Gustavo
Valente
✞Uma terrível descoberta✞
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Créditos: William H. Kelly |
Dois dias depois, Frederik J. Benois (um universitário local de 26 anos) também foi até essa mata. Algumas fontes afirmam que ele ia até aquela mata para bisbilhotar garotas que moravam no Good Shepherd School (um colégio interno religioso voltado para meninas problemáticas), situado na margem oposta da estrada Susquehanna. Enquanto caminhava para o seu esconderijo, ele encontrou a fatídica caixa na mata. Ele reparou que aquela era uma caixa de papelão usada para embalar berços. Nela estava escrito “Móvel frágil. Não abrir com faca”. Frederik sentiu-se instigado e logo abriu a caixa. Dentro dela ele encontrou algo que, incialmente, acreditou ser um boneco enrolado em um cobertor de flanela xadrez. Quando ele tentou tirá-lo da caixa, teve uma mórbida surpresa: aquilo na verdade era um cadáver de um garoto.
Inicialmente
Frederik não relatou isso a ninguém. Ele sabia que o que estava fazendo naquela
mata era algo errado. Então ele teve medo de isso causar constrangimento a ele,
ou pior, o envolver naquele assassinato. Mas guardar aquilo somente para si
seria um fardo muito grande a carregar. Então depois dele ver no noticiário que
uma criança estava desparecida na região, ele decidiu confessar tudo isso a
dois padre da sua faculdade (LaSalle College), que os incentivaram a contar às
autoridades.
Para a
polícia, Frederik disse que estava passando pela estrada Susquehanna por volta
das 15h, quando viu um coelho adentrar a mata. Então ele foi atrás do pequeno
mamífero e essa perseguição o levou a encontrar a caixa. Ele foi exaustivamente
interrogado pelos investigadores e submetido a um detector de mentiras para que
fosse totalmente afastado de qualquer suspeita de envolvimento nesse homicídio.
✞Investigação policial✞
24 horas
após Frederik descobrir a caixa com um cadáver de garoto dentro, a polícia foi
até a mata fazer suas averiguações. Chegando ao local, eles encontraram a caixa
de papelão com o corpo de um garoto caucasiano e loiro envolto de um cobertor
em seu interior, conforme descrito por Frederik. Ao retirar a vítima de lá eles
notaram que o corpo estava seco e limpo, e os braços da vítima haviam sido
cuidadosamente cruzados sobre o estômago. Eles também verificaram que existia
uma trilha que terminava na caixa. Provavelmente ela tinha sido arrastada até
ali de algum ponto até aquele local. Seguindo essa trilha, os policias
encontraram um chapéu azul (a 5 metros de onde a caixa havia sido deixada), um
cachecol, um lenço branco com a letra “G”, uma camisa infantil de flanela
amarela, um par de sapatos infantis pretos. Um pouco mais longe, a 400 metros
daquele local, também foram encontrados algumas evidências, como um pedaço de
manta rasgada e manchada, além de um gato morto envolto em um suéter cinza. Digitais
e pegadas também foram encontradas e colhidas no local.
No dia
seguinte, as investigações para tentar identificar a criança ou seus pais
iniciaram. Inicialmente, nenhum registro daquela criança foi encontrado. William
H. Kelly, supervisor da Unidade de Identificação do Departamento de Polícia da
Filadélfia, chegou examinar cerca de 11.200 registros de berçários da região
para tentar identificar aquela vítima. Mas era como se ele nunca tivesse
existido.
