lideranças da localidade,
segundo a qual a infeliz alma tem até nome: “Ele se chama Zé Maximiano. Um
sobrinho dele já trabalhou comigo. O Zé virou corpo seco porque batia no pai e
na mãe. Conheci ele quando pequeno”.
Em Ituiutaba, município situado
na região do Triângulo Mineiro, há um relato em que o corpo de uma mulher após
ser enterrada no cemitério municipal, foi repelido pela terra várias vezes, permanecendo
no fundo da cova por apenas algumas horas. Dessa forma, ela foi capturada e
levada por bombeiros a uma caverna presente em uma serra ao sul da cidade (que
ficou conhecida como “Serra do Corpo-seco”). Reza a lenda que à noite, quem
passa pela estrada próxima a esse local, consegue ouvir os gritos e lamentações
da criatura ecoando de dentro da caverna. Nesta variação da lenda, a mãe do
Corpo-seco que foi literalmente usada como cavalo pela filha em vida, a
amaldiçoa antes de morrer, fazendo-a transformar nesse ser.
Serra do Corpo-seco, Ituiutaba-MG |
Em Pouso Alegre, também Minas
Gerais, a lenda do Corpo-seco apresenta alguns aspectos semelhantes aos já
citados anteriormente. Em uma família rica, um dos sete filhos, nascido em
1918, era bastante boêmio e sempre arrumava confusão nas noitadas. Quando
chegava em casa brigava com a família, chegando até a montar a sela do cavalo
na mãe em uma das discussões. Tempos depois, ele contraiu uma doença venérea
incurável na boemia. A partir daí ele começou a perder peso e entrar em uma
depressão profunda, já que todos o discriminavam pelo seu aspecto. Diante de
seu quadro clínico, o indivíduo ficou recluso em um casarão até sua morte
quando ele tinha 33 anos de idade. Após ser enterrado no cemitério de Pouso
Alegre, alguns populares afirmaram que ele voltou a vida para assombrar
fazendas da redondeza.
Como acabar com a maldição?
Para que um Corpo-seco seja
purificado, seu cadáver deve ser colocado em um saco e ser levada até a cidade
de Aparecida-SP durante a madrugada. Dessa forma, a maldição sobre esse ser é
cessada.
Ditado popular
Há ainda os que acreditam que o
Corpo-seco, apesar de todas as maldades feitas em vida, teria se arrependido dos
maus tratos feitos à mãe, e por esse motivo, ele castiga todas as crianças que demonstrem
o mesmo comportamento. Por causa disso, surgiu o famoso ditado popular que diz:
"Quem bate na mãe fica com a mão seca".
Mídias
O Corpo-seco já fez aparição em
um filme nacional independente, produzido em Guaratinguetá-SP chamado de “Aconteceu
nos Bottas” (confira a primeira parte do filme no vídeo a seguir. As demais partes podem ser encontradas em https://www.youtube.com/channel/UCr_O3ZQZCDw2Dv1faxe1Oaw). A lenda também foi relatada em um livro de crônicas produzido pelo
blogueiro Airton Chips de Pouso Alegre-MG. Em Ituiutaba-MG, atualmente a
criatura é classificada como patrimônio cultural da cidade.
Referências
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