Na autopsia
realizada pelo legista Joseph W. Spelman algumas informações importantes foram
obtidas. Estimou-se que a idade da criança era de 4 a 6 anos. Ele tinha 1,03
metros de altura e olhos azuis. Também demonstrava uma desnutrição severa (o
cadáver tinha apenas 13,6 kg, um peso equivalente a uma criança de dois anos e
dois meses). Foi observado que o garoto havia sido circuncisado e ele tinha
três pintas do lado esquerdo do rosto, uma abaixo da orelha esquerda, três do
lado direito do peito e uma pinta grande no braço direito, bem acima do pulso. Suspeitou-se
também que o cabelo da criança era bastante grande e havia sido cortado após
ele ser morto. Seu cabelo estava cortado de forma grosseira e amadora. Além
disso, havia mechas loiras longas grudadas em sua pele. Posteriormente as
análises laboratoriais determinaram que aquelas mechas eram do seu próprio
cabelo, confirmando a hipótese. As unhas dos pés e das mãos também haviam sido
cortadas recentemente. No esôfago havia uma substância amarronzada, assim como
no estômago, que posteriormente seria identificada como feijão. Foi estimado
que ele havia se alimentado cerca de duas a três horas antes de perder a vida
e, provavelmente, vomitou pouco antes da sua morte.
Exames
toxicológicos e microscópicos de sangue e outros fluidos corporais, conteúdo
gástrico, coração, fígado e pulmão foram feitos. Mas nenhum resultado que
determinasse um envenenamento foi obtido.
Quando se
incidiu luz ultravioleta nos olhos foi possível perceber a presença de resíduos
de um corante usado para tratamento de afecções oculares. Um total de sete cicatrizes
foi identificado no seu corpo. Três delas apreciam ter sido feitas
cirurgicamente (no peito, virilha e tornozelo esquerdo). Também havia outras
cicatrizes no lado esquerdo do peito, uma redonda irregular no cotovelo
esquerdo e uma cicatriz no queixo em formato de “L”. Por outro lado, não havia
cicatriz de vacinação e as amígdalas não haviam sido removidas. O menino tinha
um conjunto completo de dentes de leite e também estava com os dentes um pouco
mais largos que o habitual para a idade.
A presença
de um pouco água no pulmão era sugestiva de que ele tinha sido submerso pouco
antes ou pouco depois do assassinato. Corroborando com isso, as palmas das mãos
e solas dos pés estavam enrugadas, indicando que haviam ficado submersos por
algum tempo ainda em vida.
Ao final do
exame necroscópico, a causa mortis
foi determinada como traumatismo craniano, devido a grande quantidade de
contusões do lado esquerdo do rosto. A hora exata da morte não foi possível ser
determinada, uma vez que o corpo estava conservado pela exposição a um frio
rigoroso que estava na Filadélfia nesse período.
✞Em busca de respostas✞
A
investigação não teve nenhum êxito em procurar informações dessa criança em
listas de pessoas desaparecidas nos Estados Unidos nos últimos anos e em registros
médicos de hospitais da região. Pela falta de respostas concretas e pelo ótimo
estado de conservação do corpo, a polícia decidiu apostar em uma estratégia
incomum para tentar localizar algum conhecido. Eles a vestiram com diferentes
roupas e a fotografaram para divulgar as imagens pelas mídias. O pôster
original feito pela polícia local pode ser verificado na imagem a seguir. Entretanto,
ninguém contatou a polícia para reclamar a identidade do garoto.
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Créditos: Tom Augustine |
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Créditos: Temple University Library |
O cobertor
de flanela no qual o corpo foi enrolado também foi analisado. Pela sua dimensão
(193 cm x 84 cm), foi constatado que ele havia cortado. Pelo seu estado de
limpeza, sugeriu-se que ele havia sido lavado recentemente. Também foi
detectado um remendo feito com linha de algodão de baixa qualidade,
provavelmente feito em máquina de costura doméstica. Mas por ser um cobertor produzido nacionalmente
e em larga escala pelas indústrias ‘Beacon Mills’ e ‘Esmond Mills’, era
praticamente impossível rastrear todos os compradores.
O lenço
encontrado no local (aquele que tinha estampado a letra “G”) tinha alguns fios
de cabelo grudados nele. Em laboratório, foi feito um teste químico buscando
comprar aqueles cabelos com os do garoto, mas o resultado foi negativo. A
camisa de flanela amarela e cachecol encontrados na cena do crime tinham
tamanho compatíveis ao da vítima, entretanto não foi possível determinar se
aqueles itens pertenciam a ele ou não. Da mesma forma, o par de sapatos
encontrado tinha dimensões incompatíveis aos pés do menino (no sistema de
numeração de calçados americano, aquele item era do tamanho 1, enquanto os pés
do garoto era do tamanho 8-D). O manto encontrado a 400 metros da caixa tinha o
mesmo estilo e qualidade do cobertor usado para enrolar o corpo da vítima. Logo,
suspeitou-se que ambos tivesse se originado do mesmo pedaço de tecido. No
entanto, a análise laboratorial descartou essa hipótese.
As
impressões digitais e pegadas encontradas no local do crime não levaram os
investigadores a lugar nenhum. Nunca foram encontradas impressões
correspondentes.
Estima-se
que cerca de 300 oficiais se envolveram com o caso e milhões de cartazes com o
rosto do garoto foram distribuídos. Apenas o jornal “Philadelphia Inquirer”
imprimiu 400 mil panfletos com a fotografia e os enviaram junto com as contas
de gás de toda Filadélfia.
✞Suspeitas e teorias✞
Com a falta
de respostas concretas nas investigações, muitas teorias e boatos começaram a
surgir. A maioria delas era infundada e descartas. A primeira hipótese que
surgiu abordava a possibilidade do garoto ser de um orfanato próximo do local
onde corpo foi achado. Essa teoria surgiu quando Remington Bristow, auxiliar de
um legista relacionado à investigação do caso, estava inconformado com a não
solução do caso. Boa parte da sua vida foi dedicada a tentar resolver esse
mistério. Ele chegou a ir até uma médium em Nova Jersey, chamada Florence
Sternfeld, para tentar obter informações. Durante as seções, ela teria dito que
a solução para o mistério estaria em uma casa grande com grades e paredes de
madeira. Ela também afirmou que nessa propriedade havia várias crianças
brincando. Baseado nessa “pista”, um lar adotivo gerenciado por uma família,
localizado a 2,4 km de onde o menino na caixa foi encontrado, foi colocado sob suspeita.
A família proprietária do local era composta pelo casal Arthur e Catherine
Nicoletti, e por Anna Marie Nagle (filha de 20 anos de um casamento anterior de
Catherine). Bristow acreditava que o garoto era filho de Anne e que Arthur
teria cometido o crime para que a moça não fosse vista pela sociedade como uma
“mãe solteira”. Corroborando com a suspeita, em 1961 a família encerrou as
atividades no local e colocou a propriedade a leilão. Bristow participou do
leilão apenas para poder adentrar a propriedade. Ele percebeu que os berços
usados pelo orfanato eram os da ‘JC Penney’ e que havia cobertores em xadrez
pendurados no varal. No local ainda havia um lago, que de acordo com Bristow,
foi o local usado para afogar o garoto. Até em sua morte, em 1993, ele tentou
convencer a polícia que aquela família tinha envolvimento com o caso. Mesmo com
todas essas coincidências, a polícia não conseguiu encontrar evidências
definitivas que comprovassem o crime e nem mesmo associar o garoto na caixa a
algum dos órfãos abrigados naquele recinto. Em 1984, dois detetives conseguiram
entrevistar Arthur, mas nada incriminador foi obtido. Entretanto, Arthur se
contrapôs a ideia de se submeter a um detector de mentiras. Alguns anos depois,
Catherine faleceu e Arthur se casou com a enteada. Em 1998, o proprietário do
orfanato e sua enteada foram entrevistados pelos membros da Vidocq Society (um
grupo privado de policiais e ex-policiais especialistas em resolução de crimes,
sediado na Filadélfia) e pelo tenente da polícia da Filadélfia, Tom Augustine.
Pela falta de evidências, a investigação sobre o envolvimento do lar adotivo no
crime foi encerrada.
Em março de
1957 uma testemunha relatou, após identificar o corpo, ter visto aquele garoto
no colo de um homem durante uma viagem de ônibus que fez da Filadélfia até Nova
Jersey. Ela chegou até desenhar um esboço do homem, mas os investigadores não
tiveram progresso seguindo essa evidência. Nesse mesmo período, a gerente de um
restaurante de Nova Jersey acreditava ter visto o garoto e um homem de 40 anos
em duas ocasiões no restaurante. Ela teria escutado que o garoto pedia
insistentemente para conversar com a “mamãe”, então o homem teria feito uma
ligação interurbana daquele local. Entretanto, durante a investigação não foram
constatadas a realização de ligações interurbanas nos registros daquele
período. Então essa pista também foi descartada.
Posteriormente
uma “teoria da conspiração” surgiu quando um membro de um fórum online chamado
AMW afirmou que conhecia Dianne, uma suposta mulher que frequentava a mesma
escola dos órfãos do lar de adoção. De acordo com ele, Dianne havia lhe
afirmado que a família tinha vários parentes na força policial da Filadélfia, e
por causa disso, várias provas e evidências foram ocultadas. As autoridades
entraram em contato com o responsável pela postagem do fórum AMW buscando
identificar “Dianne”. Entretanto, desculpas sempre eram dadas para impedir que
“Dianne” conversasse diretamente com eles. Após várias tentativas frustradas,
essa ideia foi abandonada e presumiu-se que “Dianne” jamais existiu: tudo
aquilo não passou de uma estória inventada em um fórum.
Em 1961,
outra suspeita foi levantada. O casal Kenneth E. e Irene Adelle Dudley foram
presos em Lawrenceville depois que ambos deixaram a filha de sete anos morrer
de desnutrição. A investigação descobriu que o casal tinha deixado seis dos
seus 10 filhos morrerem de desnutrição. Os corpos eram descartados em vários
estados do sul. Naturalmente, imaginou-se que o garoto na caixa poderia ser uma
dessas vítimas. Mas após uma investigação completa, essa conexão foi refutada.
Em 1965
surgiu uma teoria que abordava a possibilidade do garoto na caixa ser um
imigrante húngaro. Bill Kelly (investigador da Vidocq Society) se apoiava nisso
para explicar porque não existiam registros de seu nascimento nos hospitais da
região, bem como registros da impressão dos pés. Kelly verificou que, em
jornais de 1956, havia reportagens sobre uma onda de imigrantes húngaros que
chegaram à região. Algumas características do garoto (caucasiano e de cabelos
loiros) também eram bem condizentes às características físicas dos húngaros.
Com o auxílio do Serviço de Imigração e Naturalização, Kelly verificou cerca de
11.200 fotos de passaportes de imigrantes húngaros. Ele encontrou uma foto bastante
parecida com a vítima e foi atrás dessa família. Ela foi localizada no estado
da Carolina do Norte. Entretanto, a criança suspeita ainda estava viva e essa
teoria foi deixada de lado.
Um soldado
da Filadélfia chamado Edward J. Posivak também foi colocado como suspeito
durante uma investigação sobre o desaparecimento de sua namorada. Quando os
investigadores foram averiguar seu carro, encontraram vários recortes de matérias
jornalistas sobre o garoto na caixa. Posivak negou qualquer envolvimento com esse
crime e disse que tinha aqueles recortes pois eram notícias de interesse geral.
Entretanto, a suspeita só foi deixada de lado após um extensivo interrogatório
mediante detector de mentira.
Um barbeiro
chamado Max Schellinger contatou a policia, pois acreditava ter cortado o
cabelo de um garoto parecido com aquele, uma semana antes da vítima ser
encontrada. Mas após seguir todas as pistas e informações relatadas Schellinger,
as respostas obtidas foram infrutíferas.
Seis pessoas
distintas chegaram a identificar aquele garoto como “Terry Lee Speece”, que
morava com seu pai Charles Lee Speece, carpinteiro itinerante. A polícia tentou
chegar até Charles, mas o fato dele ser um trabalhador itinerante
impossibilitou que ele fosse encontrado imediatamente. A mãe e avós maternos de
Terry negaram essa teoria quando foram verificar o corpo da vítima. Semanas
depois, Terry foi encontrado junto com seu pai na Filadélfia. Ambos nem estavam
sabendo de todo esse reboliço envolvendo eles.
Uma ligação
anônima foi feita para o departamento de polícia da Filadélfia em 1999. O
interlocutor afirmou que conhecia uma mulher que na época do crime morava a
poucos quilômetros da área onde o garoto foi encontrado. Ele afirmou que essa
mulher tinha um filho da mesma idade da vítima e que essa criança tinha
misteriosamente desaparecido. Entretanto a investigação policial rapidamente
comprovou que a criança havia “sumido” na época porque a família se mudou
daquele local.
Outro
informante anônimo chegou a vender para a polícia uma suposta foto ante mortem daquele garoto enrolado em
um cobertor de flanela xadrez. Apesar da incrível semelhança, mas mais uma vez
a possibilidade de resolver o caso foi frustrada quando os investigadores
conseguiram localizar o garoto da foto.
Em dezembro
de 1999 um informante anônimo contatou o site America's Unknown Child e a
Vidocq Society para relatar que, na época do crime, sua família alugou uma casa
na Filadélfia para uma família muito reservada. Os inquilinos teriam ficado na
casa por nove meses e se mudado repentinamente logo após a descoberta do corpo
do garoto. Eles saíram de lá tão as pressas que deixaram vários itens pessoais
no local (incluindo peças de vestuário infantil) e até mesmo restos de comida
na mesa de jantar. A investigação determinou que essa família realmente tinha
uma criança, mas essa tinha apenas dois anos na época, sendo essa idade
incompatível à idade do garoto na caixa. Além disso, ambos os garotos tinham
aparência bem distintas.
Em setembro
de 2000, uma mulher residente de Michigan notificou a polícia, pois acreditava
que era vizinha do garoto em 1950, quando morou em Detroit. Por volta de 1957,
esse garoto teria tentado cortar o próprio cabelo e isso enfureceu seu
padrasto. Pouco depois, eles teriam viajado para visitar seus parentes em Kentucky.
Quando eles retornaram, o garoto não estava junto. O padrasto teria alegado que
o garoto tinha sido adotado por um médico de Tennessee. Após uma exaustiva
investigação, foram localizadas as prováveis duas meias-irmãs do garoto que
ratificaram essa estória. Mas após comparar a foto desse garoto com a vítima,
foi comprovado que eles eram pessoas distintas.
Em 2002, uma
mulher de Cincinnati, Ohio, identificada como “M” (que de acordo algumas
fontes, era uma forma de ocultar o nome Martha) se apresentou à polícia e
alegou que sua mãe abusiva teria comprado o garoto de seus pais biológicos em
1954. Ele era chamado de “Jonathan” e sofreu abusos físicos, mentais e sexuais
por dois anos e meio. Em certa noite, Jonathan teria vomitado uma sopa de
feijão que havia jantado no momento em que tomava banho em uma banheira. A mãe
teria ficado transtornada e o puniu com uma agressão muito severa. Depois de
ele ficar inconsciente por bater a cabeça ao chão, Jonathan não teria resistido
e morrido. Essas informações vão de encontro com alguns achados da polícia,
como a presença de feijão no estômago e os dedos estarem enrugados por água. A
mãe de “M” teria ainda cortado o cabelo de Jonathan para tentar esconder sua
identidade. “M” ainda teria ajudado a mãe a desovar o corpo em Fox Chase. Diante
dessa evidência, o detetive Tom Augustine juntamente com investigadores da
Vidocq Society interrogaram “M” por três horas. Ela confirmou toda essas
informações e ainda disse que por ser muito abusado, Jonathan não sabia falar e
era mantido dentro do porão da casa, para que nenhum vizinho soubesse de sua
existência (isso explicaria porque várias testemunhas que frequentaram a casa
de “M” durante sua infância jamais viram um garoto lá). “M” também afirmou que
quando foram desovar o corpo em Fox Chase, um homem parou o carro ao lado do
seu para oferecer ajuda para retirar aquele “embrulho” do porta-mala. Essa
informação corresponde ao relato de uma testemunha em 1957. A ideia inicial de
sua mãe era apenas despejá-lo lá embrulhado no cobertor, mas elas encontraram a
caixa de berço descartada no local e acharam mais prudente oculta-lo dentro
dela. Apesar de ser um relato que não deixava pontas soltas, essa teoria teve
sua credibilidade comprometida uma vez que “M” tinha histórico de doença
mental. Mesmo assim, foi realizada uma exaustiva investigação baseada nessas
novas pistas. Mas após seis meses sem outras informações contundentes, essa
teoria também foi deixada de lado.
Foi cogitado
que ele poderia ser Stephen Craig Dammon, filho de um aviador de Nova Iorque,
sequestrado em 1955 aos dois anos de idade em Long Island. Tanto a idade de
ambos como algumas características físicas (como cabelos loiros e altura) eram
semelhantes, mas tudo isso não passou de mais uma teoria. O exame de raio-X não
revelou a cicatriz de uma fratura óssea que Stephen tinha no braço esquerdo e a
impressão da pegada de ambos eram incompatíveis. Além disso, algumas sardas que
Stephen tinha (principalmente na panturrilha esquerda) estavam ausentes no
corpo da vítima. Outra diferença entre ambos foi determinada pelo exame
necroscópico. O garoto da caixa tinha apresentado os rins normais, enquanto
Stephen tinha um problema de desenvolvimento dos rins de acordo com seus pais.
Em 2003 ainda foi feita uma análise de DNA que determinou de forma conclusiva
que o garoto na caixa não era Stephen.
Também se suspeitou
que ele fosse irmão do marinheiro George Broomall. O próprio George acreditou
nisso após ver o corpo no necrotério. Entretanto, seu irmão foi encontrado logo
depois vivendo na Califórnia. Em 2004, uma família da Flórida contatou o
detetive Tom Augustine alegando serem familiares do garoto da caixa. Entretanto,
a análise de DNA não foi compatível. A família insistiu que aquele garoto era
um familiar desparecido e repetiram a análise por conta própria. Novamente o
resultado foi negativo. Ainda em 2004 uma família de agricultores que moravam
na Virginia também foram colocados sob suspeita, após informações determinarem
que eles moravam próximos à Fox Chase na época do crime e terem se mudado
repentinamente após a vítima ser encontrada. Dizia-se também que a criança mais
nova dessa família teria uma idade equivalente ao do garoto na caixa. O filho
mais velho da família aceitou se submeter ao exame de DNA, mas o material
genético foi incompatível.
O escultor
forense Frank Bender além de criar um busto baseado nas características faciais
da vítima chegou a sugerir que o garoto da caixa poderia ter sido criado como
menina. Por isso seu cabelo teria sido cortado de forma a dificultar qualquer
tipo de identificação. Em 2008, Bender criou um retrato falado de como seria
aquela criança com cabelos longos.
Diversas
outras teorias e suspeitas foram levantadas ao longo do tempo, mas nenhuma
delas se concretizou como uma solução plausível para o mistério. Até mesmo o
Brasil teve relacionado em uma teoria sobre o garoto na caixa! Um ano antes
desse crime, uma criança havia desaparecido durante uma festa de carnaval em
nosso país. Autoridades locais foram contatadas na tentativa de estabelecer
algum tipo de conexão entre os garotos. Mas não houve nenhum êxito na tentativa
de relacioná-los.
✞Enterro✞
Depois de
cinco meses sem nenhum tipo de progresso na investigação, o garoto foi
enterrado como indigente. Em 1998, após uma exumação para extração de material
genético, ele foi transferido para o cemitério Ivy Hill, na Filadélfia. Em seu
túmulo, há diversas flores e ursinhos de pelúcia trazidos pelos populares. Em
sua lápide, ele está identificado como “Criança Desconhecida da América” e nela
anda foi escrito o seguinte epitáfio: “Pai Celestial, abençoe esse Garoto
Desconhecido”.
✞Atualizações✞
Na década de
50 ainda não existia a tecnologia do DNA. Mas 41 anos depois, e 1998, o caso
foi reaberto para realização desse tipo de análise. O corpo do garoto foi então
exumado para coleta de DNA. Após várias tentativas, só foi possível extrair o
DNA mitocondrial do esmalte dos dentes, uma vez que o restante do corpo já
estava bastante degradado. O DNA mitocondrial é uma ferramenta forense limitada,
comparada ao DNA nuclear. A partir do DNA mitocondrial é possível apenas
determinar ou descartar uma relação genética de parte maternal. Por causa
disso, não foram obtidas respostas definitivas na análise do material genético
do garoto.
Em 21 de
março de 2016, o Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas
lançou uma reconstrução facial forense da vítima e o adicionou em seu banco de
dados. Ainda nesse ano, dois escritores chamados Jim Hoffmann e Louis Romano
teriam sido informados que familiares do garoto estariam morando em Memphis,
Tennessee. Eles solicitaram que o DNA do garoto fosse comparado com essa
família em questão, mas na análise foi verificado que não havia nenhuma
conexão.
Em 2018 a renomada
genealogista Barbara Rae-Venter ainda realizou pesquisas buscando resolver o
caso. Barbara ficou conhecida ao conseguir identificado o serial killer
conhecido como “Golden State Killer” usando técnicas de criação de perfil de
DNA. Mas até o presente momento ela não teve êxito em solucionar o mistério do
garoto na caixa.
Grupos
amadores que usam bancos de dados online, como o Doe Network e o Websleuths,
também tentaram sem êxito resolver esse mistério.
✞Ajude a solucionar o mistério - America's
Unknown Child ✞
O site “America's
Unknown Child” foi criado em 1998 por George R. Knowles, que se viu inspirado a
isso ao assistir o programa televisivo “America's Most Wanted”, que transmitiu
um documentário sobre o caso. Esse site é um compilado de todas as informações
que existem acerca do caso. Nele podem ser encontradas todas as principais
matérias jornalísticas que envolvem o caso, a lista de todas as pessoas
envolvidas (investigadores, testemunhas, suspeitos) e fotos reais do caso e dos
indivíduos relacionados. Confesso que não consegui explorar o site em sua
totalidade para escrever essa matéria, dada à quantidade exuberante de
informações que ele trás. Mas caso o leitor anseia por mais informações, o link
do “America's Unknown Child” está presente ao final desse texto.
Além de
todas essas ricas informações, o “America's Unknown Child” funciona como um
canal direto para que testemunhas possam entrar em contato e dar seus relatos e
informações que tem sobre o caso.
✞O garoto na caixa na mídia✞
O mistério
do garoto na caixa foi adaptado e serviu como inspiração para episódios de
algumas séries televisas de investigação, como “America's Most Wanted”, “Cold
Case”, “CSI: Crime Scene Investigation” e “Law & Order: Special Victims
Unit”.
O caso
também foi contado em programas de investigação policial, como “Buzzfeed
Buzzfeed Unsolved” e “NBC 10 Investigators”.
✞Referências✞
America's Unknown
Child à https://bityli.com/oOkNS
Mega Curioso
à https://bityli.com/MSlIK
NamUs à https://bityli.com/hjJFB
Wikipedia à https://bityli.com/dW4Uu
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